sexta-feira, novembro 09, 2007

O idioma finlandês é difícil?

Esses últimos dias tenho pensado muito sobre isso.
Tem uma professora na escola onde eu estou estagiando que quase sempre corrige a forma como eu falo finlandês. Vou chamar ela de J. para depois não ter nenhuma complicação futura. O ato de corrigir não me incomoda, pois estou aprendendo ainda, o que me incomoda é a forma como ela me corrige. Sempre que isso acontece, ela "arma" um sorriso forçado no rosto, como se tivesse me beliscando e ao mesmo tempo sorrindo para mim, nesse momento lembro daquela professora de Harry Potter chamada Dolores Umbridge que se veste de rosa no filme "Harry Potter e a Ordem da Fênix". Quem viu o filme sabe do que eu estou falando. Não sei exatamente o que ela faz de verdade na escola, mas deve ser muito mais divertido me corrigir do que se preocupar com o trabalho dela. É, estou um pouquinho sentida com ela (deu para notar?), na verdade ela não passa o tempo todo atrás de mim escutando o que eu falo e me corrigindo. Se fosse assim eu já teria saído da escola. Haja saco! Ela só faz isso quando eu converso com ela, ainda bem que raramente nós nos encontramos. No entanto, quando ela me corrige com aquele sorrizinho no rosto, me dá uma raivinha. Os professores com os quais eu trabalho mais de perto, às vezes me corrigem mas isso acontece em um clima muito mais agradável.
A primeira vez que ela me corrigiu, nós estávamos conversando sobre alguma coisa que não lembro agora e ela disse "você precisa treinar mais os sons do 'ä, ö, y'", para cada letra ela fazia um movimento esquisito com a boca. Eu respondi na inocência: "sei, é difícil para mim, o português não tem essas vogais e só tenho 9 meses estudando finlandês...", ela sorriu e disse "você tem tempo, treine em casa", eu respondi saindo da sala "ok, obrigado!". Achei que essa seria a primeira e a última vez. Então, aconteceu a segunda vez, na verdade ela não me corrigiu, só quis me irritar. Encontrei novamente com ela e precisava dar um aviso importante. Na hora que estava falando, peguei em minha boca, é mania, minha boca anda muito ressecada, às vezes eu faço isso. Ela sorrindo (sempre irritantemente) falou "tire a mão da boca, senão eu não escuto o que você fala". Como assim? Eu só tinha falado algumas palavras, até porque em finlandês ainda não sei fazer nenhum discurso. Tanto ela tinha entendido que respondeu e eu nem precisei falar novamente. Aff! Tem doido para tudo. Depois dessa, eu comecei a evitar encontros repentinos com ela.
Entretanto, um dia eu estava vestindo todas as camadas de roupas para sair da escola, isso demora alguns minutos e vem a cobra, quer dizer, a J. Ela apareceu e perguntou como estava indo meu estágio, eu disse que estava indo bem, mas que às vezes eu não entendo o que os estudantes finlandeses falam, pois eles falam muito rápido. Nessa frase eu falei as vogais tão temidas: "y" e "ä" e imediatamente ela falou "YYYYmmÄÄÄrrÄÄÄÄ", fez um biquinho para falar o Y e abriu bem a boca para falar o Ä, ficou sorrindo e repetindo as vogais, acho que ela queria que eu repetisse. Eu fiquei olhando para ela e respondi "eu tento...". Depois ela disse sorrindo (é claro) "sei que é difícil, sou russa e ainda hoje algumas pessoas ainda me corrigem e sempre que elas me corrigem eu digo 'kiitos (= obrigado)'". Captei a mensagem, falei forçando um sorriso amarelo "kiitos" e saí rapidamente daquele lugar.
Por causa desses fatos, eu fiquei pensando muito, será que idioma finlandês é difícil ou é difícil só para mim? Pensei, pensei e pensei.
