quarta-feira, dezembro 12, 2007

Encontros e resultado do YKI

Com essa correria para comprar presentes de Natal e terminando o curso de finlandês, quase esqueci desse post. Então como eu tinha prometido, nos dias que estive sumida, nós saimos para jantar com amigos e para dançar (acreditem!).
Nós não somos muito de ir para a balada/reggae/noite, para vocês terem uma noção, acho que nem falamos muito essas palavras e quando falamos soa tão estranho. Deixando isso de lado, nós fomos e foi muito legal. A festa se chama "Club Brasil" e acontece com uma certa frequência em um bar em Helsinki, levando em consideração a primeira frase desse parágrafo, não sabemos de quanto em quanto tempo, no entanto lembro de alguém ter me falado que ocorre com frequência.
Chegamos na festa, não estava cheia, as músicas mais tocadas foram de samba e forró. Depois de alguns minutos, uma escola de capoeira daqui se apresentou e todo mundo se espremeu para ver. A maioria era mulher e finlandesa e acho que só tinha 2 brasileiros na roda. Fiquei impressionada com uma finlandesa cantando aquelas músicas de capoeira com o berimbau na mão, ela tinha um vozeirão. É sempre emocionante ouvir músicas de capoeira tão longe do Brasil. Depois dessa apresentação, uma escola de samba finlandesa se apresentou, foi nesse momento que juntou mais gente para ver, não sei se foi para ver as finlandesas sambando ou para ver as partes que as fantasias de carnaval (estilo Rio de Janeiro) não cobriam. O puxador cantou algumas músicas em finlandês e outras em português, era muito difícil reconhecer de primeira se ele cantava em português ou finlandês. Depois da escola de samba, foi para o palco uma banda que tocava axé, pagode, samba, MPB e funk (quase tudo :) ). Essa banda tem um vocalista brasileiro e outra vocalista finlandesa. Ela cantava em português direitinho, as músicas tinham sotaque finlandês, um pouco estranho no começo, mas depois de alguns segundos, você já se acostuma. Uma coisa me chamou atenção durante a apresentação dessa banda, o finlandês que foi o puxador da escola de samba entrou no palco, pensei que o cara iria cantar um samba ou algo parecido e para minha surpresa, ele começou a cantar o ciclo "só as cachorras, as preparadas, as popozudas, o baile todo" infinitamente. Achei um pouco estranho um puxador de samba cantando essa música, mas isso não durou muito tempo, depois do primeiro ciclo, eu já tinha abstraído e estava dançando como nunca.
Encontramos com Cássio e Patrícia por lá, foi massa, eu e Patrícia dançamos muito. Foi ótimo para desenferrujar. Lu e Cássio ficavam balançando/dançando para lá e para cá, sem muitos movimentos drásticos. Depois de muito dançar, voltamos para casa mortinhos de cansaço.
Depois desse dia, tentamos marcar uma ida ao restaurante brasileiro Bossa que Mikä Kaurismäki abriu em Helsinki. Mikä Kaurismäki é finlandês (com esse nome, só podia ser :) ), mora no Brasil e já fez alguns filmes e documentários sobre o Brasil por exemplo "Moro no Brasil" e "Brasileirinho". Infelizmente, o restaurante estava lotado, por isso tivemos que mudar os nossos planos. Fomos para o Knossos, um restaurante grego. O restaurante é bem bonitinho. Jantamos com Cássio, Patrícia, Sanna e Teea. É sempre bom encontrar com todo mundo assim, matamos a saudade e atualizamos os papos. A comida estava deliciosa!
A foto abaixo tirei do blog de Teea (valeu Teea!).


Jantar no Knossos (em cima Sanna, Patrícia e Cássio;
e embaixo Teea, eu e Lu)


Espero que o nosso próximo encontro seja provavelmente no restaurante Bossa.
Como eu disse no último post, terminei o estágio na escola e agora voltei para o curso de finlandês. As aulas estão sendo bem tranquilas, fiz nessa semana 3 testes de final de curso e acho que fui bem. O resultado sairá na próxima semana.
Por falar em resultado, recebi o resultado de um teste de proficiência em finlandês que eu fiz no dia 27 de Agosto. Esse teste chama-se YKI (Yleiset Kielitutkinnot = Certificado Nacional de Idiomas) e é organizado pelo Centro para Estudos Aplicados de Idiomas da Universidade de Jyväskylä. Existem 3 categorias para o idioma finlandês: perustaso ou nível básico (níveis 1 e 2), keskitaso ou nível intermediário (níveis 3 e 4) e ylin taso ou nível avançado (níveis 5 e 6), eu fiz o intermediário. Esse teste contém 5 subtestes: escrita e vocabulário, gramática, compreensão de textos, escuta (em um estúdio) e fala (em um estúdio). Esse teste não é obrigatório, eu e alguns dos meus colegas do curso de finlandês nos inscrevemos, a nossa escola pagou e foi bom para verificar em qual nível nós estamos. Foi muito difícil mesmo, muitas coisas eu não entendi pois esse teste é também para o pessoal que está no nível 4. Algumas perguntas eu respondi de qualquer jeito para não deixar em branco e no teste de fala, às vezes, eu falava qualquer maluquice só para constar. No teste intermediário existem 3 possibilidades de resultado: abaixo do nível 3, no nível 3 ou no nível 4. O meu nível foi o 3, na maioria dos subtestes o meu nível foi 3, menos o de fala que foi abaixo de 3. No geral, acho que fui bem, minha professora disse que o nível da gente era o 3 mesmo, então, não foi nada preocupante e sobre esse abaixo de 3, só praticando, falando, falando e falando finlandês para quem sabe talvez eu consiga chegar no 3 ou no 4.
Mais uma coisinha, esse é o último post desse ano, iremos para o Brasil em breve e estou muito ansiosa para rever todo mundo, já faz 1 ano e 2 meses que não piso no Brasil. Ai, ai, estou quase explodindo de ansiedade e saudade. Por causa dessa viagem, voltarei a escrever em Janeiro.
Feliz Natal para todos e um ano de 2008 cheio de saúde e sucesso!

