quinta-feira, março 29, 2007

Script de Patrícia e Cássio para ir no Hesburger

Não posso deixar de referenciar o último post do blog de Patrícia e Cássio. Muito útil e muito engraçado.
Se você algum dia vier para a Finlândia e quiser comer no Hesburger, imprima esse post e "tire onda" de finlandês. :)

terça-feira, março 27, 2007

Suomenlinna e minha primeira vez falando finlandês

No último sábado convidamos alguns amigos para nossa casa. Infelizmente, alguns não poderam vir, somente Sanna disse que poderia, então fizemos um lanche só para nós três. Foi ótimo, Sanna trouxe uns aperitivos maravilhosos, umas azeitonas com alho dentro (eu não gosto de alho, mas essas azeitonas estavam muito boas) e pequenas alcachofras no azeite, tempero e sal, muito gostoso mesmo! Para o lanche principal, eu fiz minha tradicional torta de espinafre, que ficou um pouco sem sal, porque dessa vez fiz a massa da torta com uma manteiga com pouco sal ao invés da manteiga com muito sal que sempre usei. Aqui na Finlândia existe a manteiga com muito sal, a manteiga mediana e a sem sal. Eu comprei a manteiga mediana. Conclusão, a torta não ficou tão boa. O pior é que Sanna não tem sorte, ela já comeu duas vezes essa torta, a primeira estava um pouco salgada e na segunda vez estava um pouco sem sal. Espero que ela não desista de provar a torta quando eu fizer de novo, mas prometo que não vou mudar mais os ingredientes. Para sobremesa, Lu fez a torta de maçã, que ficou muito boa com sorvete. Conversamos sobre muitas coisas, bebemos, comemos e depois Sanna teve que ir embora. Antes dela ir, combinamos de irmos juntos para Suomenlinna, no domingo de manhã. Suomenlinna é uma ilha que fica perto de Helsinki, antigamente ela serviu de forte para a Finlândia.


Lu comendo


Sanna


Eu tirando a torta de maçã do forno


O domingo foi um dia muito bonito, o céu azul, sem nuvens e sem vento. Dia perfeito para passear!
Acordamos às 9h, na verdade era ainda 8h, digo isso porque foi nesse dia que começou o horário de verão. Tomamos café com leite e comemos nossos sanduíches e às 11h fomos nos encontrar com Sanna no Kamppi. Ela já tinha ido 2 vezes no Kamppi, a primeira vez ela achou que já era 11h, só que ela percebeu que estava adiantada 1 hora, isso porque antes de dormir ela tinha mudado o relógio do celular para 1 hora a mais, só que o celular dela foi inteligente o suficiente e mudou, automaticamente enquanto ela dormia, para mais 1 hora. Então, o relógio dela estava 1 hora a mais do horário de verão. Na segunda vez que ela foi para o Kamppi, nós já estávamos lá. Tadinha, nem dormiu direito.
Fomos para Kauppatori, fizemos "hora" por lá e depois pegamos o "ferry" para Suomenlinna. Em Suomenlinna, nós andamos, andamos e andamos. Foi um passeio muito agradável, sentir a natureza, o silêncio, respirar ar puro, ouvir os passarinhos e ouvir as ondas batendo nas pedras calmamente. No meio do passeio nós fomos para a beira do mar e montamos nosso piquenique. Tomamos suco de laranja e chá. Comemos biscoitos, salgadinhos e outras coisas. Durante o piquenique, conseguimos ficar sem os casacos, já que não estava ventando tanto e a temperatura estava em torno de +12°C. Foi possível sentir o calor do sol e às vezes, passava um ventinho frio como se estivéssemos perto de um ar condicionado. Estava com saudades de sentir esse calor, não aquele calor de suar, de ficar cansado, com dor de cabeça, mas aquele calor só para aquecer, um calor agradável. Depois do piquenique, voltamos para a entrada de Suomenlinna para pegar o ferry de volta.
Foi um ótimo passeio. Sanna disse que no verão é muito melhor, com certeza, nós faremos esse "sacrifício" e voltaremos lá no verão para ver se é melhor mesmo. :)


