sexta-feira, dezembro 22, 2006

Natal e Ano Novo

Hoje de madrugada Salete chega de avião, o vôo de Salvador para Portugal atrasou e ela perdeu todas as conexões, iria chegar aqui às 17h50 (do horário daqui) e agora só vai chegar de madrugada. Mesmo assim, eu e Lu vamos pegar 3 ônibus para estar no aeroporto quando ela chegar.
Amanhã é o aniversário de Lu, vamos fazer um jantar, chamamos só Elmano, um amigo de Lu do trabalho. Desde que Lu conheceu ele, Antônio e Diego (todos de Manaus), eles têm almoçado juntos, conversado bastante e dado muito apoio para Lu. Antes de Antônio e Diego voltarem para o Brasil, nós saímos com eles para um bar, a conversa foi muito boa, dei muita risada, são muito engraçados. Então, como eles não estão mais aqui, só Elmano virá. Infelizmente, as pessoas mais próximas da gente (Sanna e Teea) estarão viajando. Ainda não sei nem o que vamos fazer para o jantar, espero que Salete nos ajude com alguma dica.
No dia 24.12, véspera de Natal, Alelê (Alexandre Amorim), amigo da gente de faculdade, vai chegar em Helsinki. Ele vai passar o Natal e o Ano Novo com a gente. Vai ser bom, iremos colocar todos os papos em dia.
O Natal iremos passar aqui em casa com Alelê, Salete e Elmano. Vai ser massa, trocas de presentes, comida e bebida! Nunca fiz uma ceia de Natal, vai ser a primeira vez que irei preparar, não tenho a mínima idéia, mas vai ficar bom, eu espero. :)
Ontem, peguei algumas dicas com minha mãe. Vamos ver no que vai dar.

Aqui tudo estará fechado nos dias 24.12 (a partir das 13h), 25.12 e 26.12. Deu para perceber que os finlandeses irão curtir beeem esse perído do Natal e nós iremos no embalo também. Eles (e eu também) gostam de estar em família e não tem época melhor do que esta para fazer isso. Então, antes que tudo feche, amanhã de manhã vou lutar com alguns finlandeses por um espaço no supermercado e tentar fazer compras para esses três dias de isolamento.
No dia 26.12 eu, Lu, Salete e Alelê iremos a Estocolmo, teremos um dia só para visitar os principais pontos turísticos de lá. Nem sei ainda o que iremos visitar, mas vou ver isso antes de partirmos.
Na virada de ano vamos ficar em casa também, provavelmente faremos uma ceia e tomaremos vinho. Não sei ainda se iremos sair, depende da empolgação da gente e da temperatura que estará fazendo lá fora.
Talvez eu escreva antes da virada de ano, mas não garanto. Então, vou aproveitar para desejar a todos um feliz Natal e que o próximo ano seja muito bom, com muita saúde e realizações para todos!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Receita da Torta de Espinafre

Essa receita é bem simples, acho que a única dificuldade é achar o ponto da massa, mas para quem já tem experiência em fazer massa de torta ou massa para empadinhas, não vai sentir dificuldade.

Ingredientes para a massa:

Farinha de trigo (compre 1Kg, mas você não vai usar tudo)
1 tablete de manteiga (deve estar em temperatura ambiente, claro que temperatura ambiente daí do Brasil :-) )

Pegue uma tijela grande, misture com mão mesmo o tablete de manteiga e um pouco de farinha. Aos poucos vai acrescentando farinha, sempre misturando e amassando. Essa massa não pode estar seca e esfarinhada (soltando pedaços, se ficar assim acrescente mais manteiga) e nem muito amanteigada, o ponto certo da massa é quando você consegue formar uma bola com a massa sem que ela se despedace. Feito isso, pegue uma fôrma redonda ou retangular do tamanho médio ou pequeno. Pegue um pouco de massa e vai moldando com os dedos a sua torta na fôrma inteira (lembre-se das bordas), não faça uma camada muito grossa, senão as pessoas comerão muita massa e ficarão cheias rapidinho. Se sobrar massa não jogue fora, iremos usá-la para fazer a "tampa" da torta.

Ingredientes para o recheio:

2 maços de espinafre
1 cebola inteira cortada bem pequena
1 colher de sopa de manteiga
1 cubo de caldo de galinha (pode substituir por caldo de legumes também)
3/4 de uma ricota redonda sem sal amassada com garfo (se a ricota tiver sal coloque um pouquinho só de caldo de galinha/legumes para a torta não ficar salgada)
1 gema
sal e orégano a gosto

Tire os caules dos espinafres, só deixando as folhas. Coloque uma panela com água no fogão, quando começar a ferver desligue o fogo e coloque as folhas de espinafre na panela. Elas vão murchar, não se assustem. :)
Depois escorra, junte uns montinhos e corte em tirinhas.

Em uma panela refogue a cebola na mateiga até que a cebola fique transparente, não deixe queimar. Acrescente o espinafre e o cubo de galinha/legumes. Deixe cozinhando por mais ou menos 3 minutos. Senão tiver caldo pode colocar um pouco de água, esse recheio não pode ficar seco e nem muito aguado, tem que ficar molhado com um pouco de caldo.
Depois disso, acrescente a gema, o orégano e a ricota. Prove e acerte o sal.
O recheio está pronto!

Coloque uniformemente o recheio em cima da massa da torta que está na fôrma.

Agora vamos fazer a "tampa" da torta. Pegue um pedaço daquele plástico fininho que usamos na cozinha para embalar comida. Esse pedaço deve ser do tamanho da sua fôrma. Estique bem o plástico e faça por cima de todo o plástico uma camada não muito grossa com a massa que sobrou. Peça ajuda de alguém para virar o plástico em cima da torta e com muito cuidado vai separando o plástico da massa. Depois de tirar todo o plástico, retire as sobras da massa das bordas e se quiser, pincele uma gema em cima da massa.
Se sobrar massa, faça uma bolinha com a sobra, enrole nesse plástico e guarde na geladeira. Quando você fizer outra torta é só tirar da geladeira, esperar ela ficar molinha de novo e reaproveitá-la na massa.

Torta pronta! Coloque no forno, ela estará pronta quando a gema estiver seca e/ou a torta estiver um pouco escura nas bordas.

Espere esfriar e sirva com uma salada que você goste. Fica muito bom!

Aqui na Finlândia ainda não encontrei ricota redonda inteira e sem sal, só em pedaços de menos de 1/4 de uma ricota e salgada, mas por incrível que pareça essa quantidade dá para a torta inteira. Não sei por que isso acontece, acho que é uma ricota diferente da ricota que comprava no Brasil. Da próxima vez, acho que vou até diminuir a quantidade da ricota para torta não ficar tão salgada.
O espinafre que encontrei aqui vem em uma caixinha já selecionado e sem os caules, uma maravilha! Assim tenho menos trabalho.

Experimentem a receita, eu garanto é muito boa! Cresci comendo essa torta, achando que iria ficar tão forte quanto o Popeye, tadinha de mim, sempre fui tão magrinha, acho que só agora estou conseguindo ficar mais fortinha (gordinha). :o)
Lembro que minha mãe fazia muitas, colocava naquelas fôrmas de alumínio e congelava. Quando ela descongelava uma e servia no almoço, eu comia tudo, sempre estavam deliciosas. Sempre que eu faço essa receita lembro da minha infância lá no Rio de Janeiro, dá uma saudade...lembranças boas...

Como minha mãe foi morar no Rio de Janeiro, junto com meu pai e Yuri, meu irmão, fazia muito tempo mesmo que eu não comia essa torta. Nesse ano lembrei da receita, peguei com minha mãe e levei para uma festa de São João. Fez o maior sucesso, eu só consegui comer um pedaço, o pessoal devorou a torta inteira em menos de 30 minutos.

Desde então, faço sempre que eu posso, é muito boa!

terça-feira, dezembro 19, 2006

Neve e sol

Ontem nevou bem pouco de noite. Hoje o céu está azul, limpo, tem sol, neve e muito frio lá fora, a temperatura nesse momento é de -5°C. Dentro de casa está mais quentinho faz +26°C.
Ontem fazia -2°C na rua, saí sem gorro, minhas orelhas doeram mesmo, nunca senti uma dor como aquela! Me lembrei daqueles malucos que vão escalar montanhas altíssimas e ficam com o nariz, os dedos e as orelhas congeladas, deve doer muito!
Depois dessa experiência, percebi que não dá mais para sair sem o gorro, até uns +5°C dá para aguentar sem, abaixo disso e com vento, gorro na cabeça e se tiver aquele protetor de orelhas, é bom colocar também!


Hoje, neve e sol

Presentes e encontro na casa de Sanna

Como ontem tivemos muitas novidades, achei melhor escrever hoje sobre o nosso fim de semana.
No sábado a gente ia visitar o zoológico de Helsinki, só que acordamos tarde às 11h. Aqui anoitece cedo e por isso não daria para a gente conhecer com calma todo o zoológico. Então, deixamos esse passeio para um outro dia. Saímos de casa às 12h e fomos no Gigantti, uma loja que vende eletrodomésticos, celulares, computadores, TVs e outros coisas eletrônicas. Compramos um headphone para Lu, é um dos presentes de Natal que darei a ele. Vocês podem estar pensando que desse jeito ele já vai saber qual será o presente que ele vai ganhar sem surpresa alguma. Vocês estão certos. Fizemos isso porque descobrimos que ainda não estamos com cabeça para comprar presentes, preferimos facilitar. Então combinamos assim, cada um compra um presente que o outro já sabe e quer nesse Natal e compra mais um presente surpresa menor e baratinho. Não sei se iremos acabar com todo o encanto do Natal transformando os presentes em algo tão pragmático, mas esse ano, como eu já disse, preferimos facilitar.
Além do headphone, compramos também um liquidificador e uma batedeira, foram presentes de Lu para mim, mas esses eu posso usar imediatamente, não vou precisar esperar o Natal para abrir. Depois dessas compras todas, passamos no Iso Omena para almoçar no Chico's. A comida que eu pedi era meio sem sal, sem graça, a de Lu, era boa só que veio pouca comida para o preço que pagamos. Não foi um almoço maravilhoso, mas pelo menos aprendemos quais são os pratos que não devemos pedir de novo.
Voltamos para casa, Lu ficou programando no EOG (Eye of GNOME), um visualizador do GNOME que ele mantém, e eu fiquei arrumando uns papéis e meus livros de receitas. Depois fomos ver um filme "Caminho para Guatánamo", o título original é "The Road to Guantanamo". Pegamos o filme e a legenda na internet, vimos no computador mesmo deitados no sofá (muito melhor do que as cadeiras desconfortantes). O filme é um documentário daqueles que incomoda, quase não dormir depois que o vi. Fiquei meio engasgada, com vontade de mudar o mundo, sair de casa e poder ajudar em alguma coisa, que não sei nem como e nem onde começar. Desde o colégio fazia trabalhos sociais voluntários e na universidade participava de projetos sociais de inclusão digital. Sinto falta disso na minha vida, vou tentar procurar algo desse tipo por aqui, acho que não podemos é ficar parados sem ajudar em alguma coisa, mesmo que seja pequena. Para vocês ficarem com vontade de assistir o filme, vou colocar aqui a sinopse.
Sinopse de "Caminho para Guatánamo": História real de três cidadãos britânicos seguidores do islamismo viajam ao Paquistão para um casamento e acabam na prisão norte-americana de Guantánamo. Lá ficam presos por dois anos sem serem acusados de crime algum.
Se você se revolta com injustiças e guerras em geral, eu sugiro que assista quando estiver se sentindo bem com você, porque é um filme forte, mas vale à pena assistir. Depois do filme, ficamos um bom tempo sem dormir, até que nos cansamos de ficar acordados e dormimos.
No domingo acordamos tarde às 11h, preparei feijão com arroz para o almoço. Logo depois do almoço, Lu ficou programando no EOG, pois tinha algumas pendências importantes para fazer, eu fui no supermercado comprar os ingredientes para o encontro na casa de Sanna. Eu tinha combinado com Sanna que levaria uma torta de espinafre. Sanna é vegetariana e por isso substitui o caldo de galinha por caldo de legumes. Voltei para casa e comecei a preparar a torta. A tensão estava na hora que eu colocasse a ricota, esse momento iria definir se a torta ficaria salgada, como da outra vez, ou não. Coloquei um pouquinho de caldo de legumes para não ficar muito salgada e depois acrescentei a ricota ao refogado de espinafre e cebola. Mexi. Provei e pedi para Lu provar. Estava um pouco salgada, não estava como da outra vez, mas deu para comer sem sentir tanta cede. Da próxima vez posso diminuir a quantidade de ricota, assim o sal diminui também. Terminei de fazer a torta e coloquei no forno para assar. Ficou bem bonita, estava prontinha para levar.
Saímos às 18h40, o encontro estava marcado para 19h30 na casa de Sanna em Helsinki, chegamos lá às 19h20, eu acho. Teea já estava lá e o cheiro do "joulutorttu" estava pela casa toda (joulu é natal e tortuu é pastel, ou seja, um pastel doce típico de Natal). Que cheiro bom! A sala tinha algumas velas que davam um clima bem aconchegante. Tiramos nossos sapatos, casaco, cachecol, gorro e luva. Ufa! Quanta coisa!
Ficamos conversando com Teea e Sanna sobre viagens, músicas, inverno e outras coisas mais. Depois Marina e Eduardo chegaram para completar a festa. Marina e Eduardo, casal amigo de Sanna, são paulistas e já estão morando aqui na Finlândia há 1 ano. São pessoas muito gentis e atenciosas. Eduardo veio para cá sem saber inglês e sem emprego, veio acompanhar Marina que foi transferida do Brasil para a Finlândia. Foi bom conhecê-lo, ele passou pelos mesmos problemas que eu estou passando agora. Hoje ele fala inglês e tem planos de encontrar emprego no próximo ano. Eu me senti compreendida conversando com eles e mais aliviada pois percebi que talvez daqui há um ano eu esteja que nem ele, já falando finlandês e procurando um emprego. Assim eu espero...
Foi uma noite ótima, demos muitas risadas com as histórias de adaptação de Marina e Eduardo, dos inúmeros convites negados para irem a sauna, dos vestiários finlandeses, onde todo mundo fica peladão do seu lado (tanto no vestiário masculino quanto no feminino), comparamos as nossas vidas no Brasil com aqui, falamos do modo de ser dos finlandeses e muitos outros assuntos. Foi muito divertido. Nessa noite pude conhecer e me aproximar ainda mais de Sanna e Teea. São pessoas tranquilas e muito boas.


