quarta-feira, dezembro 12, 2007

Encontros e resultado do YKI

Com essa correria para comprar presentes de Natal e terminando o curso de finlandês, quase esqueci desse post. Então como eu tinha prometido, nos dias que estive sumida, nós saimos para jantar com amigos e para dançar (acreditem!).
Nós não somos muito de ir para a balada/reggae/noite, para vocês terem uma noção, acho que nem falamos muito essas palavras e quando falamos soa tão estranho. Deixando isso de lado, nós fomos e foi muito legal. A festa se chama "Club Brasil" e acontece com uma certa frequência em um bar em Helsinki, levando em consideração a primeira frase desse parágrafo, não sabemos de quanto em quanto tempo, no entanto lembro de alguém ter me falado que ocorre com frequência.
Chegamos na festa, não estava cheia, as músicas mais tocadas foram de samba e forró. Depois de alguns minutos, uma escola de capoeira daqui se apresentou e todo mundo se espremeu para ver. A maioria era mulher e finlandesa e acho que só tinha 2 brasileiros na roda. Fiquei impressionada com uma finlandesa cantando aquelas músicas de capoeira com o berimbau na mão, ela tinha um vozeirão. É sempre emocionante ouvir músicas de capoeira tão longe do Brasil. Depois dessa apresentação, uma escola de samba finlandesa se apresentou, foi nesse momento que juntou mais gente para ver, não sei se foi para ver as finlandesas sambando ou para ver as partes que as fantasias de carnaval (estilo Rio de Janeiro) não cobriam. O puxador cantou algumas músicas em finlandês e outras em português, era muito difícil reconhecer de primeira se ele cantava em português ou finlandês. Depois da escola de samba, foi para o palco uma banda que tocava axé, pagode, samba, MPB e funk (quase tudo :) ). Essa banda tem um vocalista brasileiro e outra vocalista finlandesa. Ela cantava em português direitinho, as músicas tinham sotaque finlandês, um pouco estranho no começo, mas depois de alguns segundos, você já se acostuma. Uma coisa me chamou atenção durante a apresentação dessa banda, o finlandês que foi o puxador da escola de samba entrou no palco, pensei que o cara iria cantar um samba ou algo parecido e para minha surpresa, ele começou a cantar o ciclo "só as cachorras, as preparadas, as popozudas, o baile todo" infinitamente. Achei um pouco estranho um puxador de samba cantando essa música, mas isso não durou muito tempo, depois do primeiro ciclo, eu já tinha abstraído e estava dançando como nunca.
Encontramos com Cássio e Patrícia por lá, foi massa, eu e Patrícia dançamos muito. Foi ótimo para desenferrujar. Lu e Cássio ficavam balançando/dançando para lá e para cá, sem muitos movimentos drásticos. Depois de muito dançar, voltamos para casa mortinhos de cansaço.
Depois desse dia, tentamos marcar uma ida ao restaurante brasileiro Bossa que Mikä Kaurismäki abriu em Helsinki. Mikä Kaurismäki é finlandês (com esse nome, só podia ser :) ), mora no Brasil e já fez alguns filmes e documentários sobre o Brasil por exemplo "Moro no Brasil" e "Brasileirinho". Infelizmente, o restaurante estava lotado, por isso tivemos que mudar os nossos planos. Fomos para o Knossos, um restaurante grego. O restaurante é bem bonitinho. Jantamos com Cássio, Patrícia, Sanna e Teea. É sempre bom encontrar com todo mundo assim, matamos a saudade e atualizamos os papos. A comida estava deliciosa!
A foto abaixo tirei do blog de Teea (valeu Teea!).


Jantar no Knossos (em cima Sanna, Patrícia e Cássio;
e embaixo Teea, eu e Lu)