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Estágio e voluntariado

Eitcha, faz é tempo que não escrevo, não é mesmo?
Sinceramente, esses dias que eu sumi, não estava muito ocupada, acho que a preguiça falou mais alto. :)
Hoje foi o último dia do estágio na escola. O estágio foi uma experiência muito rica. Aprendi algumas palavras novas, conheci novas pessoas e falei finlandês. Foi bom. Vou sentir falta dos alunos estrangeiros. Eles foram muito simpáticos comigo e muito receptivos. As aulas com eles sempre eram divertidas.
Soube por Elena que os três professores disseram que gostaram muito do meu trabalho e um deles, Janne, o professor de informática, disse que se ele precisasse faltar um dia, ele me chamaria para substitui-lo. Dos professores Janne foi o mais próximo, ele sempre que podia puxava alguma conversa e quando eu não entendia nada ele repetia tudo de novo bem devagar, santa paciência! Esse vai para o céu direto. As aulas de Sami (professor de matemática) foram as mais divertidas, eu ria muito com ele, ele é muito engraçado. Pavel (outro professor de matemática) na maioria da vezes usava transparência e por isso foram poucas as vezes que conversamos, mas percebi que ele era uma pessoa muito paciente e muito atencioso com alunos.
Na última aula com cada professor eu entreguei um presente que tinha um saquinho com balas de chocolate e um cartãozinho. Sami e Pavel agradeceram com um sorriso bem grande, Janne agradeceu e me abraçou, achei isso o máximo, quanta intimidade né?! Entreguei para Elena na quarta-feira o mesmo presente e flores para a escola. Ela ficou sem graça e pediu desculpas por não ter comprado nada pra mim. Eu sinceramente não estava esperando nada, queria mesmo era agradecer pela oportunidade que eles me deram. Hoje encontrei com ela na escola e fui me despedir definitivamente. Eu agradeci novamente e ofereci a minha mão para ela apertar. Acreditem, ela não apertou a minha mão, ela me abraçou! Uau! É por isso que acredito que fazendo o bem, recebemos o bem.
Além do estágio, sou voluntária da ONG Pakolaisapu (esse link é para a página deles em inglês). Acho que já falei dessa ONG em outro post, mas não custa nada repetir. Essa ONG foi fundada em 1965 e sua principal tarefa é realizar projetos voltados para os refugiados que estão na Finlândia e no exterior provendo informação, organizando treinamentos e estudos, e buscando financiamentos para os projetos.
Todo dia fico lá durante 2 horas, mais ou menos, falando em finlandês e ajudando em um projeto chamado Parempi Lahja (Presente Melhor). O slogan da campanha é "Dê um presente que não vá parar aqui", o "aqui" é o lixo.


Campanha Parempi Lahja

O objetivo dessa campanha é dar presentes úteis para os refugiados da Liberia, da Serra Leoa e da Uganda e para as pessoas que estão se recuperando da guerra. Os presentes são bem diversificados e divididos em 4 categorias: para pessoas do campo; analfabetos; pessoas que querem trabalhar; e para pessoas que pretendem abrir sua própria empresa. Por exemplo, para pessoas do campo você pode dar desde 5 enxadas por 5 euros até um vaca de 340 euros; para os analfabetos você pode dar desde um kit de material escolar por 4 euros até um programa de alfabetização por 52 euros; para pessoas que querem começar a trabalhar, os presentes são desde um kit de material de costura por 22 euros até máquinas de costura por 84 euros; e para pessoas que querem abrir a sua própria empresa você pode dar um kit para eles montarem a primeira empresa de costura ou outro presente que você achar no site. Acho que os brasileiros que estão no Brasil, infelizmente, não poderão coloborar, mas todos que estão na Finlândia poderão ajudar, o processo para dar um ou mais presentes é bem simples: escolha primeiro o(s) presente(s) que deseja dar e depois pague.
Eu gostei muito dessa campanha, pois quando penso em dar algum presente para alguém penso que deve ser útil, mas se eu não consigo imaginar nada legal eu compro presentes inúteis mas de coração. :)
Quem quiser fazer a mesma coisa em sua cidade, bairro ou instituição entre em contato com essa ONG e tire suas dúvidas, em inglês, sobre o projeto.
Esqueci de dizer o que eu faço nas 2 horas que estou lá. Como vocês bem sabem, ainda não posso ajudar efetivamente nos projetos, escrevendo textos e discutindo questões importantes, pois meu finlandês ainda não é tão bom, então ajudo usando as minhas mãos. Quando chego no escritório da ONG, o qual fica em Helsinki, vou para uma sala cheia de fichários vazios, com um pote de tinta amarela e outro de tinta preta, com algumas esponjas (substituem os pincéis) e alguns moldes com as letras vazadas com o slogan da campanha em finlandês. Pego um fichário e um molde, coloco um pouco de tinta em um pote e molho a ponta da esponja na tinta, depois passo a ponta da esponja por cima do molde e logo em seguida separo o fichário dos outros para secar. Fácil, né? E ainda pratico finlandês quando aparece alguma pessoa simpática para conversar comigo. Todas as pessoas da ONG são muito gentis e simpáticas! Estava precisando de um ambiente assim.
No próximo post conto mais sobre o que fizemos nesse período que não escrevi.