Entrada de Suomenlinna


Suomenlinna


Piquenique na beira do mar


Suomenlinna


Eu e Lu em Suomenlinna


Canhão de Suomenlinna


Na semana passada, foi a primeira vez que eu falei finlandês com um estranho. Não podia deixar de registrar isso. Eu precisava carregar meu cartão do ônibus com dinheiro. Antes de ir, perguntei para Patrícia o que eu deveria dizer e o que a antendente poderia falar ou perguntar pra mim. Lá fui eu com tudo gravado, passo a passo. Cheguei no kioski e falei "Hei! Kolmekymmentä päivää, seutu lippu" (Oi! 30 dias, cartão regional Helsinki-Vantaa-Espoo). A antedente pegou meu cartão e perguntou alguma coisa para mim, mas eu não entendi, na hora eu supus que ela queria saber como eu iria pagar. Senão foi isso, ela deve ter me achado uma maluca. Entreguei o cartão do banco e disse "luottokortti" (cartão de crédito), na verdade eu deveria ter dito "pankkikortti" (à vista no cartão), mas ela entendeu o certo e passou o visa electron. Depois, ela perguntou outra coisa, esse foi o momento mais tenso de toda a conversa, a pergunta que ela me fez não estava no script que Patrícia tinha me passado. Eu fiquei imóvel, só fazendo não com a cabeça, foi o máximo que consegui fazer. Ela perguntou de novo, eu continuei calada e fazendo não com a cabeça. Ela desistiu do finlandês, passou para inglês e perguntou "ID? Please". Ah! Agora sim, entendi. Entreguei para ela a minha identidade. Na Finlândia, toda compra feita com cartão de crédito ou no visa electron acima de 50€, é obrigado apresentar a identidade, eu não sabia disso, mas agora eu aprendi. A atendente entregou meus cartões e eu disse "kiitos! hei, hei!" (obrigado! tchau!). Na segunda-feira, encontrei com Patrícia e soube que ela só pagava com dinheiro e por isso, a pergunta sobre a identidade não estava no script. Valeu Patrícia por ter me ajudado! O importante é que eu consegui sozinha alcançar o meu objetivo: carregar meu cartão do ônibus.
Me senti bem de ter conseguido falar alguma coisa e ser entendida, dessa vez não consegui entender o que ela falava, mas acho que da próxima vez vou me sair melhor. Me senti também uma abestalhada quando não consegui responder e nem falar uma palavra, nem "en ymmärrä" (não entendo), mas infelizmente é falando que a gente aprende mais. Provavelmente, existirão outras situações que eu vou me sentir uma completa idiota, mas tenha certeza, idiota ou não, eu não vou desistir, preciso aprender esse idioma.
Agora vou descansar um pouco no sofá e tentar dormir um pouco, esse horário de verão está me matando.

segunda-feira, março 19, 2007

Pizza na casa de Cássio e Patrícia e algumas comprinhas

Fiquei devendo esse post sobre a semana passada. Então, vamos lá.
Na sexta-feira passada Cássio e Patrícia nos convidaram para comer pizza na casa deles. Nos encontramos no S-Market mais ou menos às 19h30. Cássio e Patrícia aproveitaram o dinheiro que ganharam com a reciclagem de algumas garrafas e compraram as pizzas. Massa, né? Ajudamos o meio ambiente e ao mesmo tempo, compramos o nosso jantar. :)
Depois fomos para a casa deles, que fica bem pertinho da nossa casa. Comemos, bebemos, conversamos muito, Cássio e Patrícia mostraram algumas fotos do casamento deles e das viagens que já fizeram. Foi muito bom conhecê-los mais um pouquinho.