Eu fiz curso de finlandês com mais 13 pessoas, sem contar as outras que eu me esbarro lá no curso e em outros lugares. É incrível mas eu não estou sozinha, todas dizem em alto e bom som: é difícil, sim!
Como eu não posso falar pelos outros, eu vou mostrar a minha perspectiva depois de dias refletindo. Da minha perspectiva, uma brasileira que aprendeu português usando o alfabeto romano, eu respondo é difícil sim. De primeira nos deparamos com as vogais: ä, ö e y. Tem que fazer caras e bocas até conseguir se aproximar da naturalidade com que os finlandeses pronunciam tais vogais. Lembro de um dos primeiros papéis que eu recebi no curso de finlandês, ele tinha um monte de frases em finlandês para você treinar os sons, parecia com um daqueles "trava-língua". Repare nessa frase "Älä rääkkää äläkä kiusaa ketään!", quem fala isso corretamente (com as vogais e consoantes duplas)? Só os finlandeses. Me disseram uma vez que quando teve uma guerra aqui na Finlândia a frase secreta, para identificar e separar os soldados dos inimigos, tinha vários ö, ä e y, que só os finlandeses conseguiam pronunciar certinho.
Depois dos sons, isso dura alguns dias de felicidade e ilusão, pois achamos que não deve ter nada mais difícil que isso, aparecem as primeiras declinações. Quando isso acontece, o seu problema com o som das vogais se torna tão pequeno, que você coloca para segundo plano. Agora o que importa é saber dizer o que você realmente você quer. Se você usa uma declinação errada pode dar um sentindo completamente diferente a sua frase. Por exemplo, se eu quero dizer eu recebi flores de Fulano, eu digo em finlandês "minä sain kukkia Fulanolta" (lta = declinação chamada de ablatiivi), mas eu posso me atrapalhar e dizer "minä sain kukkia Fulanosta" (sta = declinação chamada de elatiivi) pois as duas significam grosseiramente o nosso "de". Como eles não tem essa simpática palavra "de" separada de outra palavra, surge a declinação, a qual é acoplada no final de quase todas as palavras e nomes, não digo *todas* porque eu acho que deve existir exceções, elas sempre existem. Como eu disse anteriormente, essas declinações significam grosseiramente o nosso "de", grosseiramente porque a ablatiivi é para lugares abertos e a elatiivi para lugares fechados. Voltando às frases, a primeira diz que eu recebi flores de Fulano mas a segunda diz que, na melhor das hipóteses, Fulano fez uma cirurgia na sua frente, tirou de dentro dele as flores e te deu. Romântico, não? Tem muitos outros exemplos como esse. Não vou lembrar de todos, mas deu para sentir o problema né?
Concluindo, o idioma finlandês é complicado e provavelmente alguém deve ter corrigido a J. tanto que agora ela quer descontar em mim. É cada uma viu...

quarta-feira, novembro 07, 2007

Primeira semana no estágio

Como eu disse no último post, vou escrever como foram os outros dias da semana no estágio. Tentarei ser bem sucinta. :)
Na terça-feira passada só tive que ajudar em uma aula de informática com Janne. Me apresentei novamente para a turma. Eu já estava enjoada da minha apresentação, sempre tenho que falar as mesmas coisas e o coitado do Janne tem que ouvir tudo de novo. Enfim, não tem outro jeito. Essa turma só tem estrangeiro eles falam um finlandês que eu consigo entender. Usam palavras simples e falam bem pausado. Um paraíso! No final da aula bateram na porta e eu fui ver quem era. Do lado de fora tinha um grupo de meninos esperando os amigos sairem da aula. No meio desses meninos tinha um brasileiro. Sim! Um brasileiro! Uhuu! Não estou mais sozinha! Conversei com ele rapidamente e ele me falou que toda quarta-feira ele terá aula com Janne, ou seja, comigo também. Fiquei muito feliz. É tão estranho falar português e ninguém que está ao redor entender o que nós estamos falando. É como se estivéssemos contando um segredo em voz alta e ninguém pode entender.