O encontro na casa de Sanna


Eu e Lu na casa de Sanna


Lu, Sanna e eu


Eduardo, Marina, Lu e eu


Lu, Teea e eu


Só um detalhe essas fotos acima foram tiradas da máquina de Marina, ficaram ótimas! Valeu Marina!

Comemos os pastéis doces de Sanna. Estavam muito saborosos, vou pedir a receita para ela. Minha torta fez sucesso, não sei se o sucesso foi verdadeiro, sei que tem uma pontinha de educação, mas estava boa. Tomamos gögli, uma bebida quente servida nesse período de inverno, muito bom! Vou pegar a receita do gögli de novo com Sanna para fazer quando Salete estiver aqui.


Pastéis doces (à esquerda), torta de espinafre (à direita)
e as canecas com gögli



Na saída Sanna deu um presente de Natal para a gente e para Marina e Eduardo, uma casinha de biscoitos que é montada com açúcar derretido, vamos ver se a gente consegue montá-la até o Natal. Agradecemos pela noite maravilhosa e nos despedimos dela. Saímos da casa de Sanna às 22h, no caminho nos despedimos de Marina e Eduardo e fomos conversando com Teea até chegar na estação de trem, onde ela ficou para voltar para casa. Eu e Lu pegamos o nosso ônibus e chegamos em casa com a alma tranquila.
Talvez ainda nessa semana, antes de sexta-feira, a gente se encontre de novo para patinar no centro, vamos tomar muitas quedas, mas vai ser divertido!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Segunda-feira com muitas novidades

Hoje o dia amanheceu bem mais frio do que os outros dias. Agora está fazendo -2°C e pela previsão meteorológica já devia estar nevando. De manhã nevou bem pouco deixando os gramados esbranquiçados, as ruas escorregadias e o clima bem frio, mas neve mesmo, nada.
Os nossos casacos por enquanto estão aguentando, vamos ver quando a temperatura começar a cair mesmo.

Hoje acordamos cedo às 8h, tomamos café e saimos com Anne às 9h30. Anne tem nos ajudado muito desde que chegamos aqui na Finlândia, ela é a pessoa responsável em dar apoio a nossa mudança, tirar nossas dúvidas em relação às burocracias e costumes finlandeses e, às vezes, acompanha a gente em atividades mais complexas como foi o caso de hoje.
Fomos em dois lugares: um para fazer a nossa identidade filandesa (não lembro o nome do lugar) e o outro (centro de empregos, acho que era isso, não tenho certeza) para me registrar como desempregada.

Os dois lugares ficam no mesmo prédio em Tapiola (bairro de Espoo) só que em andares diferentes. Anne falava com os atendentes e depois nos explicava o que precisávamos fazer, foi assim nos dois lugares.

Primeiro fomos logo para o centro de empregos, preenchi um formulário muito chato que queria saber de toda a minha experiência profissional e que tipo de trabalho eu estou procurando. Escrevi que tinha experiência em desenvolvimento de sites, em ensino universitário (introdução a informática) e queria aprender a cozinhar, a ser chef de cozinha, isso mesmo! Pensei muito esses dias, sabia que teria que escrever em alguma coisa ou dizer a alguém qual é o tipo de trabalho que eu busco por aqui. Sempre senti muita dificuldade em definir o que eu realmente gosto de fazer, ainda é muito difícil. Não sei se vai dar certo, mas eu acho que gosto de cozinhar, de ver a satisfação das pessoas quando eu faço um prato legal. Talvez eu monte um restaurante brasileiro aqui e para isso vou precisar aprender um pouco de administração de restaurantes. Gosto também de organizar, de administrar, talvez nem fique cozinhando, só fique mandando, como diz meu pai. Anne disse que aqui tem uma escola particular que forma chefs de cozinha e possui também linhas de estudo nessa área, vou dar uma pesquisada melhor nisso, talvez me interesse por alguma coisa. Lembro quando eu passava férias em Canoa Quebrada, eu ajudava meu tio Fernando e minha tia Rita no restaurante deles, participava da montagem dos pratos e, às vezes, fazia uns pratos sozinha. Eu aprendi muita coisa lá, mas acho que só terei coragem mesmo de entrar nessa área depois que eu tiver passado por uma escola e um estágio em algum restaurante. Acho que vou procurar algum curso pra fazer nessa escola (depois que souber falar e ouvir bem finlandês) e ver se é isso mesmo que eu quero. Vamos ver o que acontece até lá.

Preenchi o formulário lentamente, o formulário estava em inglês, mas meu inglês como já disse não é bom, cada campo que eu passava pedia ajuda a Anne e a Lu. Depois que terminei de preencher, Anne pegou uma senha e percebemos que iria demorar para nos atenderem. Então, aproveitamos para ir ao outro lugar para saber mais informações sobre a identidade filandesa. Quando tivermos a identidade filandesa não precisaremos levar para todos os lugares o nosso passaporte, aquele troço grande verde que não cabe na carteira e quando a gente mostra para alguém, parece que todo mundo ao seu redor te olha e pensa "ah! você é estrangeiro!". Tudo bem que nossos traços não negam, mas também não precisa escancarar, imagina se tem algum grupo anti-brasileiro por perto, só esperando um mole de um brasileiro? Estou brincando, aqui não tem isso, não, mas que o passaporte é grande e feio, é!

Anne conversou com a atendente em finlandês e ela pediu nossos passaportes e nossa certidão de casamento, traduzida em inglês, para tirar uma cópia. Depois ela devolveu os nossos documentos e entregou para Lu um formulário. Lu preencheu para nós dois e entregou o formulário a antendente. Pronto, rápido e sem fila. Agora, teremos que tirar uma foto para a carteira de identidade e ir na polícia, depois disso a gente tem a nossa identidade filandesa.

Voltamos ao centro de empregos e ficamos esperando sentados, tinha uma pessoa para atender um monte de gente, o serviço era muito lento. Depois de 30min esperando, fomos atendidos. Entreguei o formulário, a atendente pediu meu passaporte e marcou a entrevista para o dia 16.01. Nessa entrevista eles irão avaliar se eu tenho condições de arranjar um emprego, como eu não sei nem finlandês, nem sueco e nem inglês, eu já sei qual vai ser a resposta: eu não tenho nenhuma condição. Por causa disso, é possível que eu consiga o seguro desemprego. Esse seguro desemprego é um dinheiro que vou ficar recebendo enquanto eu estiver no curso e não tiver condições de conseguir um emprego por aqui. Além disso, depois da entrevista (ou durante, não sei ainda) será feito pra mim um programa de integração na Finlândia, visando um único objetivo: encontrar um emprego rapidamente. Achei isso muito massa!

Depois disso tudo, Anne deixou a gente em casa, eu e Lu almoçamos no shopping, depois Lu foi para o trabalho e eu voltei para casa. Hoje, ele deve voltar um pouco mais tarde para casa, vai passar na academia para fazer alguns minutos de bicicleta. Tomara que ele consiga manter um ritmo, vai fazer bem para a saúde dele e talvez perca alguns quilinhos.

Hoje, pela tarde, recebemos uma ótima notícia de Sanna, lembra daquela festa que Lu tocou zabumba? Ele recebeu um convite daquela mesma banda para tocar percussão e zabumba. Ficamos muito felizes mesmo, eu pulei de alegria aqui em casa, liguei na mesma hora para Lu e ele já estava respondendo o email para o pessoal da banda todo empolgado. Isso vai fazer muito bem pra ele, eu sei como a música sempre esteve presente na vida dele e como faz falta. Cada dia que passo penso como foi bom ter encontrado Sanna, ela tem trazido muitas coisas boas para gente. Sanna, valeu de novo!

Como tivemos muitas novidades hoje, amanhã eu escrevo como foi o nosso fim de semana.
Boa semana para todos!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Um dia de sol

Hoje acordei e me deparei com um lindo dia de sol e céu azul, a temperatura é de 6 graus positivos. Acho que vai dar praia. :)


Dia de sol e céu azul


Lá em Salvador tinha sol e céu azul quase todos os dias, aqui é raro, ainda mais nesse período, só agora percebo como isso faz diferença no nosso dia. Até me empolguei, vou levar os lixos que já estavam se acumulando aqui em casa lá para baixo e fazer uma faxina na casa. Talvez de tarde eu faça um bolo de aipim.
Bom dia e muito sol para todos!

Mercados de imigrantes (2)