Espero que o nosso próximo encontro seja provavelmente no restaurante Bossa.
Como eu disse no último post, terminei o estágio na escola e agora voltei para o curso de finlandês. As aulas estão sendo bem tranquilas, fiz nessa semana 3 testes de final de curso e acho que fui bem. O resultado sairá na próxima semana.
Por falar em resultado, recebi o resultado de um teste de proficiência em finlandês que eu fiz no dia 27 de Agosto. Esse teste chama-se YKI (Yleiset Kielitutkinnot = Certificado Nacional de Idiomas) e é organizado pelo Centro para Estudos Aplicados de Idiomas da Universidade de Jyväskylä. Existem 3 categorias para o idioma finlandês: perustaso ou nível básico (níveis 1 e 2), keskitaso ou nível intermediário (níveis 3 e 4) e ylin taso ou nível avançado (níveis 5 e 6), eu fiz o intermediário. Esse teste contém 5 subtestes: escrita e vocabulário, gramática, compreensão de textos, escuta (em um estúdio) e fala (em um estúdio). Esse teste não é obrigatório, eu e alguns dos meus colegas do curso de finlandês nos inscrevemos, a nossa escola pagou e foi bom para verificar em qual nível nós estamos. Foi muito difícil mesmo, muitas coisas eu não entendi pois esse teste é também para o pessoal que está no nível 4. Algumas perguntas eu respondi de qualquer jeito para não deixar em branco e no teste de fala, às vezes, eu falava qualquer maluquice só para constar. No teste intermediário existem 3 possibilidades de resultado: abaixo do nível 3, no nível 3 ou no nível 4. O meu nível foi o 3, na maioria dos subtestes o meu nível foi 3, menos o de fala que foi abaixo de 3. No geral, acho que fui bem, minha professora disse que o nível da gente era o 3 mesmo, então, não foi nada preocupante e sobre esse abaixo de 3, só praticando, falando, falando e falando finlandês para quem sabe talvez eu consiga chegar no 3 ou no 4.
Mais uma coisinha, esse é o último post desse ano, iremos para o Brasil em breve e estou muito ansiosa para rever todo mundo, já faz 1 ano e 2 meses que não piso no Brasil. Ai, ai, estou quase explodindo de ansiedade e saudade. Por causa dessa viagem, voltarei a escrever em Janeiro.
Feliz Natal para todos e um ano de 2008 cheio de saúde e sucesso!

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Estágio e voluntariado

Eitcha, faz é tempo que não escrevo, não é mesmo?
Sinceramente, esses dias que eu sumi, não estava muito ocupada, acho que a preguiça falou mais alto. :)
Hoje foi o último dia do estágio na escola. O estágio foi uma experiência muito rica. Aprendi algumas palavras novas, conheci novas pessoas e falei finlandês. Foi bom. Vou sentir falta dos alunos estrangeiros. Eles foram muito simpáticos comigo e muito receptivos. As aulas com eles sempre eram divertidas.
Soube por Elena que os três professores disseram que gostaram muito do meu trabalho e um deles, Janne, o professor de informática, disse que se ele precisasse faltar um dia, ele me chamaria para substitui-lo. Dos professores Janne foi o mais próximo, ele sempre que podia puxava alguma conversa e quando eu não entendia nada ele repetia tudo de novo bem devagar, santa paciência! Esse vai para o céu direto. As aulas de Sami (professor de matemática) foram as mais divertidas, eu ria muito com ele, ele é muito engraçado. Pavel (outro professor de matemática) na maioria da vezes usava transparência e por isso foram poucas as vezes que conversamos, mas percebi que ele era uma pessoa muito paciente e muito atencioso com alunos.
Na última aula com cada professor eu entreguei um presente que tinha um saquinho com balas de chocolate e um cartãozinho. Sami e Pavel agradeceram com um sorriso bem grande, Janne agradeceu e me abraçou, achei isso o máximo, quanta intimidade né?! Entreguei para Elena na quarta-feira o mesmo presente e flores para a escola. Ela ficou sem graça e pediu desculpas por não ter comprado nada pra mim. Eu sinceramente não estava esperando nada, queria mesmo era agradecer pela oportunidade que eles me deram. Hoje encontrei com ela na escola e fui me despedir definitivamente. Eu agradeci novamente e ofereci a minha mão para ela apertar. Acreditem, ela não apertou a minha mão, ela me abraçou! Uau! É por isso que acredito que fazendo o bem, recebemos o bem.
Além do estágio, sou voluntária da ONG Pakolaisapu (esse link é para a página deles em inglês). Acho que já falei dessa ONG em outro post, mas não custa nada repetir. Essa ONG foi fundada em 1965 e sua principal tarefa é realizar projetos voltados para os refugiados que estão na Finlândia e no exterior provendo informação, organizando treinamentos e estudos, e buscando financiamentos para os projetos.
Todo dia fico lá durante 2 horas, mais ou menos, falando em finlandês e ajudando em um projeto chamado Parempi Lahja (Presente Melhor). O slogan da campanha é "Dê um presente que não vá parar aqui", o "aqui" é o lixo.