Na quarta-feira acordei cedo e fui ajudar o professor Pavel na aula de matemática. Na verdade é mais parecido com uma aula de reforço de matemática. Todos os alunos tem um livro, fazem sozinhos e no seu ritmo os exercícios e quando tem alguma dúvida nós ajudamos. Então tem aluno que está aprendendo que "menos e menos dá mais" e outro aluno que está fazendo exercícios de geometria. É uma mistureba danada. Nas turmas de Pavel eu não precisei me apresentar, cheguei na sala e fui direto ajudar os alunos.
Senti a mesma dificuldade que na aula de informática, eu sei como resolve mas às vezes faltam palavras em finlandês, por isso não consigo explicar bem. Quando isso acontece uso muito o papel e me esforço para o aluno entender o que eu estou dizendo. Outra dificuldade foi entender o que o problema quer que eu faça. Como já não entendo a questão fica muito difícil saber qual é a resposta. Para esses casos chamo Pavel para nos ajudar. :)
De tarde assisti a aula de Pavel. Não precisava ajudá-lo, fiquei sentada na cadeira como os outros alunos e assisti. Essa turma é muito difícil, acho que todos são adolescentes finlandeses, não sei como Pavel não pira. Tem dois meninos que usam aquelas roupas de skatista: a calça e a blusa são o triplo do tamanho deles, os sapatos desamarrados e o boné para trás. Nesse dia esses meninos chegaram na sala fazendo barulho e chutando as cadeiras. Antes da aula começar, uma outra professora entrou, falou alguma coisa para os alunos e entregou para cada aluno um papel. Um desses meninos pegou o papel, nem leu, amassou e guardou no bolso. Aff! Que falta de respeito! Sem contar as vezes que as meninas "pati" (pati é igual em todo lugar) que sentam lá trás ficam conversando alto, rindo e fazendo barulho. Quando elas têm alguma dúvida interrompem a explicação do professor para dizer (bem alto) que não conseguiram fazer o dever de casa e Pavel calmamente diz que agora ele está explicando outro assunto e que depois corrigirá o dever de casa. Além disso quando o professor falava alguma coisa que estava um pouquinho diferente do livro, as meninas lá de trás, interropiam a fala do professor e gritavam "gente, abram na página x, lá vocês podem ler a teoria desse assunto". Não dá para acreditar a tamanha falta de respeito. Não lembro dos meus anos escolares serem assim. Tenho impressão que o fato de Pavel ser russo faz com que os alunos fiquem à vontade para esculhambar a aula.
Fiquei um pouco triste de ver isso. Não acho certo tratar uma pessoa assim, agora sei, não tenho muito jeito com esse tipo de adolescente.
Depois da aula de Pavel fui para aula de informática de Janne, só que Janne disse para mim um dia antes que não poderia dar a aula e perguntou se eu poderia ficar no lugar dele. Eu disse que não teria problema. Não precisaria explicar nada, só ajudá-los a fazer o trabalho no Word. Sem problemas. Cheguei na sala, expliquei o contexto e me apresentei (como sempre). Depois expliquei o que eles deveriam fazer. Foi um trabalho bem simples, digitar o texto no Word, procurar figuras relacionadas com o texto na internet, colar no texto e pronto! Simples assim! A aula foi bem tranquila, com exceção de um aluno que não parava de falar e de me chamar. Quase pirei.
Na quinta não fui para a escola. Nesse dia fiz uma prova de finlandês e uma entrevista na Omnia (um instituto de preparação vocacional e profissionalizante, eu acho que essa seria uma definição, não tenho certeza) para tentar uma vaga para o próximo ano em um curso preparatório para o mercado de trabalho. Esse curso é voltado para estrangeiros e terá aulas de finlandês, inglês, matemática, direcionamento para vida profissional, etc. Acho que fui bem no teste e na entrevista, o resultado vai chegar no meio de novembro. Se eu conseguir essa vaga, o curso começa em janeiro e já terei alguma coisa garantida para o próximo ano, não ficarei em casa sozinha e irei praticar o finlandês.