Vou continuar de onde eu parei no último post. Estava na rua certa, na Hämeentie, e procurava os mercados de imigrantes.
O primeiro que encontrei foi um mercado indiano que vendia produtos africanos. Ele fica na rua Hakaniemen torikatu, uma transversal da Hämeentie, perto do mercadão. Entrei e olhei tudo minuciosamente, dava para fazer isso pois o lugar era bem pequeno. Não era muito variado, mas encontrei folha de louro. Em nenhum supermercado perto de minha casa tinha folha de louro, procurei bastante, mas acho que não é um tempero comum da comida filandesa. Comprei um saquinho. Agora sim meu feijão vai ficar bom!
Na saída perguntei "Do you have dendê oil?", o cara me olhou desconfiado e repetiu "dende oil?", falando assim mesmo sem acento e todo esquisito, pensei "ele não sabe o que é ou eu estou falando errado". Como meu inglês não é muito confiável fiquei com a segunda opção. Ele respondeu que não. Não sei se dava para acreditar nele, coitado, não tinha a mínima idéia que essa maluca estava falando, de qualquer jeito como eu disse no início eu olhei minuciosamente e na seção de óleos não vi nada parecido com dendê. Segui minha caminhada pela rua Hämeentie, vi um mercado japonês/chinês, não consegui identificar qual era a sua nacionalidade, só dava para saber que era oriental. O nome dele é Vii-Voan. Como não estava interessada nos produtos desse tipo de mercado, deixei ele por último. Continuei minha caminhada. Encontrei um mercado tailandês (ou será indiano?) chamado Maharaja. Esse mercado era maior que o primeiro e era mais variado também. Encontrei leite ninho, farinha de tapioca (aquela com bolinhas), aipim, banana da terra, leite condensado, entre outros produtos específicos da cozinha deles. Vi uma garrafa que continha um líquido alaranjado e espesso, me perguntei "é óleo de dendê?", olhei a garrafa cuidadosamente e para acabar com as minhas dúvidas, no rótulo tinha uma foto de um cacho de dendê. Sim, era dendê! Foi assim que descobri que óleo de dendê é a mesma coisa que óleo de palma. Então, eu estava certa, perguntei errado para o cara do mercado indiano, deveria ter dito "Do you have palm oil?" e não "Do you have dendê oil?". Fica para próxima vez que eu voltar lá.
Saí do Maharaja satisfeita, comprei 1Kg de aipim, 1 garrafa de dendê (eu achei a garrafa cara, foi €5, mas como vou usar só de vez em quando, valeu o investimento) e 1 lata de leite condensado. Não encontrei aipim nos supermercados e nem nas feiras. Agora já sei onde encontrá-lo. Leite condensado também não tinha nos supermercados, sabe-se lá porquê.
Quando saí do Maharaja e dei o primeiro passo na rua, senti a chuva batendo no meu rosto, o vento trazia mais chuva e ajudava a me molhar ainda mais. Se não fosse esse vento, estava tranqüilo ficar na rua. Passei no Vii-Voan bem rapidinho, não comprei nada, mas agora já sei onde encontrar ingredientes para fazer qualquer tipo de comida chinesa.
Como já disse estava muito ruim ficar na rua, fui direto para casa. Coloquei €3,60 na máquina para receber meu ticket e fui pegar o metrô. Na estação do Kamppi, uma estação antes da Ruoholahti, a estação que eu iria saltar, entraram os fiscais do metrô no vagão que eu estava, tinha mais fiscais do que passageiros. Pediram para cada passageiro o cartão ou o ticket. Eu prontamente peguei o meu ticket e mostrei para a fiscal. Ela leu e deu um sorriso. Tudo certo, ainda bem!
As pessoas que tinham cartão passavam na máquina que os fiscais traziam nas mãos. Essa máquina conferia se a pessoa tinha registrado sua passagem antes de entrar no metrô.
Chegou na minha estação, desci e fui direto pegar meu ônibus para casa. Usei o mesmo ticket do metrô no ônibus. Antes de ir para casa, passei no supermercado e comprei 2 litros de leite e um saco de pão. Enfim, cheguei em casa cansada e com os braços já doloridos de levar aquela sacola pesada.
Fiquei feliz e orgulhosa de mim por ter conseguido passar um dia sozinha, pegando metrô, falando inglês (meio bizarro mas falei) e comprando coisas novas para casa.
Foi um dia bom!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Mercados de imigrantes (1)

Pensei muito sobre a sugestão de Eulina e concordei com ela, quando eu escrever de mais em um post, vou dividi-lo em partes e durante a semana vou tentar escrever diariamente. Como esse post ficou grande, vou dividi-lo em dois. Vai ser bom, todo mundo vai ficar curioso para saber como terminou. :) Então, vamos lá.
Ontem depois de almoçar com Lu, fui sozinha para Hakaniemi, um bairro de Helsinki, para conhecer os tão famosos mercados de imigrantes onde se acha tudo.
Não gosto de sair sozinha, mas mesmo assim fiz um esforço e fui sozinha mesmo. Aproveitei o ticket do ônibus para pegar o metrô de Ruoholahti (outro bairro de Helsinki) para Hakaniemi.
Eu fico sempre impressionada quando desço a escada rolante da estação de metrô de Ruoholahti, parece que estou indo para o centro da Terra, é a maior escada rolante que já vi na minha vida.
Aqui existe uma regra implícita para escadas e pistas rolantes, se você não está com pressa fique encostado à direita e deixe um espaço para as pessoas mais apressadas passarem. Se você estiver acompanhado e não tiver com pressa, eu sugiro que fiquem um de frente para outro e não um do lado do outro. Isso é eficiente mesmo, ninguém te empurra, você não atrapalha ninguém e todo mundo fica feliz! Percebi que as pessoas faziam isso por aqui e para não levar nenhum empurrão ou ouvir um "dá licença" em finlandês, eu e Lu começamos a seguir essa regra também.
Depois dessa observação importante sobre a regra das escadas e pistas rolantes, vou voltar do ponto que parei, eu no metrô. Logo que saí da escada rolante, chegou o metrô e lá fui eu andando/correndo para entrar e pegar uma cadeira que ficasse estrategicamente perto do percurso que o metrô faz. Não queria passar da estação. Durante a viagem, não tirava o olho das placas que passavam junto com as estações e conferia com o percurso do metrô. Até que chegou a estação de Hakaniemi e saltei, foi uma viagem bem rápida.
Acho que é muito difícil uma pessoa perder sua estação dentro do metrô, mas tudo é possível. Caso você perca a sua estação, é só sair na próxima estação que o metrô parar e pegar um metrô voltando, simples assim.
Sai do metrô meio sem saber para onde eu tinha que andar, vi uma placa indicando a rua que eu estava indo, peguei as escadas rolantes e cheguei na saída. A primeira coisa que vi foi uma praça com algumas barraquinhas. Vi que tinha uma barraca que vendia uns escovões e outras coisas. Na verdade fui andando em direção a barraca hipnotizada pelos escovões, nem vi os outros produtos. O nosso sofá precisava de algumas escovadas, desde o dia que chegou aqui não tinha feito isso pois não tinha como limpá-lo. Perguntei o preço para a velhinha que estava vendendo, ela não sabia falar inglês, mas entendeu a pergunta e apontou para o preço escrito a lápis do lado da escova (€6). Na hora não achei cara, mas dois segundos depois com a escova em uma mão e o dinheiro na outra, eu achei cara, mas era tarde de mais, ela já estava me dando o troco. Como eu disse estava hipnotizada e atordoada com aquele lugar novo e diferente para mim.
Peguei o meu mapa e fui em direção a uma esquina para saber em que rua eu estava. Mas antes de chegar na esquina, vi que algumas pessoas saiam e entravam em um prédio grande vermelho e antigo. Pensei "vou ver o que tem lá dentro".
Esse prédio é um mercadão, tipo o SEASA, mas é todo fechado. No primeiro andar vendem-se comidas, temperos, queijos, carnes, peixes, doces e outras coisas que não consegui identificar. No segundo andar, roupas, enfeites, chaveiros, cartões de Natal e outros tipos de artesanato. Ao lado dessas lojinhas tinha uma da Marimeko, estranho, né? Uma loja tão cara naquele mercadão, muito estranho.
Fiz um tour rápido pelo mercadão, não comprei nada, saí e fui atrás das famosas lojas de imigrantes que tem lá por perto.
Primeiro precisava confirmar se eu estava na rua certa, fui até uma esquina e vi Hämeentie. Estava na rua certa. Foi muita sorte sair do mercado pela porta certa, já que existem várias portas de saída. Eu confesso que fiquei meio perdida lá dentro, com tantos produtos, barracas, portas e escadas, mas consegui sair no lugar certo.
Estava na rua certa, então fui andando devagar, olhando para cada loja, à procura dos famosos mercados de imigrantes.
Vou dar uma pausa aqui, no próximo post eu continuo contando como terminou a minha saga. Fica aí o suspense...

quarta-feira, dezembro 13, 2006

A vida não pára

Os dias tem passado muito lentamente. Tenho ficado em casa no computador e jogando sudoku (outro vício). Quando saio de casa é para ir no shopping e no supermercado. Que vidinha mais ou menos!
Quando saí de Salvador eu estava envolvida com muitas atividades, tinha muitos amigos e amigas e essa mudança ainda está sendo díficil pra mim.
O pior dia da semana é segunda-feira, quando eu percebo que terei uma semana inteira pela frente e sem nenhuma rotina ou atividade para fazer, a não ser levar o lixo para os containers, passar pano na casa, lavar louça, colocar roupa suja na máquina, fazer almoço pra mim, limpar o banheiro, e, é claro, ir no shopping e no supermercado. Estou começando a concordar com Lu quando ele diz que quando começa a semana segunda-feira e terça-feira eu fico mal, quarta-feira estou mais ou menos, na quinta-feira estou um pouquinho melhor, na sexta-feira estou bem, no sábado e no domingo estou ótima, sendo que todo domingo tenho insônia pois eu sinto que a segunda-feira está chegando. E assim, começa o ciclo novamente.
Tenho evitado falar disso aqui no blog, mas achei melhor escrever e desabafar para ver se isso muda.
Nessa última segunda-feira fiquei em casa, não tive vontade nem de sair, só fiquei no computador. Para não sentir a solidão da segunda-feira eu escrevi no blog, isso ocupa meu tempo e me distrai. Ontem fiquei em casa de novo, pensei até em ir no centro de Helsinki, mas me bateu uma preguiça e uma tristeza que desisti. Fiquei no computador de novo e depois fui jogar sudoku no meu quarto. Lu chegou mais cedo do trabalho e com o passar do tempo fui me sentindo melhor, ele estava aqui do meu lado, me fazendo companhia e dando muito carinho.
Fico pensando se eu vou viver nessa solidão por muito tempo, espero que não.
Quando o curso de finlandês começar eu vou conhecer novas pessoas e terei uma rotina de estudo e dedicação, mas até lá, vou ter que esperar.
Acho que tudo isso piora com essa escuridão, nunca pensei que a escuridão fosse mexer comigo. Sinto tanta falta do sol e do céu azul que até sonhei com isso nessa noite.


O dia hoje


Hoje, acordei meio devagar. Daqui a pouco vou almoçar com Lu, é sempre bom vê-lo no meio do dia me dá mais força. Depois do almoço vou tentar dá um pulo no centro de Helsinki. Não gosto de andar sozinha, mas vou tentar passear e afastar esse baixo-astral.
Quando estou assim, tento me lembrar de uma música que gosto muito, Paciência de Lenine. Ela me faz lembrar que "A vida não pára, a vida não pára, não! (...) A vida é tão rara (...)" e está aí para ser aproveitada!
Acabo de perceber que realmente não pára, já são 11:25h e tenho que tomar banho para sair. Então, até o próximo post e um ótimo dia para todos!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Feiras de artesanato

Esse fim de semana foi mais tranqüilo, sem festas, sem badalações.
No sábado acordamos às 10h, tomamos nosso café da manhã e saimos às 12h para visitar 3 feiras de artesanato. Antes de sairmos, vimos no mapa que as três feiras eram relativamente próximas uma das outras, então dava para conhecê-las de uma só vez.
A primeira feira que visitamos foi a feira que está montada na praça Esplanade em Helsinki, ela vai ficar lá até o dia 20/12 (talvez a gente volte lá antes de terminar). Uma feira bastante organizada com barracas bem bonitinhas, que parecem casinhas de bonecas. Como era sábado e véspera de Natal tinha muita gente visitando a feira, inclusive a gente! Então para não atrapalhar a passagem, nem empurrar outra pessoa e nem cair em cima de algum carrinho de bebê que pudesse repentinamente aparecer na sua frente, as pessoas formaram duas filas. Não vi ninguém organizando, nem gritando, nem colocando cones para separar as filas ou coisa parecida, simplesmente foram formadas sem ninguém pedir, prevalecendo o bom senso. Uma fila ia em direção ao final da feira (ou início, depende de que lado você entrou na feira) e a outra ia em direção ao início da feira (ou final, como eu já disse é muito relativo). No início tentamos não seguir o fluxo e visitar as barracas em zigue-zague, para não ter que voltar ao mesmo lugar, mas não deu certo. Tinha muita gente e fomos obrigados a seguir o fluxo. Era uma feira silenciosa, mal ouvia as pessoas falando, elas não gritavam e nem falavam alto como nas feiras que estamos acostumados. Só se via um tumulto quando alguma barraca oferecia prova de alguma comida ou doce que estava vendendo e, é claro, lá estava a gente no meio também. Nessa feira se vendia de tudo, luvas, gorros, chaveiros, materiais para casa e cozinha, roupas, enfeites de Natal, enfeites para casa, comidas, doces, pães, bolos e outras coisinhas. Tudo muito bonito e bem trabalhado, compramos 3 descansos para panela feitos com pedaços de madeira e 5 maravilhosos cookies de chocolate com amendoim. E para despistar a fome comemos uma deliciosa lingüiça, daquelas bem grandes, grelhada na hora.