Cássio e Patrícia

As pizzas estavam muito boas, as bebidas estavam deliciosas, tudo foi muito bom. Espero que da próxima vez seja aqui em casa.
Voltamos para casa (acho que foi) às 23h e fomos logo dormir. Eu não aguento ficar acordada até de madrugada, fico com sono bem cedo, é isso que acontece comigo quando acordo todo dia às 6:30h.
No sábado, eu e Lu fomos no IKEA comprar um black-out para colocar no nosso quarto, os dias estão amanhecendo cada vez mais cedo e eu não consigo dormir com claridade. Ainda não montamos, estamos esperando Cássio e Patrícia montarem (eles tem um igual) e depois dizerem para gente como foi. :)
Compramos também um quadro, um daqueles genérico (como Lu diz), que vendidos em grandes quantidades, corremos o risco de uma pessoa ir em nossa casa e dizer "eu tenho um igual a esse". Sinceramente, não me importo com isso, quero que nossa casa fique mais bonita. Agora que o colocamos em nossa sala, acho que precisamos comprar mais, as outras paredes, coitadas, estão completamente "nuas", pedindo por quadros. Os próximos quadros serão provavelmente genéricos também, mas serão comprados em lugares diferentes, assim evitamos que uma pessoa diga que tem mais de um quadro igual (aí também é de mais!). Acho que ainda é muito custoso para gente comprar um quadro único, original mesmo, então continuaremos comprando quadros genéricos.
Depois do IKEA, deixamos as compras em casa e fomos almoçar em um restaurante chinês em Helsinki. Quando terminamos o almoço, fomos ao supermercado fazer algumas compras para nossa casa. Enquanto fazíamos mercado, Lu viu uma promoção de televisão e fomos olhar com mais calma. Pensamos, pensamos, fizemos todos os cálculos financeiros para os próximos meses, refletimos sobre nossas próximas viagens, nos certificamos que teríamos dinheiro e enfim, compramos a televisão. Como era a última TV e iríamos levar a TV que estava sendo usada como modelo na prateleira, eles nos deram 10% de desconto. No final, pagamos 540€ pela TV, ficou um preço muito bom mesmo.
É uma ótima TV da Philips widescreen de 26''. Agora podemos ver canais finlandeses, às vezes passa um seriado ou um filme em inglês com legenda em finlandês, um canal francês, BBCNews, outro canal sueco, um canal de esportes e MTV. Estamos pensando em assinar um pacote de canais fechados, por enquanto estamos nos virando com esses mesmo. Às vezes, leio a legenda em finlandês ou tento ouvir alguém falando em finlandês e consigo reconhecer algumas palavras, outras vezes apelo para o inglês. É muito difícil escolher o que é melhor para mim, o inglês ou o finlandês? Os dois ainda são muito difíceis para mim. Então, assisto muito mais o canal de esportes, que não preciso entender exatamente o que o locutor fala, só preciso assistir. Aqui os canais finlandeses são canais públicos e por isso todos que têm TV são obrigados a pagar 200€ por ano para manter esses canais ativos. Soubemos que todos fogem disso e não abrem a porta para o fiscal, os colegas de trabalho de Lu que são finlandeses disseram que não pagam e dizem para gente não pagar também que o máximo que pode acontecer é o fiscal aparecer aqui em casa e nos multar. Eu não gosto de ficar nessa situação, eu prefiro pagar e não ter problema depois ou ter que ficar nessa paranóia de ficar se escondendo de fiscal. Por enquanto, não estamos pensando em pagar por isso, pois temos que pagar a TV primeiro e não dá para ter gastos a mais. Pensaremos nisso depois.
No domingo, ficamos em casa, sem novidades. Fizemos para o almoço panquecas com carne moída, esse prato me faz lembrar da comida lá de casa. Me sinto muito melhor quando como alguma comida parecida com as comidas que minha mãe faz. Esse foi o nosso fim de semana.


Panquecas com carne moída

Hoje, fui para o curso de finlandês debaixo de chuva e neve. Por falar em chuva e neve, por aqui estamos na primavera. Aos poucos a neve está derretendo e já começa a aparecer o verde. Tivemos alguns dias com sol e teve um dia (ou dois) que a temperatura chegou a +9ºC (um calorão! até deu para suar). Hoje está um dia horrível, chovendo e nevando ao mesmo tempo, a temperatura é de +3ºC. Nessa semana a temperatura vai ficar entre +1ºC e +10ºC, está começando a ficar bom, quem diria que eu (friorenta) iria achar +10ºC uma temperatura boa. Tudo é uma questão de costume. Que venha a primavera!