Campanha Parempi Lahja

O objetivo dessa campanha é dar presentes úteis para os refugiados da Liberia, da Serra Leoa e da Uganda e para as pessoas que estão se recuperando da guerra. Os presentes são bem diversificados e divididos em 4 categorias: para pessoas do campo; analfabetos; pessoas que querem trabalhar; e para pessoas que pretendem abrir sua própria empresa. Por exemplo, para pessoas do campo você pode dar desde 5 enxadas por 5 euros até um vaca de 340 euros; para os analfabetos você pode dar desde um kit de material escolar por 4 euros até um programa de alfabetização por 52 euros; para pessoas que querem começar a trabalhar, os presentes são desde um kit de material de costura por 22 euros até máquinas de costura por 84 euros; e para pessoas que querem abrir a sua própria empresa você pode dar um kit para eles montarem a primeira empresa de costura ou outro presente que você achar no site. Acho que os brasileiros que estão no Brasil, infelizmente, não poderão coloborar, mas todos que estão na Finlândia poderão ajudar, o processo para dar um ou mais presentes é bem simples: escolha primeiro o(s) presente(s) que deseja dar e depois pague.
Eu gostei muito dessa campanha, pois quando penso em dar algum presente para alguém penso que deve ser útil, mas se eu não consigo imaginar nada legal eu compro presentes inúteis mas de coração. :)
Quem quiser fazer a mesma coisa em sua cidade, bairro ou instituição entre em contato com essa ONG e tire suas dúvidas, em inglês, sobre o projeto.
Esqueci de dizer o que eu faço nas 2 horas que estou lá. Como vocês bem sabem, ainda não posso ajudar efetivamente nos projetos, escrevendo textos e discutindo questões importantes, pois meu finlandês ainda não é tão bom, então ajudo usando as minhas mãos. Quando chego no escritório da ONG, o qual fica em Helsinki, vou para uma sala cheia de fichários vazios, com um pote de tinta amarela e outro de tinta preta, com algumas esponjas (substituem os pincéis) e alguns moldes com as letras vazadas com o slogan da campanha em finlandês. Pego um fichário e um molde, coloco um pouco de tinta em um pote e molho a ponta da esponja na tinta, depois passo a ponta da esponja por cima do molde e logo em seguida separo o fichário dos outros para secar. Fácil, né? E ainda pratico finlandês quando aparece alguma pessoa simpática para conversar comigo. Todas as pessoas da ONG são muito gentis e simpáticas! Estava precisando de um ambiente assim.
No próximo post conto mais sobre o que fizemos nesse período que não escrevi.

sexta-feira, novembro 09, 2007

O idioma finlandês é difícil?