Feira na praça Esplanadi em Helsinki


Eu e Lu na feira na praça Esplanadi


Um ferreiro fazendo na feira os produtos que estava vendendo


Depois seguimos nossa jornada para a segunda feira, a "Square Market", que fica perto de um porto. Essa feira é menor do que a primeira mas é a mais tradicional daqui. As barracas são mais simples e lá se vende roupas, cobertores, gorros, luvas, tapetes, camisas de Helsinki, materiais para casa e cozinha, chaveiros, enfeites de Natal, frutas, batatas, plantas e peixes. Nessa feira compramos algumas blusas e saimos de lá direto para a terceira feira. Estava ficando frio e ventava muito, por isso não queríamos demorar mais na rua.
A terceira feira, a Ornamo Christmas Bazaar, ficava dentro de um salão e tinha muita coisa bonita feita por designers conhecidos daqui da Finlândia, só que como estávamos cansados e com fome, entramos, vimos tudo bem rapidinho e não compramos nada. Agora só no próximo ano.
Saimos da feira e fomos almoçar em um restaurante mexicano chamado Iguana. Eu e Lu ficamos nos lembrando das vezes que fomos no restaurante mexicano Tijuana em Salvador. Momentos muito bons! Descobrimos que os tacos que comemos lá são diferentes do que os tacos que comemos aqui. Eu suspeito que os tacos de lá vieram de dentro de um saco de salgadinhos (Doritos), mas é só uma suposição. Há quem defenda essa idéia fervorosamente.
Pedimos um prato muito apimentado, só percebemos depois das primeiras garfadas. Na hora que a gente escolheu esse prato, Lu leu no cardápio em inglês que era feito com pimentão vermelho, mas na verdade era pimenta vermelha. Conseguimos sobreviver graças às goladas freqüentes no copão de coca-cola com gelo.
Logo após esse almoço picante, passamos no supermercado para comprar algumas coisinhas e depois pegamos nosso ônibus de volta para casa.
Chegamos em casa moídos, tínhamos uma festa de brasileiros às 21h, infelizmente, não tínhamos condições físicas de sair de casa e ir para festa, ficamos em casa descansando, comendo cookie, tomando suco de laranja e vendo CSI (é claro).
No domingo, fizemos um super almoço. Foi a primeira vez que fiz um salmão, nunca tinha preparado nenhum tipo de peixe na minha vida e para nossa surpresa ficou uma delícia! Passamos o final do dia em casa no friozinho vendo filme e comendo cookies, foi muito bom!


Salmão com molho de alcaparras, arroz e batatas sauté


Vou terminar esse post diferente, fazendo uma auto-reflexão do meu blog. Depois do comentário de Eulina (que é uma pessoa sincera e querida), percebi que deve ser cansativo ler meus posts, eu escrevo muito e de uma vez só. Dessa vez tentei escrever menos, pelo visto não consegui. Uma solução que ela me deu foi de diluir o post em mais de um, não sei se eu vou conseguir me segurar para não postar de uma só vez. Sem me pressionar muito, vou tentar mudar esse meu mau costume aos pouquinhos. Talvez eu comece a fazer isso no próximo post, até lá vou pensando sobre o assunto.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Duas festas no sábado

Antes que eu me esqueça, infelizmente, a torta de espinafre ficou salgada. Não sabia que a ricota daqui tinha sal e nem me preocupei em olhar os ingredientes da ricota. No Brasil a ricota tem gosto de nada e acho que nem tem sal, se tem é muito pouco. A torta iria ficar salgada de qualquer jeito, antes de colocar a ricota, já tinha posto na panela um cubo inteiro de caldo de galinha que também tem sal (isso eu já sabia). Depois que coloquei a ricota, a qual é o último ingrediente, percebi que estava salgada. Fica aí o aprendizado, da próxima vez diminuo a quantidade de caldo de galinha. Por enquanto, vou comendo a torta com um copão de água do lado.

Como todos sabem já estamos perto do Natal, mas eu e Lu ainda não incorporamos que o Natal está chegando. Talvez porque foram tantas mudanças e saudades que não tivemos tempo para pensar e sentir o clima natalino. Mesmo assim estamos nos esforçando, compramos, na sexta-feira passada, uma árvore de Natal de 1,50m, algumas bolinhas e papéis de presente.


Nossa árvore de Natal


Agora iremos olhar todo dia para ela e assim, nos lembraremos que o Natal está próximo. Aos poucos estamos pensando nos presentes, mas ainda é muito "aos poucos" mesmo. As lojas estão nos ajudando a entrar no clima, agora elas ficarão abertas também durante os domingos até o dia 24/12. Ver o shopping aberto no domingo é até estranho para gente. Já estávamos acostumados a vida comercial finlandesa, a não ter nada aberto no domingo. Em Salvador, os comerciantes trabalham em dia de feriado, domingo e tem períodos que eles até viram a noite trabalhando, aqui isso não acontece. A maioria das lojas ficam abertas de segunda a sexta das 8h até 21h, no sábado das 8h às 18h e agora, no domingo das 12h às 21h. Dia 6 de dezembro é o dia da independência da Finlândia e por isso TODAS as lojas estarão fechadas, não importa que é véspera de Natal, que vai ser um dia a menos para o comércio lucrar, é uma data que deve ser respeitada.
Essa profissão de comerciante deve ser muito cansativa e concordo com os filandeses, os feriados e os domingos são dias que devemos descansar e ficar em casa. Sei que o Brasil é um país completamente diferente da Finlândia, mas eu acho que às vezes existe muita ganância em sempre lucrar, lucrar e lucrar. Posso estar errada, mas é essa a minha sensação.

Como vocês já devem ter reparado é perto do fim de semana que eu escrevo mais, porque são os dias que eu e Lu saimos juntos e fazemos alguma coisa legal. Durante a semana, ele vai para o trabalho e eu fico naquela vidinha mais ou menos aqui em casa, às vezes, vou no shopping ou no supermercado, sem muitas emoções.
Para não fugir do padrão, vou contar o que fizemos nesse último fim de semana. No sábado saimos para duas festas! Duas festas, sim! Acho que estamos virando mais festeiros aqui do que em Salvador. Preparem-se quando nós voltarmos, vamos querer ir para todos os ensaios de banda de pagode, axé, arrocha e o que rolar. Brincadeirinha! Claro que eu acho que estamos saindo muito mais aqui do que a gente saía em Salvador, mas é porque precisamos sair mesmo, conhecer novas pessoas, novos lugares, precisamos nos divertir, senão a tristeza e a saudade nos tomam.

A primeira festa foi com a comunidade brasileira daqui da Finlândia. Pagamos €11 cada um, com este dinheiro ajudamos a pagar o aluguel do espaço (foi em um abrigo anti-bombas, onde uma escola de samba de Helsinki ensaia), comida, copos, talheres e essas coisas básicas. Comemos uma feijoada ma-ra-vi-lho-sa! Valeu Lidi pela delícia de comida! Comi 2 pratões de feijoada e Lu comeu um pouco menos do que eu. Acho que exagerei, mas podem ter certeza, eu estava muito feliz por sentir novamente o gosto do feijão.
Durante a festa conhecemos mais brasileiros e brasileiras, pessoas muito divertidas.


Uma parte da comunidade brasileira na Finlândia


Se você procurou Lu na foto e não encontrou não se desespere, ele não saiu, ele estava tirando a foto. Outras pessoas tiraram a mesma foto e Lu deve ter aparecido, vou tentar consegui-la e depois coloco ela aqui, por enquanto fica essa mesmo. Eu estou na foto, sou a terceira da direita para esquerda, olhem lá, estou meio esquisita. É díficil eu sair bonita em foto, sempre saio desengonçada.

Conversamos com muita gente, mais em especial com Alethea (na foto ela está do meu lado à direita de cachecol preto), ela é de Londrina, e Kim, o marido dela que é finlandês. Um casal muito simpático, eles moram pertinho da gente, vamos tentar manter contato com eles, pessoas muito boas! Outra pessoa que conversamos também foi com Teea (na foto ela está no centro de vestido preto atrás do cara de boné). Ela é finlandesa, morou em Portugal e sabe falar muito bem português, é bastante sorridente e está indo para Salvador nesse fim de ano. Como ela disse, vai para descansar e tomar sol, enquanto nós estaremos aqui nessa escuridão e nesse frio. Quanta diferença!
Durante a festa ouvimos pagode, axé e de vez em quando rolava um forró. Algumas pessoas sabem que Eu e Lu não suportávamos ouvir nem axé e nem pagode lá em Salvador. Todo fim de semana nós éramos acordados com os últimos "hits" de Salvador. Éramos obrigado a ouvir, o som era muito alto e ficava exatamente embaixo da janela do nosso quarto. Não tinha como não odiar! Tinha dias que a gente precisava fechar todas as janelas de casa e colocar o som da TV no máximo para poder ouvi-la. No entanto, quando a gente ouve aqui na Finlândia esses mesmos tipos de música, é uma sensação muito esquisita, de euforia, de se sentir em casa, de felicidade (acreditem!) e, por que não cantar? Só a distância para nos proporcionar isso!
Chegamos às 15h e saimos às 20h, tínhamos que encontrar Sanna às 21h na frente da Stockmann, ela ia nos levar para a outra festa. Passamos no Kamppi, tomamos um café naqueles copos tipo de seriado americano e depois fomos nos encontrar com ela.

Pegamos o tram e fomos para a nossa segunda festa, no caminho conversamos muito, a conversa com Sanna é sempre boa nem vimos o tempo passar. Saimos do tram e fomos em direção ao lugar, quanto mais chegávamos perto mais ouvíamos um som de tambor. Viramos a esquina e vimos uns rapazes sentados na porta do prédio tocando um instrumento de percussão, não sei o nome, mas era dali que estava saindo o som que ouvíamos antes. Entramos no prédio e a festa estava acontecendo em um salão, tiramos nossos sapatos, pagamos a entrada de €5 cada um e guardamos nossos casacos.
Na festa você poderia comer adivinhem...FEIJOADA! Eu não aguentava mas nem sentir o cheiro, ainda não tinha passado um tempo suficiente para eu sentir saudade do gosto do feijão. Nem eu e nem Lu comemos da feijoada, tomamos uma cerveja e só no final da festa, comemos chocolate com amendoim, muito bom!
Foi uma festa impressionante! Logo quando entramos, vimos a maioria das pessoas sentadas conversando e ao fundo nós ouvíamos uma melodia conhecida, era um CD do Trio Nordestino, cantando músicas antigas de forró. Muitas dessas músicas não são nem conhecidas pela maioria dos brasileiros, mas estavam sendo tocadas para os finlandeses que provavelmente tinham dificuldade de entender a letra mas estavam gostando de ouvir a melodia e isso já bastava para eles dançarem e se divertirem. Ficamos emocionados de ver como a cultura nordestina estava presente em todos os lugares daquela festa, na decoração e na música. Que orgulho!


Decoração da festa


Já estávamos felizes só de ouvir o CD, depois ficamos sabendo por Sanna que naquela noite teria duas bandas, uma que tocaria músicas da época do Tropicalismo e outra que iria tocar músicas de forró. Estávamos encantados! Lu disse em um dos seus momentos de euforia "o paroano iria fazer o maior sucesso aqui!", concordo com ele, iria mesmo!
Essa festa foi organizada pela escola de capoeira que Sanna frequenta, foi muito bom saber que as pessoas que ensinam capoeira por aqui, não se limitam só a ensinar a capoeira e sim, a difundir o que nós temos de mais precioso no Brasil: a nossa cultura. Conhecemos 4 mestres de capoeira, dois do Rio de Janeiro, um da Bahia e outro do Ceará, pessoas bastante simples e orgulhosas de serem brasileiras.
A primeira banda tocou e cantou músicas da época do Tropicalismo, algumas de Caetano Veloso e Gilberto Gil, pelo o que eu me lembre. Cantaram até aquela música "Tropicália", vocês acreditam? Se a gente não tivesse lá, também não acreditaríamos, mas a gente viu e ouviu, então podem acreditar! A cantora dessa banda era a mesma cantora da segunda banda. Ela conhece o Brasil e sabe cantar direitinho as músicas em português com o sotaque finlandês. É claro, que às vezes o som de algumas palavras soava estranho, mas no final tudo dava certo e podem ter certeza, foi muito bom ouvir aquelas músicas com sotaque finlandês!
Depois começou a tocar uma bateria de escola de samba. Estávamos em um lugar bem pequeno o som era ensurdecedor, mas todo mundo gostou, dançou e nem se lembrou que tinha tímpanos! Só eu que estava sentada do lado da bateria, tive que tampar um dos meus ouvidos que começou a doer.
A segunda banda tocou só forró, até Falamansa rolou, foi massa! Dançamos muito e todo mundo dançou também, inclusive Sanna! Sanna arrebentou!


A banda finlandesa


Eu na festa


Lu na festa


Sanna, eu e Lu na festa


Só uma breve explicação, as fotos ficaram escuras porque lá não tinha uma iluminação muito boa e nosso flash não é nenhum holofote. Tentei dá uma melhorada no editor de imagem, não ficou muito bom, mas acho que dá para ter uma idéia.