sábado, março 17, 2007

Jogo de hóquei

Como o último post deve ter sido difícil de ler, resolvi escrever sobre as novidades mais alegres, divertidas e saudáveis dessa semana que passou.
Na quinta-feira passada, eu, Lu combinamos com Teea para assistirmos um jogo de hóquei. Encontramos com ela na estação de trem de Helsinki e fomos para o estádio Hartwall Areena. Eu nunca vi um jogo de hóquei, sabia como era mais ou menos, que os jogadores patinavam atrás de uma "bola" achatada preta redonda, mas não sabia as regras (nem eu e nem Lu). Antes de comprar os ingressos, Lu me perguntou "você quer mesmo ir? é um jogo violento, você quer mesmo ir?", eu disse que não tínhamos nada a perder, no mínimo eu iria conhecer um novo tipo de esporte, mas, sinceramente, fiquei com medo de acontecer algum acidente com algum jogador durante o jogo. Logo que encontramos Teea descobrimos que iríamos ver um jogo entre Jokerit (time de Helsinki) e Ilves (time de Tampere). Como moramos mais perto de Helsinki decidimos torcer para Jokerit. Pegamos um trem e quando chegamos no estádio fomos procurar nosso portão. O estádio tem cadeira numerada, então tínhamos que encontrar exatamente o nosso portão, a fileira e as nossas cadeiras. Depois de andar um pouco, acho que demos quase uma volta no estádio, achamos nosso portão e fomos nos sentar. Ainda não tinha começado o jogo e aproveitamos para comprar pipoca e refrigerantes. Depois voltamos para nossos lugares e esperamos começar.
O jogo começa com a apresentação dos 3 juízes que ficam patinando que nem uns loucos e depois entrou o mascote do Jokerit, que lembra um bobo da corte. Começou a sair fumaça de uma bola toda iluminada que descia e girava, assim os jogadores do Jokerit foram apresentados, cada um entrava patinando e apareciam em um filme bem produzido no telão do estádio, todos com pose de modelo e muito machão. Muito esquisito, parecia que a gente estava assistindo um filme sobre jogos de hóquei. O outro time não teve essa produção toda, já que não era o time da casa.
Enfim, começou o jogo e às vezes a gente perguntava a Teea o que estava acontecendo. O jogo é muito rápido, são 3 tempos de 20 minutos, com intervalo entre os tempos de 18 minutos. Durante o jogo sempre tem um jogador trombando em outro, eles quase não caem, é impressionante. É um jogo muito violento, mas ainda bem que nenhum jogador saiu sangrando, talvez alguns tenham se machucado, mas não deu para saber. São 20 jogadores, durante o jogo só pode ficar 5, eles ficam trocando o tempo todo, não precisa parar o jogo para entrar um novo jogador. Isso o torna ainda mais rápido. Quando algum jogador comete alguma falta, ele é punido e fica sentando durante alguns minutos. Quando a falta é mais grave, o goleiro sai do jogo, imagine o desespero.
O primeiro gol que o Jokerit fez, os juízes ficaram com dúvida, se foi gol ou não, então para terem certeza, pararam o jogo e foram ver o vídeo, que passava também no telão para todos verem. Assim, descobriram que não tinha sido gol, a torcida ficou muito chateada, mas essa era a verdade.
Nesses momentos que não tem jogo, por causa de alguma falta ou quando o goleiro pega a bola, a música aumentava e umas meninas tipo líder de torcida dançavam na escada ao lado das cadeiras. Eu achei muito artificial e percebi que ninguém dava muita atenção também. Deve ser tão normal para eles, que eles nem olham mais.
A torcida do Jokerit era a maior, a gente ficou sentado do lado dela. Era a mais agitada, cantava músicas, pulavam, mostravam cachecóis com o nome do time, balançavam as bandeiras e alguns chingavam (é claro), chigamentos que Teea não conseguia nem traduzir. A outra torcida estava em menor número, então não conseguia atrapalhar muito.


Torcida do Jokerit


Jogo Jokerit x Ilves


Nos intervalos a gente saía um pouco para comer, andar um pouco, conversar e depois a gente voltava.
O jogo acabou, o placar foi 2 x 1 para Jokerit, então ele continua no campeonato finlandês de hóquei e segue para as quartas-de-final ou semi-final (não lembro).
Eu e Lu pegamos um trem para voltar para o Kamppi, nos despedimos de Teea que foi pegar outro trem e do Kamppi pegamos um ônibus para casa.