Na sexta fui para aula de matemática de Pavel em uma sala com computadores. Nessa turma, os alunos são estrangeiros e cada um faz uma coisa diferente no computador. Eu ajudei dois meninos que usavam o Word para fazer uns cartazes de como jogar xadrez. Foi bem tranquilo, os meninos são uma graça, educados e simpáticos. Adorei!
Essa foi a minha primeira semana. Ainda não sei se estou gostando, é muito diferente de tudo que eu já fiz em minha vida, o idioma, os adolescentes, a dificuldade em ajudar... É tão diferente que não sei dizer o que estou sentindo. Espero que até o final do estágio eu possa dizer algo mais concreto e positivo. :)

segunda-feira, novembro 05, 2007

Primeiro dia do estágio

O estágio não está nada fácil. Eu já sabia que não seria fácil, mas tinha esperança que seria um pouco diferente. Semana passada foi a primeira semana do meu estágio na escola.
Primeiro dia foi como todos os primeiros dias em algum lugar diferente: você se acha esquisita, algumas pessoas te olham com curiosidade e outras olham estranhamente para você como se sua boca estivesse na sua testa. Cheguei na escola e fui direto para a sala da Elena (a moça que me auxilia no estágio). Peguei o meu horário com ela e depois ela me mostrou as salas onde eu irei ajudar o professor de informática e os professores de matemática. No caminho conheci alguns professores da escola. Eles trocam algumas palavras, eu entendo pouco, mas sempre mantenho o sorriso no rosto. Podem estar falando mal de mim, se eu não descobrir continuo sorrindo, acho que vai demorar um pouco para eu descobrir pois eles falam um finlandês muito rápido e estão sempre sorrindo, por enquanto eu acompanho o sorriso.
Não me pergunte o nome de cada professor que eu encontrei nessa semana, só sei o nome da Elena, que está me ajudando, e dos professores com quem eu trabalho diretamente (Janne, Pavel e Sami). Os nomes dos outros, que Elena me apresentou, não consigo lembrar por dois motivos: primeiro que são nomes muito diferentes para nós brasileiros acostumados com o simples "José" (Zé) e segundo motivo como eu já disse, eles falam muito rápido, um segundo depois eu já não sei o nome da criatura para quem estou sorrindo. Ainda bem que na sala dos professores tem uma foto com o nome de todos os professores e de vez em quando dou uma olhada lá. Na sexta-feira uma professora bem simpática veio conversar comigo, ela falou o nome dela e eu inocente, achando que eu poderia aprender, pedi para ela repetir. Foi em vão. Lembrei da foto e pensei "segunda eu tenho que ver a foto e descobrir o nome dela, vai que ela vem falar comigo de novo, vai ficar feio, ela foi tão simpática, ela merece!". Hoje (segunda-feira) cheguei na sala dos professores e fui direto na foto e procurei ela e seu respectivo nome cuidadosamente. Agora eu sei o nome ela é Irina.
Voltando à segunda-feira passada. Depois de conhecer alguns professores, fiquei esperando a aula de informática começar. Quando o sinal tocou, fui para sala junto com o professor, Janne.
Na primeira semana sempre que eu entrava em uma nova sala, os alunos ficavam desconfiados, alguns perguntavam diretamente para mim "Quem é você?". Isso aconteceu mais nas aulas de Pavel porque ele não deu nenhum espaço para eu me apresentar. No entanto, em todas as aulas de Janne ele pediu que eu me apresentasse. Não sei como será nas aulas de Sami, vou saber essa semana, ainda não conheci a turma dele pois não fui para a escola na quinta-feira passada.