Desde o início da festa, dava para ver que Lu estava doido para tocar, mas ele só teve coragem de pedir para tocar na banda de forró. Tocou uma zabumba improvisada em algumas músicas e adorou. Não é porque é meu maridão bonito, mas ele fez diferença nas músicas, ele sabe tocar muito bem zabumba. Ouvi em um momento ele dizer "que saudade dos xibungos". Xibungos é uma banda de forró improvisada que ele tocava com alguns amigos nas festas do nosso curso de computação lá na universidade. Que saudade mesmo daquela improvisação, daquelas músicas tocadas sem ensaio e das músicas enroladas, pois Lu não sabia as letras completas. Lembro de Vini tocando violão, às vezes no triângulo e no vocal também, de Charles tocando triângulo, de Sandro no violão, de Itaparica na sanfona e de Lu no vocal e na zabumba. Quantas lembranças boas!


Lu tocando zabumba


Você deve estar pensando mas os finlandeses dançaram essas músicas? Dançaram tudo! Na hora do samba, tinha umas finlandesas que sambavam muito bem mesmo, eu ficava me perguntando "como elas aguentam?", eu sei sambar mas não aguento tanto tempo, meu joelho começa a doer. Elas sambaram sem parar durante a apresentação toda que deve ter demorado uns 50 minutos pareciam que estavam ligadas na tomada. Sem contar nos finlandeses que sambavam também, meio desengonçados mas sambavam, sem preconceitos com o estilo de música (é muito difícil ver isso no Brasil, lá os homens tem muita vergonha). Tinha uns finlandeses que dançavam muito bem forró, não sei onde eles aprenderam, mas estavam dançando direitinho. Outros dançavam que nem uns malucos e fora do compasso, eles estavam gostando e isso era que importava. Lá todos tinham espaço pra dançar do jeito que queriam, ninguém ficava rindo ou apontando com dedo dizendo para a pessoa do lado "Ó pá lá!" (traduzindo do baianês para o português brasileiro: Olha para lá, que maluco!).
Foi uma festa muito divertida, com muitas emoções e lembranças boas, obrigado mais uma vez a Sanna por ter levado a gente para um lugar tão legal! Saimos de lá 2h da madrugada, não tinha mais ônibus e nem tram, então resolvemos pegar um táxi para o centro. Eu e Lu ficamos no Kamppi para tentar pegar um ônibus para nossa casa e Sanna seguiu com o táxi para a casa dela.
Quando chegamos na estação do Kamppi, descobrimos que não sairia mais nenhum ônibus de lá, só a partir das 7h da manhã. Fomos andando até a rua que fica atrás do trabalho de Lu e lá conseguimos pegar um ônibus pra casa. Chegamos em casa muito cansados, mas foi um cansaço muito bom.
No domingo acordamos tarde, estávamos com aquela moleza que, geralmente, sentimos depois de uma noite de festa, só saimos mesmo para o shopping que fica aqui perto de casa. Fomos lá para comer aquele delicioso sanduíche no Hesburger e voltamos para casa pra ver CSI. Eita, vício!

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Espinafre e feijão

Esses dias tenho ficado em casa como sempre. Vou me esforçar para mudar essa minha rotina, às vezes é muito chato ficar só no computador e na cozinha comendo alguma coisa, desse jeito desconfio que vou engordar. Eu não gosto de sair sozinha e nem de conhecer lugares legais sem Lu, não tenho com quem comentar e compartilhar a novidade.
Mas prometo que tentarei mudar essa rotina!

Os dias por aqui tem ficado nublados e feios, o sol mal aparece. Quando aparece eu só vejo às 14h e depois se põe às 16h, realmente é muito pouco para uma pessoa que está acostumada com sol o tempo todo. Lu está sentindo mais a falta do sol, é difícil pra ele acordar no escuro. O escuro cansa e as luzes daqui de casa também não ajudam, são fracas. Eu gosto de luzes de 100W só que todas as luminárias que compramos aceitam lâmpadas de até 60W. Acho que teremos que comprar um conjunto de luminárias, colocá-las uma do lado da outra, para poder ter uma casa iluminada de verdade!

Dizem que todos os finlandeses são gentis, mas existem as suas exceções. Alguns motoristas de ônibus, por exemplo, não são tão gentis, eles me olham com uma cara do tipo "o que você quer?", estão zangados com alguma coisa, mas tenho certeza que não estão zangados por causa do trânsito. O trânsito daqui é super tranquilo, todo mundo segue corretamente as leis de trânsito e mal ouvimos uma buzina (eu nunca ouvi, Lu já ouviu uma vez). Para não criar mais nenhum aborrecimento para esses motoristas, eu já aprendi quando eles me olham assim eu entrego o dinheiro e digo "Hei! One, please" (hei = oi em finlandês). Tem ainda alguns casos que eu entrego o dinheiro, digo "Hei! One, please" e eles perguntam alguma coisa que eu ainda não entendi ao certo, mas eu suspeito que seja "você está indo para onde?". Isso acontece, quando pegamos um ônibus dentro de Espoo e esse ônibus vai para Helsinki também. Eles precisam saber para onde eu vou para saber quanto devem cobrar, se será 2,20€ (de Espoo para algum ponto ainda em Espoo) ou 3,60€ (de Espoo para Helsinki). Mesmo sem entender nada, eu digo "Espoo", magicamente dá tudo certo, eles me entregam o troco e o ticket e eu finalizo com "kiitos" (obrigado em finlandês) a nossa longa conversa.
Existem também os motoristas sorridentes e de bem com a vida, para esses não preciso dizer nada só um "Hei!" já é o suficiente para eles pegarem meu dinheiro e entregarem o troco e o ticket, sorrindo, é claro! Sendo sorridentes ou zangados, nenhum deles recebem o dinheiro na mão, eles apontam para uma mesinha que fica do lado deles onde você deve colocar o dinheiro. Eu entendo que fica mais fácil para eles contarem, mas vá fazer isso lá em Salvador, os cobradores te olham com uma cara feia. Lá em Salvador, você deve entregar o dinheiro na mão deles, é mais educado. Vá entender, cada doido com as suas manias!
Por aqui, eu já aprendi então coloco sempre o dinheiro na mesinha sem peso na consciência. Só uma coisa ainda não me acostumei, para qualquer quantia em dinheiro (eu já testei até 20€) eles têm troco. Eu sempre fico receosa de entregar uma nota de 20€ para uma passagem de 3,60€, é trauma soteropolitano. Se eu fizer isso em Salvador, é capaz do cobrador olhar com cara feia e dizer "tsc, espera aí, não tenho troco. Você não tem trocado?". Essa frase eu ouvia muito em Salvador "você tem trocado?", às vezes o cara até tinha troco mas ele sempre quer trocado, é uma maluquice!
Enfim, já entreguei umas 3 vezes essa nota de 20€ e nada me aconteceu, sempre recebi meu troco. Nas primeiras vezes eu ia no supermercado trocar os 20€, comprava qualquer coisa que estava precisando lá pra casa. Até que ouvi Lu dizendo "você não precisa fazer isso aqui, eles sempre têm troco.", me senti mais tranquila.

Ontem fomos no supermercado, demoramos muito menos do que o de costume, pois já sabemos quais são os produtos que devem ser evitados e os que são desejados. O leite que a gente gosta é o normal (entre o leite light e o gorduroso), a manteiga é a com bastante sal (as outras são meio sem sal para o nosso paladar), o arroz não pode ser pré-cozido (esses tipos de arroz não tem gosto de arroz, é um gosto esquisito) e os pães, na maioria, são deliciosos, é difícil errar!
Encontramos feijão preto cru (até agora só tinha encontrado feijão enlatado já cozido) e espinafre no mercado! O feijão é caro por aqui, 500gr por 3,50€, é um absurdo, mas eu adoro feijão! Para o nosso bem, fizemos essa exceção. :)
Com o espinafre vou poder fazer a torta de espinafre de minha mãe que eu e Lu tanto gostamos! Fiquei muito feliz com essas compras!
Aos poucos estamos encontrando os nossos ingredientes brasileiros por aqui. Nesse sábado vamos conhecer a loja indiana que vende alguns produtos da nossa culinária, soube que lá tem dendê, será se eu consigo fazer uma moqueca? Só falta encontrar o leite de côco ou o próprio côco seco para tirar o leite e a farinha de mandioca para o pirão. E é claro, preciso de uma receita de moqueca de peixe e outra receita de moqueca de camarão. Preciso das duas porque dizem que o peixe daqui não é muito bom, vou verificar isso antes de comprar, mas eu já vi camarão no mercado, então pode ser eu teste primeiro com camarão.
Eu e Lu estamos testando as comidas antes de convidar alguém pra jantar aqui em casa. Assim, seremos as cobaias das nossas experiências culinárias e evitaremos afastar uma possível amizade que já é tão difícil por aqui. Alguns pratos que nós fazíamos em Salvador já testamos e ficaram bons como o peito de frango com shoyu e creme de leite, o strogonoff de carne, o strogonoff de frango e o risoto de brócolis (mas acho que depois que Lu passou mal, nem eu e nem ele queremos repetir esse risoto especificamente). Eu achei o creme de leite para comida muito aguado (aqui existem vários tipos de creme de leite, para o café, para doces e outros que variam a porcentagem, que deve ser de gordura ou lactose, ainda não entendi), para não ficar um molho aguado coloco uma colher de farinha de trigo diluída em água para engrossar e aí fica melhor. Ainda não acertei o arroz, às vezes fica bom outras vezes fica ruim, acho que é por causa da boca do fogão que é elétrica e gruda o arroz no fundo da panela antes mesmo dele ficar cozido e secar. Enquanto não acerto, faço arroz escorrido mesmo.
A nossa intenção é convidar algumas pessoas aqui em casa para servir um jantar de comida baiana, para isso precisamos testar antes as receitas e os ingredientes, já que vai ser a primeira vez que faremos comida baiana. A falta do dendê faz isso com a gente, saímos atrás de receitas para poder saciar a nossa vontade de sentir de novo esse gosto tão familiar para nós.
Falando nisso, quando comerem um acarajé, comam com vontade saboriando cada pedacinho e lembrem que existem muitos lugares no mundo que não se pode comer essa delícia!
Agora vou indo testar a torta de espinafre, depois eu digo como ficou.

terça-feira, novembro 28, 2006

Desfile de Natal em Helsinki

Eu e Lu ainda estamos montando nossa casa. Já temos os móveis principais como cama, mesa da cozinha, máquina de lavar roupa e mesa para o computador. Na semana passada, compramos o móvel para colocar a TV, o sofá, um tapete para a sala e as luminárias da casa. O sofá e o móvel da TV só chegarão daqui a três semanas. É muito tempo para esperar, mas a atendente disse que eles não tinham no estoque e a fábrica ainda ia produzir o sofá na cor que a gente escolheu (azul). Então, não tem jeito, teremos que esperar mesmo. As luminárias e o tapete ficaram ótimos, compramos duas luminárias para a sala, uma para cozinha e dois abajur para o quarto. Percebi como luminárias fazem diferença, os ambientes se tornam mais aconchegantes. Se você tiver um dinheirinho sobrando, invista em um abajur, garanto que fará diferença em sua casa.
No sábado passado, fomos comprar a televisão, estávamos determinados a sair da loja com a TV. Quando chegamos na loja percebemos que são poucas as TVs de canhão, a maioria das TVs são LCD de tela plana, algumas com uma qualidade ótima de imagem e outras com uma qualidade muito ruim. É claro que as TVs de canhão são mais baratas, mas a gente quer investir em uma TV LCD com uma boa qualidade de imagem, não precisa ser ótima, já que não temos dinheiro para tanto.
Depois de comparar os preços e as imagens, achamos a nossa TV, só que para comprá-la a gente precisaria dividir em 2 parcelas, uma pagaria na hora e a outra só em fevereiro. Claro que não seria tão fácil assim. A atendente disse que para pagarmos dessa forma, precisaríamos ter histórico de crédito de pelo menos 3 anos! Como estamos aqui só há 1 mês, não deu pra comprar. Fizemos a conta dos nossos gastos e nos convencemos a comprar só em dezembro. Até lá vamos continuar vendo CSI no computador mesmo.
A TV vai me ajudar a não me sentir tão só aqui em casa. Quando morava sozinha em Salvador, chegava em casa e ligava a TV para me fazer companhia e tirar o silêncio da casa. Ela me distraía com imagens, notícias, seriados e filmes. Sei que os canais daqui são todos em finlandês, mas de qualquer jeito vai sair dela som e imagem, isso já basta para eu não ficar ouvindo o ponteiro do relógio e para, às vezes, dar um tempo fora do computador. Os canais em finlandês irão me ajudar quando eu estiver fazendo o curso de finlandês em Janeiro. Se der, no próximo ano, a gente assina alguns canais fechados em inglês mesmo, isso vai me forçar a estudar inglês. Eu acho que a TV também vai ser muito útil para Lu. Ele tem chegado muito cansado em casa e a TV vai ser uma forma dele descansar a cabeça quando voltar do trabalho e sair um pouco da frente do computador também. Em dezembro a gente vai saber na prática como vai ser, mas acho que vai ser bom!
No domingo fomos em um evento lá em Helsinki, na rua Aleksanterinkatu. Essa rua fica no centro de Helsinki, todo ano o prefeito faz um discurso na praça do Senado e simboliza o início do Natal apertando um botão que acende todas luzes que enfeitam essa rua e a árvore de Natal que fica na praça do Senado. Chegamos muito cedo, não tinha quase ninguém na rua e nem na praça, aproveitamos para tirar algumas fotos.