Lu, eu e Teea


Foi bom conhecer um novo tipo de esporte mais de perto, o jogo é muito rápido, às vezes ficava muito perdida, não sabia onde estava a bola, uma confusão de jogador entrando, outro saindo e todos patinando muito rápido. Teea disse que pela TV é mais fácil de acompanhar o jogo, sei não, acho que ainda prefiro o nosso velho futebol.
Amanhã se eu achar um tempinho, eu conto como foi a nossa sexta-feira e sobre o que fizemos hoje.

quarta-feira, março 14, 2007

Dias bem diferentes

Faz alguns dias que não escrevo, estou muito ocupada estudando finlandês, tenho que me dedicar mesmo para conseguir acompanhar as aulas.
Mas esses últimos dias foram diferentes. No sábado passado, eu passei muito mal, senti uma dor muito forte na região do ovário direito. Na hora não sabia se era ovário, rim, útero, barriga, intestino, apêndice, doía muito mesmo! Acordei já sentindo dor, esperei alguns minutos para ver se passava, como não passou, chamei Lu, que ainda estava dormindo. Ele acordou em um pulo só. Tomou um grande susto. Nós nunca tínhamos ficado doentes aqui na Finlândia, nem uma gripe. Logo nos primeiros dias que chegamos aqui, eu tive uma dor de garganta que durou um dia, mas nada mais. Então, não sabíamos número de hospital, para qual hospital ir, o que fazer, se o serviço público era bom, Lu ficou desesperado procurando o número, até que ele achou na internet, ligou para confirmar e chamou um táxi. Lá fomos para o hospital. Quando chegamos eu não conseguia ficar em pé, não tinha ninguém para nos atender, só tinham 2 pessoas na sala esperando para serem atendidas. Até que apareceu um cara para nos atender. Essa espera deve ter demorado uns 5 minutos, mas para mim foi uma eternidade. Lu explicou para ele o que estava acontecendo, ele me cadastrou e disse para Lu esperar. Esperamos, esperamos e nada. Lu foi de novo perguntar porque não me atendiam logo, estava com muita dor, era uma emergência e o cara com seu jeito de ser bem finlandês disse esperem mais um pouco. Tá bom, esperamos, até que ouvi meu nome sendo chamado. Fui para sala da ginecologista de plantão, ela me examinou, fiz os primeiros exames e disse para eu ir para um outro hospital. Pegamos um táxi e fomos para o outro hospital.
Quando chegamos no outro hospital, nós ficamos um pouco perdidos, não sabíamos para onde ir, até que uma santa enfermeira apareceu perguntou se eu era eu e disse que estava esperando por mim. Eles sabiam que eu tinha feito alguns exames no outro hospital e estavam esperando sair os resultados dos exames. Eles demoraram um pouco para me darem um remédio que passasse a dor. Descobri que eles só medicam quando tem certeza do que é, no Brasil se você chega na emergência sentindo dor eles providenciam logo um analgésico. Acho que fiquei umas 4 horas (desde quando eu acordei) só sentindo dor, vomitando e sentindo dor, não aguentava mais. Enquanto isso, eles faziam exames e mais exames. Eu tenho pavor de agulhas, mas nesse momento não estava mais ligando. Até que eles resolveram me dar um remédio, tentaram 2 remédios, os dois não funcionaram, aí tentaram um mais forte (injeção no bumbum) e em poucos minutos o remédio começou a fazer efeito e eu consegui ficar bem (sem dor). Enquanto isso, Lu ligou para Sanna e pediu para ela nos encontrar no hospital para nos ajudar. Ela foi e nos ajudou muito. Os médicos explicavam para Sanna os resultados dos exames e falavam o que estava acontecendo e Sanna traduzia para gente. Os médicos ficaram mais à vontade falando finlandês com Sanna do que inglês com Lu. Claro, é a língua deles, a conversa fluia mais, eles se entendiam bem melhor.
Depois disso, fui internada no hospital, dividi um quarto com mais 2 pessoas, 2 finlandesas, não descobri o que elas tinham, mas também não estava muito preocupada com isso, só queria mesmo que a dor passasse. Logo depois, Sanna foi embora e Lu ficou comigo até 23h. Ele não podia dormir comigo no hospital, porque não tinha cama para ele. Então ele teve que voltar pra casa, mas antes de sair ele me ensinou a dizer as palavras mais importantes para a minha sobrevivência naquele lugar "strong pain" e apontar para o local. Fiquei a noite toda acordando de 3 em 3 horas, quando o remédio deixava de fazer efeito e a dor voltava, chamando a enfermeira e dizendo "strong pain". Ela perguntava se eu queria o remédio e eu consentia. E assim, um dia se passou.