A primeira turma de segunda-feira só tem adolescentes finlandeses. Encarar no primeiro dia do estágio adolescentes finlandeses, não foi fácil (e ainda não é), eles falam muito depressa e usam muitas gírias, fico completamente perdida. O professor é bem paciente e o assunto é simples. Nessa turma ajudei os alunos a usarem a linguagem (de programação) Pascal. Vi essa linguagem no primeiro semestre da faculdade, nem lembrava mais. Aos poucos fui lembrando um pouco ali, um pouco aqui. Tirei de letra. :)
Depois dessa aula fui para casa rapidamente comer alguma coisa e voltar para a próxima turma. Após o lanche que durou poucos minutos (nem deu tempo para a comida chegar no estômago) fui para a escola e esperei sentada na sala dos professores o sinal tocar.
Esperava que alguém falasse comigo. Que nada! Me olhavam e passavam direto, nem "Moi (= oi)" eles falavam. Quem sabe no último dia do estágio? Cheguei em casa arrasada depois do primeiro dia de estágio, conversei com Lu sobre isso e ele disse que sofreu bastante no início mas que hoje já não se incomoda mais. Hoje foi primeiro dia da segunda semana, já estou mais tranquila, já relevo o povo que não fala comigo, minha expectativa está bem mais baixa se alguém falar comigo é lucro. Sei que todo lugar tem gente assim, isso não é uma característica finlandesa, acho que eu é que não estou acostumada com isso. Eu não sou assim, não gosto de ver ninguém sozinho, não me custa nada conversar um pouco, pois sempre penso e "se fosse eu? como eu estaria me sentindo?". Sempre trabalhei em projetos sociais com pessoas super alto-astrais ou na universidade com amigos. Nunca passei por uma situação parecida com essa. Sei que tudo é sempre aprendizado.
Onde eu parei mesmo? Ah sim, estava esperando o sinal tocar. Elena veio em minha direção perguntar se eu consegui comer, eu respondi que sim, logo em seguida, o sinal tocou. Lá fui eu seguindo o Janne até a sala. Como era uma turma nova, me apresentei novamente. Essa turma é mais misturada, tem adolescentes finlandeses e estrangeiros, mas os estrangeiros falam tão bem finlandês quanto os finlandeses. Ou seja, às vezes, é impossível entender o que eles dizem e mais difícil ainda é ajudar sem saber as palavras certas. Me sinto às vezes sufocada, pois sei como ajudar mas não sei dizer em finlandês. Uso mímica, sons, alguns verbos que eu lembro no momento, alguns exemplos, enfim, tento de todas as formas, não desisto. Se eu continuar assim, no final do estágio eu serei uma ótima mímica e não terei aprendido nada de novo em finlandês (Oops!). Então, para que isso não aconteça, durante a aula eu pego algumas dicas e palavras básicas com o professor. Depois das dicas do professor, estava me sentindo mais útil, até que passei atrás de uma menina com uma cara enfezada e ela me fez uma pergunta. Ela falou muito rápido. Olhei para ela, não disse nada, olhei para o monitor para tentar pegar alguma dica, nada. Peguei uma cadeira, sentei do lado dela e disse em finlandês "Você poderia repetir? Pois eu não entendi o que você disse". A menina nem olhou para mim, virou em direção ao professor, levantou o braço e disse "Opêêê! (= Profêê)". Fiquei batida! Que menina grossa! Nem passei mais por perto dela. A aula terminou, voltei para casa e fiquei esperando Lu chegar do trabalho.
Quando Lu chegou contei como foi o meu dia super tristinha. Quem conhece Lu sabe o que ele fez depois que contei sobre o caso da menina mal-humorada. Riu muito. Depois disso eu até achei engraçado e até me senti bem melhor.
No próximo post conto como foram os outros dias no estágio (e coisas mais).