Aleksanterinkatu antes do desfile


Eu na Praça do Senado


Universidade de Helsinki


Lu na Praça do Senado


Catedral Ortodoxa

Depois encontramos o pessoal do UNICEF e fui conhecer Maiju, foi com ela que eu troquei emails. Ela nos levou para outro lugar onde estava a árvore de Natal do UNICEF. Eu pensei que era uma árvore de mentira, como aquelas que a gente compra nos supermercados, mas não era, era um pinheiro bem grande e de verdade (veja a foto abaixo).


Árvore de natal do UNICEF

Antes de chegar na árvore, eu e Maiju conversamos em inglês e quando eu esquecia as palavras, eu pedia ajuda de Lu que vinha logo atrás. Algumas coisas que ela falava eu não entendia, mas ia levando com sorriso e tudo dava certo.
Quando chegamos no local, conheci outras pessoas bastante simpáticas. Maiju me deu um colete do UNICEF e me explicou o que eu teria que fazer: colocar os enfeites na árvore de Natal do UNICEF. Bem simples, né? Para fazer isso tive que tirar a luva pois era muito difícil dar o nó nos fiozinhos dos enfeites com as luvas. Estava ventando e fazendo muito frio, minhas mãos quase congelaram, mas consegui finalizar meu trabalho.


Eu sendo voluntária do UNICEF

Enquanto isso, as outras pessoas do UNICEF distribuíam um outro enfeite com um espaço em branco. As pessoas que estavam passando perto da árvore pegavam esses enfeites em branco, doavam 2 euros por cada enfeite, escreviam uma mensagem e no final pregavam na árvore. Esse dinheiro arrecadado foi destinado a projetos sociais na África. Para minha surpresa muita gente contribuiu.
Depois de fazer todo meu árduo trabalho, entreguei meu colete para Maiju, me despedi de todos e agradeci pela paciência. Maiju me deu alguns cartões para distribuir no caminho para a praça do Senado (a árvore de Natal do UNICEF fica no início da rua Aleksanterinkatu e a praça do Senado no final ou o contrário depende de onde você chega). Foi difícil distribuir os cartões, eu dizia as pessoas "Hei! Visit the Christmas tree!", algumas pessoas paravam e me ouvia, outras simplesmente faziam não com a cabeça, mas eu insistia e dizia apontando para o cartão "It's free!", só assim para elas pegarem o cartão. Desconfio que elas tiveram essa reação pois acharam que eu estava vendendo os cartões ou talvez elas não gostam de serem abordadas dessa forma, sei lá, o que importa é que eu consegui distribuir todos os cartões. :)
Quando chegamos na praça do Senado, o coral estava terminando de cantar, o Papai Noel e o prefeito tinham acabado de chegar e estavam andando em direção ao coral. O prefeito fez o seu discurso, apertou o botão, as luzes se acenderam, não fez muita diferença, ainda estava claro, então não foi muito empactante. Se formos comparar a produção desse evento com a produção do natal do Pelô, o natal do Pelô dá 1000 a 0. Mas valeu ter ido para conhecer.


Coral de Natal em frente à Catedral de Helsinki


Árvore de Natal com luzes acesas


Eu e Lu na Aleksanterinkatu com as luzes acesas

Depois o Papai Noel fez o seu discurso, todos aplaudiram e foram andando em direção a rua e lá fomos eu e Lu sem saber o que iria acontecer ali. Todos estavam parados em pé na calçada e as crianças sentadas no parapeito da rua olhando em direção a praça do Senado. Alguma coisa iria acontecer e aconteceu! Começou um desfile de Natal, passaram uns acrobatas, o coral, o Papai Noel, um caminhão com presentes de mentira, outro caminhão com som, uns dançarinos e umas fadas. Valeu a pena! Quando o Papai Noel passou na nossa frente, o carro dele parou, Lu aproveitou e tirou uma foto dele (vejam abaixo), na mesma hora ele olhou pra gente sorriu e disse "Merry Christmas", foi emocionante!


Papai Noel

Quando terminou o desfile, eu e Lu fomos almoçar e voltamos para casa. Foi um dia muito bom!

Ontem também foi um dia muito bom para gente, nos fez muito bem mesmo! Conhecemos Sanna, ela é uma finlandesa muito alegre e sensível, é difícil encontrar uma pessoa assim por aqui. Ela conhece Salvador e ama a Bahia. Ela foi pra Salvador para trabalhar no projeto Axé e conheceu um outro Salvador que não parece nos cartões postais. Por essa experiência, ela sabe falar bem português e nós conseguimos nos entender muito bem. Ela nos convidou para jantar em um restaurante finlandês "Sea Horse", comer comida finlandesa. O lugar é bem aconchegante, vejam a foto que tiramos lá. A comida estava ótima e a conversa também. Foi uma noite maravilhosa! Vamos com certeza marcar outra coisa logo.


Eu, Lu e Sanna

quarta-feira, novembro 22, 2006

Embaixada Brasileira e Estocolmo

Na segunda-feira acordamos bem cedo, às 8h. Sei que 8h não é cedo, mas como meu referencial ainda é muito brasileiro, quando a manhã ainda está escura, eu acho que é madrugada. O dia por aqui está amanhecendo às 10h (ou seja 8h é madrugada:)) e anoitecendo às 16h. Eu já sinto os dias mais curtos, às 16h, acho que já são 18h e quando são 18h mesmo, acho que já são 20h, até eu acostumar com esse tempo louco tenho que ficar olhando sempre para o relógio para saber se já está na hora de dormir. É uma loucura!
Acordamos "cedo" para ir na embaixa brasileira, tomamos nosso café e fomos até o ponto de ônibus. Quando chegou o nosso ponto, descemos e fomos andando pegar o tram. O tram é um trem que passa nas ruas, ele parece com nossos bondinhos de antigamente, mas ele é mais moderno, é claro! Só que para nossa surpresa não tinha tram no horário que chegamos no ponto e o próximo só iria aparecer de tarde. Decidimos ir andando mesmo. No caminho pegamos uma carona com outro tram e encontramos a embaixada.


Eu e o brasão do Brasil


Lu e o brasão do Brasil


Quando chegamos na embaixada, vimos na parede o retrato de Lula. Como é bom ver um rosto conhecido! :)
Lá na embaixada, nos receberam muito bem. A secretária é uma finlandesa bem prestativa e atenciosa e falava um português bem pausado. Depois chegou uma moça (não lembro o nome dela) que nos cadastrou na embaixada, falou como devemos justificar nossos votos e nos ajudou também a dar entrada na transferência dos nossos títulos para cá. Ela é baiana também! Ficamos felizes de encontrar mais uma representante soteropolitana nessas terras geladas!
Depois da embaixada, Lu foi trabalhar e eu voltei para casa.
Nesse dia Lu tinha levado o resto do risoto para comer no trabalho. Depois que ele comeu o risoto, disse que ficou enjoado, mas mesmo assim, foi fazer seus 30min de bicicleta na Nokia. Chegou em casa enjoado, tomou café e foi tentar dormir. Ele deve ter dormido uns 30 min e só voltou para dormir depois de ir duas vezes no banheiro para vomitar. Fiquei com muito medo dele ficar doente ou ter alguma coisa mais séria. Imagine se ele passa mal? Eu não sei falar uma lasca de finlandês e quase nada de inglês, ia demorar para explicar o que aconteceu, já que teria que ser tudo na base da linguagem universal: a mímica. Não gosto nem de pensar nisso!
Na terça-feira ele acordou melhor e foi para o trabalho. Nos encontramos no final da tarde, fomos descobrir lá na estação de trem onde a gente poderia comprar as passagens para Estocolmo. Descobrimos o lugar, mas já estava fechado. Então, decidimos voltar lá no dia seguinte.
O dia seguinte é hoje. De acordo com nossos planos, fomos comprar as passagens da gente e de Salete. Deu tudo certinho, vai ser nossa primeira viagem, estamos muito ansiosos.
Passagens compradas, eu e Lu fomos almoçar e depois cada um seguiu o seu rumo, eu fui para casa e Lu para o trabalho.
Sempre volto sozinha para casa de ônibus e quando se anda muito de ônibus sozinha, você começa a reparar coisas que você não repararia se estivesse acompanhada. Percebi como as pessoas aqui são silenciosas, até quando estão conversando, elas conversam baixinho, näo é aquela gritaria dos ônibus de Salvador. Sinceramente? Eu prefiro a gritaria, não gosto do silêncio. :)
Percebi também que os ônibus são ótimos para tirar aquela soneca (nesse caso prefiro o silêncio:)). Seria tão bom se tivesse um ônibus desse na época que eu estudava lá no Campo Grande em Salvador e tinha que passar quase 1h dentro do ônibus para voltar para casa. O motor não faz barulho, as ruas não tem buracos, as janelas são fechadas para manter o ambiente bem quentinho e como em cada janela tem dois vidros não escutamos nenhum som de fora (não sei a real utilidade dos dois vidros, acho que deve ser por causa do frio e da neve). É um lugar perfeito para dormir, só dá pra sentir o balanço do ônibus! É muito tranquilo!
Eu nunca dormi no ônibus, pois o trajeto que faço, na maioria das vezes, é curto e não dá sono. Mesmo que desse sono tenho medo de perder o ponto, ser acordada por um finlandês falando várias coisas que não entendo e ficar perdida por aí. Seria quase um pesadelo, só que acordada!
Mudando de assunto, tenho uma boa notícia: recebi a resposta de uma pessoa do UNICEF a respeito de trabalhos voluntários. Ela me convidou para ajudar a montar uma árvore de natal no próximo domingo, lá em uma rua em Helsinki. Parece que no domingo acontecerá alguma coisa nessa rua. Eu e Lu já sabíamos desse evento e tínhamos nos programado para aparecer por lá, o bom é que agora temos mais esse motivo!

domingo, novembro 19, 2006

Feijoada e vatapá

Ontem no sábado, acordamos tarde como sempre e fomos ver pela janela como estava o dia. Foi o dia mais feio que já vi desde quando chegamos aqui. Estava meio nublado, meio com neblina, parecia que o dia ainda não tinha amanhecido. Tenho saudade do solzão de Salvador, mas não sinto nenhuma saudade daquele calor infernal! Gosto mais do friozinho que estamos sentindo por aqui.