No domingo, Lu chegou bem cedinho, mal conseguiu dormir, tadinho. Fiz mais exames e mais exames, fazia exame de sangue sempre, as enfermeiras não conseguiam mais encontrar minhas veias, elas naturalmente são muito finas, imagine sendo furadas constatemente (desculpe pelos detalhes). Esses exames de sangue eram feitos para verificar se eu estava com alguma infecção mais grave, ainda bem que tudo estava normal.
De tarde, Teea apareceu para me visitar, eu estava completamente dopada do remédio, mal falava, mas gostei muito de ver Teea e do apoio que ela me deu. Ela ficou com a gente um pouquinho e depois foi para o aniversário de Patrícia (que nós perdemos, é claro). Logo em seguida, apareceu um médico e disse que era para suspender as injeções com o forte remédio que estavam me dando, para eles poderem saber onde exatamente eu estava sentindo dor e fazer mais exames. Os médicos ainda não sabiam o que estava acontecendo comigo. Ele tomou a decisão certa, eu já não estava mais sentindo dor. Na hora fiquei um pouco apreensiva, achando que a dor iria voltar ainda mais forte, mas ainda bem que não aconteceu isso.
De noite, descartaram a possibilidade de pedras nos rins e estavam acreditando que era alguma coisa com o meu período de ovulação. Meu ovário direito estava maior do que o normal, parecia que tinha acabado de romper um cisto e por isso eu senti aquela dor. Era uma dor muito mais forte que cólica menstrual. Durante esses dois dias eu e Lu ficamos ouvindo que se a dor não passasse, eles irião fazer uma pequena operação para ver direito o que estava acontecendo com meu ovário. Fiquei com muito medo de perder meu ovário ou outra coisa, mas felizmente essa operação não aconteceu. De noite, começaram a me dar suco e água. Lu ficou comigo até 18h e depois foi pra casa, ele estava muito cansado.
Na segunda-feira ele chegou às 9h30 e eu já estava bem melhor, não sentia mais dor, só estava doendo nos lugares que recebi as agulhadas e meu braço esquerdo, que estava recebendo o soro, doía muito. Por causa dele eu mal consegui dormir de noite. De manhã, antes de Lu chegar, apareceu uma nova enfermeira (todo dia era uma diferente) no meu quarto. Ela falava português, disse que morou um ano em Angola e pediu desculpas por não falar tão bem. Olha só! Pediu desculpas... Ouvir português foi um alívio para mim e ela pedindo desculpas. Falei para ela usando meu português pausado e com palavras simples que meu braço doía muito. Ela me entendeu e tomou a maravilhosa decisão de tirar aquele troço de mim.
Na segunda, tomei banho, me deram iogurte de manhã, no almoço comi um salmão quase sem sal e depois do almoço fui liberada.
O serviço público por aqui funciona muito bem, fiquei impressionada! Todas as enfemeiras, médicos e médicas me trataram muito bem mesmo, fiquei um pouco com medo de ter algum tipo de preconceito por parte deles ou deles não acreditarem em mim, de acharem que era história fiada de estrangeiro para não trabalhar e me mandarem de volta pra casa, mas a minha dor foi verdadeira e eles não tinham como negar. Não estava fingindo mesmo! Acho que o preconceito só veio da minha parte, isso porque eu já tinha ouvido algumas histórias sobre médicos x estrangeiros, mas acho que é natural sentir medo e ser um pouco preconceituosa, estamos em um lugar diferente, em um país estranho com uma língua totalmente esquisita para gente. No entanto, de agora em diante, eu irei contar uma nova história.
O resto da segunda-feira passei descansando. Ontem (terça-feira) fiquei em casa e à noite Patrícia e Cássio vieram nos visitar, trouxeram uns docinhos da festa e conversamos bastante. Foi muito bom!
Hoje já voltei para minha rotina de sempre, estou me sentindo bem melhor, voltei para o curso de finlandês e daqui a pouco vou começar a estudar. Enfim, tudo terminou bem! Ufa!