Na semana passada, Rosana convidou a gente para uma festa no sábado na casa dela. Ela queria encontrar com algumas pessoas antes de viajar para o Brasil. Essa foto acima foi tirada quando estávamos indo para o supermercado comprar 2 refrigerantes para levar pra festa.
Por falar em supermercado esqueci de mencionar no outro post uma categoria de emprego que não existe por aqui: os empacotadores. Você tem que colocar no saco o que você comprou, isso pode ser visto em qualquer loja, não só em supermercados. Você deve estar pensando mas se eu fizer aquela compra de mês, não vai atrapalhar? Não, não vai. Os finlandeses não empacotam as compras, eles pegam o carrinho e colocam tudo dentro sem saco ou se estão a pé, colocam tudo dentro de bolsas grandes que eles mesmo trouxeram de casa. As pessoas que tem carro levam as compras no carrinho até o bagageiro e colocam em cestas ou caixas de plásticos. Quando chegam em casa só é preciso levar as cestas, eu acho que deve ser mais fácil do que aqueles monte de sacos. No entanto existem sacos pláticos nos supermercados, você pode escolher qual você quiser. Existem 3 tipos de sacos: saco plástico menos resistente como aqueles que colocamos frutas e legumes, saco plástico mais resistente e um saco de papel. Os dois últimos você tem que pagar para usar. Quando a gente lembra, levamos nossa própria sacola de casa e recomendo: leve sua sacola de casa! Vocês podem fazer isso aí no Brasil também. Vamos lá meu povo, o meio ambiente agradece!
Outra coisa diferente que vi nos supermercados daqui é que você mesmo pesa seus legumes e frutas. Cada fruta e legume tem um número associado, você leva a fruta ou legume na balança e procura o respectivo número em um painel com vários outros números, aperta o botão com o número e logo depois sai o adesivo com o valor para você colar no saco. Acho meio atrasado em comparação aos supermercados que frequentava em Salvador, onde tudo era pesado no caixa. Assim não precisávamos fazer todo esse trabalho chato. Tomara que eles mudem logo, acho que vou lá mostrar essa mega solução soteropolitana, acho que vou ficar muito rica e quando isso acontecer vou no Brasil visitar todo mundo! :)
E ainda tem mais, para pegar o carrinho você vai naquelas fileiras de carrinhos, coloca 1€ ou 0,50€ (esse valor depende da loja e supermercado) em um buraquinho no carrinho. Eles ficam presos uns nos outros com uma pequena correntinha e quando você coloca essa moeda a corrente solta do carrinho. Isso é bom, porque força você a devolver o carrinho para a fileira e pegar o seu trocadinho de volta. A moeda sai quando você encaixa a correntinha de volta no buraquinho, só que para isso você precisa de outro carrinho. É assim que vai formando a fileira de carrinhos. Legal, né? Levem essa solução aí pro Brasil, vocês ficarão ricos e poderão vir nos visitar! :)
Depois de todos esses detalhes sobre os supermercados, vou voltar ao assunto desse post: a festa. Lá pelas 17h fomos de carona com Rogério, Paloma, Lucas e Bárbara para a casa de Rosana e Kari. Logo que entramos no carro sentimos aquele maravilhoso cheiro de pão de queijo, eles estavam levando para a festa. Que bom, quantas lembranças de Minas Gerais, de meu pai, da família de meu pai, da família de Lu, das roscas de canela que comia na casa de meus avós, da pamonha, do doce de leite... É muito bom quando algumas lembranças puxam outras. Que saudades!
Demoramos um pouco para chegar na casa de Rosana é um pouco distante da nossa. Logo que chegamos conhecemos Kari, Rosana e as filhas deles, Karolina e Katrina (acho que é com "K"). Eles foram muito acolhedores, foi muito bom conhecer novos brasileiros. Além deles, conhecemos também Andréa (de Manaus), o marido dela filandês e a Nick, filhinha deles, Denise (de Recife) e a filha dela Lavínia, Maria (de São Paulo) e seu marido finlandês e outra Maria (de São Paulo). Conheçam abaixo Rosana, Kari e Karolina.



Rosana preparou uma super refeição brasileira, tinha feijoada, vatapá do Norte (parecido com o vatapá que minha mãe faz), farofa e picanha, tudo uma delícia!



No final da festa, troquei telefones com todos que estavam na festa. Tomara que possamos algum dia reencontrá-los. Todos são muito alegres e calorosos, isso é raro de se ver e sentir por aqui.
É nesses momentos que percebemos o quanto sentimos falta dos nossos amigos e amigas que deixamos lá em Salvador. As relações por aqui são distantes e como diz Lu "são mornas", acho que vão demorar para se concretizarem.
Sei que qualquer início de amizade é assim, mas ainda é muito difícil pra gente encarar isso. Acho que uma parte dessa dificuldade vem de dentro da gente, pois acho que buscamos brasileiros nos europeus e eles não são brasileiros são europeus! São comportamentos e culturas bastante diferentes. Eu confesso, mesmo sabendo disso, ainda espero um dia encontrar uns europeus abrasileirados por aqui.
Hoje, domingo, fez sol de tarde, o dia estava mais bonito do que ontem. Mesmo assim, ficamos em casa vendo Smallville e CSI. Para o almoço, fizemos um risoto de brócolis, vejam na foto abaixo. Ficou muito saboroso, depois eu coloco a receita pra vocês, é bem fácil de fazer.



Risoto me faz lembrar de João (tio de Lu), ele sabe fazer risoto e fez pra gente no ano novo passado, ficava muito bom mesmo!
Agora vou lá no quarto acordar Lu, acho que ele dormiu enquanto eu escrevia.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Minha semana

Ontem fomos assistir um filme com Xan, Sandra e Emma (amiga francesa de Sandra).
Antes de irmos para o cinema encontrei com Lu na frente do trabalho dele e fomos pegar o metrô junto com os colegas de trabalho dele. Estávamos indo encontrar com Xan e Sandra no cinema.
Em relação ao metrô, não posso deixar de comentar uma coisa muito esquisita para quem sempre morou no Brasil: não existe ninguém para cobrar se você está ou não com ticket. Isso mesmo, você compra o ticket em uma máquina e vai pegar seu metrô. Mas se por acaso o fiscal estiver no dia que você passou o calote, você terá que pagar uma multa de 66 €. O ticket vale 2 €, quase nada em comparação a multa, então eu recomendo: compre o ticket.
Lu usou o cartão do ônibus no metrô e eu não precisei comprar o ticket pois já tinha comprado o ticket no ônibus. Esse ticket do ônibus pode ser usado também no metrô e no trem quantas vezes você quiser até 1h10min depois da hora que você comprou. Legal, né?
Quando chegamos no local do cinema, descobrimos que estávamos no cinema errado. Só para esclarecer, não temos nada contra os colegas de Lu, só que eles estavam indo ver um filme em inglês (Borat) e com legenda em finlandês. Eu e Sandra não iríamos entender nada, por isso Lu e Xan acompanharam a gente nesse outro filme mais acessível falado em espanhol.
Pegamos o metrô de novo e fomos para o cinema onde Sandra estava nos esperando. Encontramos com Xan no caminho e enfim, encontramos com Sandra.
Fomos ver o filme Volver de Almodóvar, como já disse é em espanhol e com legendas em finlandês e sueco (ao mesmo tempo!). No geral, achei o filme bem legal, é um filme forte e bonito! Vale a pena assistir! Disse "no geral" porque eu entendia algumas palavras e outras não, mas deu pra entender a essência do filme. :)
Eu fiquei surpresa foi com o tempo de trailler e propaganda que foi mais ou menos 30 minutos, haja paciência!
Uma coisa legal do cinema que fomos (não sei se todos são assim) é que você escolhe a cadeira que quer sentar na hora que compra o ingresso, massa, né? Não precisa se preocupar em chegar primeiro na fila, seu lugar já está guardado. Lá em Salvador, eu só tinha visto isso em teatros, nunca vi em cinemas.
Depois do filme, Emma teve que ir embora e fomos a um restaurante mexicano com Xan e Sandra para comer algo. A comida era muito boa! Logo depois de comer, como já estava tarde, voltamos pra casa. Foi uma noite bem diferente das outras, foi uma boa oportunidade pra conhecer mais Sandra e Xan.
Essa semana não foi muito movimentada. Eu quase não sai de casa, só para ir no mercado comprar comida. Acho que vou engordar desse jeito!
Voltei a fazer meus pontos-de-cruz, tomara que eu consiga terminar a toalhinha que estou bordando já faz um século. Vou seguir os conselhos de minha mãe, nesse fim de semana vou comprar agulha de tricot e lã e tentar fazer alguma coisa com a revista ela me emprestrou. Isso vai ajudar a passar mais rápido meus dias aqui em casa.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Nosso fim de semana

Dessa vez, nosso fim de semana foi mais animado.
No sábado fomos ao centro de Helsinki fazer o nosso primeiro passeio turístico. Até agora a gente não teve tempo para fazer essas coisas, só ficamos em casa, arrumando a casa, passeando aqui por perto, nada muito emocionante. Estávamos determinados a fazer esse passeio no sábado, entäo lá fomos nós com o mapa na mão. Precisávamos do mapa porque nós conhecíamos só uma parte do centro, a parte que envolve dois grandes shoppings o Forum e o Kamppi, foi lá no Fórum que compramos os nossos super casacos e sapatos.
Durante o nosso passeio, tínhamos que consultar o mapa, que terror! Terror não pelo mapa, o mapa era bom e nos ajudou muito, a gente nem se perdeu. Terror pelo frio! Cada vez que tinha que ver o mapa, tinha que fazer bem rápido para minha mão não congelar. Ainda não me acostumei a folear alguma coisa com a minha luva de lã, acho quase impossível. Lu não podia ajudar, perdeu a luva dele para variar. Com o frio que estava fazendo, ele só tirava as mãos dos bolsos do casaco para tirar alguma foto, mas também tinha que ser bem rápido e se a foto não ficou boa, paciência. :)
Nesse passeio conhecemos a praça Esplanadi, é bem bonita, cheia de árvores e esculturas (depois eu coloco algumas fotos). Continuamos andando e encontramos um ponto de informação para turistas. Lá perguntamos como a gente vai para Estocolmo no final do ano. Ficamos sabendo de tudo, agora só falta a grana aparecer para comprarmos as passagens. Também perguntamos se existia algum restaurante brasileiro, a resposta foi negativa, uma pena. Enfim, iremos nos virando com o que tem por aqui mesmo. Pelo menos descobrimos que existe uma discoteca com o nome Copacabana, ficamos sabendo que lá toca de tudo, na verdade não sabemos se toca música brasileira, teremos que ir lá para nos certificarmos.
Ainda no ponto de informação, eu peguei vários livrinhos e folhetos informativos da noite de Helsinki, das outras cidades da Finlândia, do que se faz no inverno aqui na Finlândia e dos restaurantes. Acho que munidos disso tudo, vamos conseguir nos virar por aqui.
Saimos do ponto de informação e seguimos o nosso passeio, encontramos o Market Square, que é uma feirinha de artesanato pequena em comparação com as que temos no Brasil. Não sei se estava pequena por causa do frio ou se ela é daquele tamanho mesmo. Só no verão para podermos comparar.
Como já estava perto da hora do almoço, voltamos para perto do shopping Fórum e fomos almoçar nossa comida preferida: os sanduíches do Hesburguer, são muito melhores que do McDonalds. Depois do "almoço" fomos procurar o tal lugar que ia passar o filme brasileiro "O caminho das nuvens". Foi fácil de encontrar, pensei que seria mais difícil. Perguntamos logo se ia mesmo passar esse filme ou era só lenda e responderam com o DVD na mão que estava confirmado!
Como chegamos uma hora antes, deu tempo para tomarmos café, conversamos sobre tudo e todos, e quando passava uma pessoa diferente perguntávamos "... e esse aí é brasileiro?". Também esperávamos por Xan e Sandra, tínhamos marcado com eles, mas já estava na hora do filme e nada deles chegarem. Ficamos sabendo depois que eles não conseguiram encontrar o lugar. Tudo bem, marcamos outro cinema na próxima quinta-feira, só que vai ser um filme espanhol com legenda em finlandês. Imagine! Será que a gente vai entender alguma coisa? Só indo para saber, de qualquer jeito vamos nos divertir. :)
Quando entramos na sala só tinha eu, Lu, duas senhoras e um cara. O filme não tinha legenda em finlandês era o puro e legítimo português (nordestino).
Não sei se eles entenderam, mas nós entendemos tudo e rimos muito. A sensação de ver um filme brasileiro fora do país é indescritível, é uma mistura de ansiedade, de felicidade, de conforto, de orgulho, sei lá. Foi muito emocionante, nos sentimos em casa!
Depois do filme, passamos no supermercado, compramos algumas delícias e voltamos para nossa casinha quentinha. Zara tinha convidado a gente para um jantar na casa dela. Ela tinha convidado uma amiga brasileira e queria nos apresentar, mas chegamos tão cansados do nosso passeio que só queríamos ver a nossa cama e mais nada. Fica para a próxima!
O nosso domingo foi mais tranqüilo, ficamos o dia inteiro em casa, vendo Smallville e Efeito Borboleta 2. Ver filme aqui em casa ainda é desconfortável, pois ainda não temos sofá, nem TV e nem DVD. Temos que dar nosso jeitinho. Então, um senta na cadeira do computador e o outro na cadeira da mesa da cozinha, colocamos as cadeiras bem juntinhas e assistimos o filme na tela do monitor. Às vezes, começa a doer alguma parte do corpo, mas é só levantar ou se mexer um pouco que pára. :)
A gente até tinha passeio para esse domingo, Xan e Sandra tinham convidado a gente para visitar uma ilha chamada Suomenlinna, como estava nevando deixamos para a próxima semana. Vamos torcer para que o tempo melhore até lá.

domingo, novembro 12, 2006

Diferenças culturais

Se você algum dia pensar em visitar a Finlândia, lembre-se que ao entrar na casa de um finlandês tire o sapato. Mesmo que o chão da casa esteja frio, mesmo que você esteja com aquela sua meia de ursinho. Não tem acordo, tem que tirar. Eu e Lu já fazíamos isso lá em Salvador, nunca gostei de ficar em casa de sapato. Não sei o porquê de tirar o sapato por aqui, mas deve ser para não estragar o piso ou para não sujar a casa, já que o serviço de uma diarista é caro e, provavelmente, eles não estão afim de ficar só limpando o chão, existem outras coisas mais interessantes para fazer. Se por essas razões, concordo com eles e não usamos sapatos dentro de casa também. :)
Outra diferença que percebemos é que eles prezam muito pela coleta de lixo seletiva. Não sei se isso é geral na Europa, como eu só conheço a Finlândia e o meu referencial é o Brasil (Salvador), então já dá pra imaginar quanta diferença. Aqui existem pontos de coleta dentro de shoppings, é muito comum ver um finlandês levando o lixo para dar um "passeio" no shopping. Tem mais, se você for reciclar garrafas e latas, você recebe um cupom que vale uma graninha. Não dá pra ficar rico, é uma recompensa modesta. Já estamos juntando nossas garrafas de coca-cola e cerveja (2), depois eu conto quanto recebemos de grana no total.
Os finlandeses são muito calmos, silenciosos e falam baixo, é muito difícil encontrar um finlandês falando alto, mas caso você encontre, desconfie! Ele, provavelmente, deve ter bebido alguma. E por falar nisso, o alcoolismo é o problema social mais sério por aqui. Quando eles resolvem beber, é beber pra cair. Tem que tomar cuidado porque às vezes ficam violentos. Não existe beber socialmente, tomar "uma" ali no boteco? Acho muito difícil.
Estamos há poucos dias aqui, mas já presenciamos dois casos de pessoas quase caindo de tão bêbadas. As duas foi dentro do ônibus e nos dois casos, foram adolescentes. A primeira foi quando voltávamos para casa e tinha um cara sentado caindo para os lados, eu achei a princípio que ele estava drogado, mas era bebida mesmo. Numa dessas idas e vindas do cara, vimos que ele segurava uma garrafa de vidro e foi assim que tivemos a certeza que ele estava bêbado. Quando o ônibus já estava perto do nosso ponto, o cara que estava sentado do lado dele (não estava bêbado e nem era amigo do bêbado), o acordou, falou algumas coisas em finlandês e ele prontamente desceu do ônibus no mesmo ponto que a gente. Tomara que ele tenha encontrado a casa dele.
A segunda vez foi voltando do jantar na casa de Zara e Carlos. Tinha 2 finlandeses conversando alto e rindo muito no ônibus. Eu falei com Lu: "finlandeses animados!", Lu respondeu, "estão bêbados". Eu olhei de novo para os dois caras e repeti para Lu, "que nada, estão só animados". Quando um deles saiu do ônibus vi que realmente estava bêbado, ele quase caiu quando desceu do banco. Tive que concordar com Lu.
Em alguns lugares por aqui é proibido beber, eu não sei que lugares são esses, como eu não bebo, acho que vou demorar pra descobrir.
Lembrei uma coisa que nos incomodou muito no início, foi perceber como o atendimento é lento. Eles não te atendem enquanto não terminam de atender outro cliente, nem respondem uma simples pergunta, só dizem "wait". Estamos até nos acostumando com isso, não tem jeito, tem que esperar. Acho que estamos ficando tão calminhos quanto eles. :)
Desconfio que o desemprego não é um problema social para eles, existem muitos empregos que no Brasil com certeza existiriam, mas aqui não existem. Por exemplo, no IKEA não existe um cara para pegar a cama que você escolheu lá na loja. Na loja você recebe um papel com os números do corredor e do lote das peças de sua futura cama. Quando você termina de olhar tudo e escolher o que você vai comprar na loja, você se depara com um enorme galpão. Agora mãos a obra! Pegue seu carrinho e vá atrás de sua cama. A maioria das lojas e restaurantes pequenos adotam a filosofia faça você mesmo ou quando não é assim, a pessoa que te atende no caixa, é a pessoa que faz a comida, é a pessoa que limpa o restaurante e é a pessoa que serve. Será que um dia iremos ver isso no Brasil? Eu espero que sim, mas acho que vai demorar...
Duas coisas que eu vi e achei muito diferente do Brasil. Uma é que em qualquer lugar que você vai tem jornal, você pode pegar e não paga nada por ele. A segunda foi ver máquinas que tem jogos de sorte (aquelas que só tem em cassinos) em todo lugar, em bares, restaurantes e supermercados. É muito vício!
É muito difícil ver polícia, eu mesma só vi uma vez um carro de polícia e 2 seguranças no shopping, aqui é bastante seguro. É mais fácil te roubarem do que assaltarem. É muito seguro mesmo. Paloma me contou que um dia ela estava no shopping e viu um carrinho de bebê do lado de fora da loja com bebê dentro, a mãe deixou lá enquanto ela terminava de fazer compras. Imagine se ela fizer isso lá no Brasil?
Soube também por Paloma que as mães por aqui tem costume de deixar o bebê bem agasalhado fora de casa, dentro do carrinho, no frio mesmo. Tem doido pra tudo, dizem que o ar é mais puro e faz bem pro bebê.
E por falar em carrinho de bebê, é muito difícil ver bebê no colo, a maioria ficam no carrinho e nem choram, já estão acostumados. Os ônibus são preparados para os carrinhos de bebê, tem um lugar só para deixar o carrinho e para a mãe sentar. É equivalente ao lugar e a estrutura de elevador que temos no Brasil para as pessoas que usam cadeira de rodas e precisam do ônibus.
Outra diferença, os ônibus não tem cordinha, é só botão, tem botão em todos os lugares, você nem precisa levantar pra apertar que sempre tem um do seu lado.
É claro, não podia esquecer, a grande diferença: o clima. No começo da semana passada, nevou, ventou, choveu e fez muito frio, acho que chegou a -5 graus ou menos. Já perto do final da semana, fez um sol e ficou um pouco mais quente, de +2 graus a +3 graus. Já estamos até sentindo calor. :)
Todos os lugares são aquecidos (ônibus, shoppings, trens, metrôs, casas, lojas, restaurantes, tudo), o país é bem preparado, você só passa frio na rua. A umidade é muito baixa para nós que viemos de Salvador, nossa pele e boca ficam rachadas, temos que ficar cuidando todo o dia e também antes de sair pra rua.
Além de ter que aprender a passar creme todo dia, tive que aprender a olhar a etiqueta de roupa para saber a porcentagem de lã, algodão ou sintético, para não comprar roupa em vão. Aprendemos que a lã esquenta mais, o algodão mais ou menos e o sintético quase nada. Para esse período, disseram pra gente priorizar a lã e o algodão. Estamos seguindo as recomendações direitinho! :)
Acho que ainda iremos nos deparar com algumas diferenças e quando acontecer, vou contar com certeza!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Primeiros dias na Finlândia

É a primeira vez que tenho um blog, vou tentar mantê-lo sempre atualizado. Acho que vai ser uma forma de me distrair e desabafar como está sendo essa mudança pra mim e pra Lu. Vou começar contando como foram os nossos primeiros dias por aqui.
No dia 15 de outubro, chegamos na Finlândia depois de horas e horas dentro do avião. Eu não consegui dormir no avião, Lu de vez em quando cochilava, mas para mim foi muito difícil mesmo! Chegamos mais ou menos às 15h, estávamos exaustos. Encontramos com um finlandês que nos esperava no aeroporto com uma plaquinha "Lucas Rocha", que chique! Entramos na van e fizemos uma viagem do aeroporto até o hotel bem bonita, muitas árvores e muito verde. Quando chegamos no hotel, ficamos "fazendo hora" para dormir no horário certo, isso ajudou a nos acostumar com a diferença de fuso horário. Passamos 11 dias no hotel, nesse período procuramos apartamento, ficamos comendo aquele café da manhã com salmão defumado, pepino, tomate, bacon, umas frutas muito azedas e outras comidas muito esquisitas para dois nordestinos e também, é claro, almoçando sanduíche e, às vezes, pizza. O clima não ajudava, muito frio, vento e chuva e para completar meu sapato estava me apertando, foi horrível! Tivemos que sair um dia só para comprar casacos super potentes, luvas, sapatos confortáveis e impermeáveis e guarda-chuvas. O alívio chegou mesmo no dia 25 de novembro, o dia que saímos do hotel. Não estávamos suportando ficar mais um dia lá, a cama era boa, o chuveiro era muito bom, mas precisávamos fazer a nossa própria comida.
Os primeiros dias em casa foram os piores, não tinha computador, nem internet, nem TV e nem muito menos celular. Lu já estava indo para o trabalho, ele saia cedo daqui e só retornava quase de noite. Eu ficava arrumando e limpando a casa, ia no shopping e depois voltava pra casa. Estava ficando muito triste aqui sozinha. Decidimos sair para comprar logo o computador e habilitar a internet. Aí ficou bem melhor, pude conversar com meus amigos e amigas, pude ver e conversar com meus pais, Yuri, com Chico, Aparecida e Salete. Ah! Como me fez bem!
Por aqui já estamos nos integrando. A primeira pessoa que conheci foi Zara, ela é portuguesa muito alegre, foi comigo fazer um tour pelo supermercado e me levou em um outro mercado mais baratinho. Na sexta-feira passada, 3 de novembro, fomos jantar na casa dela. Conheci o marido dela, Carlos, e os seus dois filhos, Rudi e Roni, eles todos são portugueses, são pessoas muito atenciosas e bastante prestativas. O jantar foi muito gostoso, a torta de limão, hummm, que delícia!
Na quarta-feira passada, conheci Sandra, a namorada de Xan (colega espanhol do trabalho de Lu), e a amiga dela, Laura, as duas são espanholas. Nesse dia, percebi como os latinos se parecem! Combinamos de fazer um curso de inglês em Janeiro e de sair para "bailar" em alguma discoteca em Helsinki. Sandra é mais calminha e Laura bem falante, as duas são muito animadas, leves, muito divertidas, dei muita risada com elas! A conversa foi um pouco complicada, é claro, mas no final a gente se entendeu muito bem, trocamos e-mail e messenger.
Na semana passada, sem querer, conhecemos no supermercado na seção de ciroulas, Rogério, um brasileiro, que veio com a família para a Finlândia também. Ontem, conheci a esposa dele, Paloma, e seus filhos, Lucas e Barbara. Paloma é uma pessoa super tranquila, um astral muito bom. Os filhos uma gracinha! Passamos um dia de madame mesmo, fomos a dois shoppings, comprei algumas coisinhas aqui pra casa, comprei até tapioca, que ela me mostrou, só falta agora um termômetro (sugestão de Paloma). Provavelmente, em janeiro, vamos fazer o curso de finlandês juntas e Barbara vai junto com a gente.
Nesse fim de semana ou no próximo iremos conhecer Rosana, ela é brasileira também. Encontramos no orkut a comunidade "Brasileiros(as) na Finlândia" e vamos a feijoada que eles irão fazer no dia 2 de dezembro.
Estamos aos poucos construindo as nossas amizades por aqui.
Lu está muito empolgado com o novo trabalho dele, era tudo que ele sempre quis, trabalhar com o GNOME e com Software Livre e ser pago por isso. Acho que a maior problema pra ele tem sido a comida do trabalho. Tive que fazer almoço pra ele levar, já que ele não estava conseguindo comer nada por lá.
Ele como sempre tem me ajudado e me dado muito apoio. É muito bom ter ele do meu lado! Esses dias difíceis tem reforçado o quanto a gente se ama. Dia após dia, um ajudando o outro, compreendendo as angústias, cuidando e, é claro, dando muito carinho. É muito bom mesmo!
Na semana passada, encontramos alguns sites com eventos culturais, estamos agora por dentro das "badalações" finlandesas. :)
Nesse fim de semana iremos ver um filme brasileiro "O caminho das nuvens" de graça lá em Helsinki. Acho que vai fazer bem pra gente e, é claro, não vou esquecer de levar alguns lenços de papel. :)
Acho que aos pouquinhos estamos conseguindo nos achar por aqui.