Esses últimos dias tenho pensado muito sobre isso.
Tem uma professora na escola onde eu estou estagiando que quase sempre corrige a forma como eu falo finlandês. Vou chamar ela de J. para depois não ter nenhuma complicação futura. O ato de corrigir não me incomoda, pois estou aprendendo ainda, o que me incomoda é a forma como ela me corrige. Sempre que isso acontece, ela "arma" um sorriso forçado no rosto, como se tivesse me beliscando e ao mesmo tempo sorrindo para mim, nesse momento lembro daquela professora de Harry Potter chamada Dolores Umbridge que se veste de rosa no filme "Harry Potter e a Ordem da Fênix". Quem viu o filme sabe do que eu estou falando. Não sei exatamente o que ela faz de verdade na escola, mas deve ser muito mais divertido me corrigir do que se preocupar com o trabalho dela. É, estou um pouquinho sentida com ela (deu para notar?), na verdade ela não passa o tempo todo atrás de mim escutando o que eu falo e me corrigindo. Se fosse assim eu já teria saído da escola. Haja saco! Ela só faz isso quando eu converso com ela, ainda bem que raramente nós nos encontramos. No entanto, quando ela me corrige com aquele sorrizinho no rosto, me dá uma raivinha. Os professores com os quais eu trabalho mais de perto, às vezes me corrigem mas isso acontece em um clima muito mais agradável.
A primeira vez que ela me corrigiu, nós estávamos conversando sobre alguma coisa que não lembro agora e ela disse "você precisa treinar mais os sons do 'ä, ö, y'", para cada letra ela fazia um movimento esquisito com a boca. Eu respondi na inocência: "sei, é difícil para mim, o português não tem essas vogais e só tenho 9 meses estudando finlandês...", ela sorriu e disse "você tem tempo, treine em casa", eu respondi saindo da sala "ok, obrigado!". Achei que essa seria a primeira e a última vez. Então, aconteceu a segunda vez, na verdade ela não me corrigiu, só quis me irritar. Encontrei novamente com ela e precisava dar um aviso importante. Na hora que estava falando, peguei em minha boca, é mania, minha boca anda muito ressecada, às vezes eu faço isso. Ela sorrindo (sempre irritantemente) falou "tire a mão da boca, senão eu não escuto o que você fala". Como assim? Eu só tinha falado algumas palavras, até porque em finlandês ainda não sei fazer nenhum discurso. Tanto ela tinha entendido que respondeu e eu nem precisei falar novamente. Aff! Tem doido para tudo. Depois dessa, eu comecei a evitar encontros repentinos com ela.
Entretanto, um dia eu estava vestindo todas as camadas de roupas para sair da escola, isso demora alguns minutos e vem a cobra, quer dizer, a J. Ela apareceu e perguntou como estava indo meu estágio, eu disse que estava indo bem, mas que às vezes eu não entendo o que os estudantes finlandeses falam, pois eles falam muito rápido. Nessa frase eu falei as vogais tão temidas: "y" e "ä" e imediatamente ela falou "YYYYmmÄÄÄrrÄÄÄÄ", fez um biquinho para falar o Y e abriu bem a boca para falar o Ä, ficou sorrindo e repetindo as vogais, acho que ela queria que eu repetisse. Eu fiquei olhando para ela e respondi "eu tento...". Depois ela disse sorrindo (é claro) "sei que é difícil, sou russa e ainda hoje algumas pessoas ainda me corrigem e sempre que elas me corrigem eu digo 'kiitos (= obrigado)'". Captei a mensagem, falei forçando um sorriso amarelo "kiitos" e saí rapidamente daquele lugar.
Por causa desses fatos, eu fiquei pensando muito, será que idioma finlandês é difícil ou é difícil só para mim? Pensei, pensei e pensei.
Eu fiz curso de finlandês com mais 13 pessoas, sem contar as outras que eu me esbarro lá no curso e em outros lugares. É incrível mas eu não estou sozinha, todas dizem em alto e bom som: é difícil, sim!
Como eu não posso falar pelos outros, eu vou mostrar a minha perspectiva depois de dias refletindo. Da minha perspectiva, uma brasileira que aprendeu português usando o alfabeto romano, eu respondo é difícil sim. De primeira nos deparamos com as vogais: ä, ö e y. Tem que fazer caras e bocas até conseguir se aproximar da naturalidade com que os finlandeses pronunciam tais vogais. Lembro de um dos primeiros papéis que eu recebi no curso de finlandês, ele tinha um monte de frases em finlandês para você treinar os sons, parecia com um daqueles "trava-língua". Repare nessa frase "Älä rääkkää äläkä kiusaa ketään!", quem fala isso corretamente (com as vogais e consoantes duplas)? Só os finlandeses. Me disseram uma vez que quando teve uma guerra aqui na Finlândia a frase secreta, para identificar e separar os soldados dos inimigos, tinha vários ö, ä e y, que só os finlandeses conseguiam pronunciar certinho.
Depois dos sons, isso dura alguns dias de felicidade e ilusão, pois achamos que não deve ter nada mais difícil que isso, aparecem as primeiras declinações. Quando isso acontece, o seu problema com o som das vogais se torna tão pequeno, que você coloca para segundo plano. Agora o que importa é saber dizer o que você realmente você quer. Se você usa uma declinação errada pode dar um sentindo completamente diferente a sua frase. Por exemplo, se eu quero dizer eu recebi flores de Fulano, eu digo em finlandês "minä sain kukkia Fulanolta" (lta = declinação chamada de ablatiivi), mas eu posso me atrapalhar e dizer "minä sain kukkia Fulanosta" (sta = declinação chamada de elatiivi) pois as duas significam grosseiramente o nosso "de". Como eles não tem essa simpática palavra "de" separada de outra palavra, surge a declinação, a qual é acoplada no final de quase todas as palavras e nomes, não digo *todas* porque eu acho que deve existir exceções, elas sempre existem. Como eu disse anteriormente, essas declinações significam grosseiramente o nosso "de", grosseiramente porque a ablatiivi é para lugares abertos e a elatiivi para lugares fechados. Voltando às frases, a primeira diz que eu recebi flores de Fulano mas a segunda diz que, na melhor das hipóteses, Fulano fez uma cirurgia na sua frente, tirou de dentro dele as flores e te deu. Romântico, não? Tem muitos outros exemplos como esse. Não vou lembrar de todos, mas deu para sentir o problema né?
Concluindo, o idioma finlandês é complicado e provavelmente alguém deve ter corrigido a J. tanto que agora ela quer descontar em mim. É cada uma viu...

quarta-feira, novembro 07, 2007

Primeira semana no estágio

Como eu disse no último post, vou escrever como foram os outros dias da semana no estágio. Tentarei ser bem sucinta. :)
Na terça-feira passada só tive que ajudar em uma aula de informática com Janne. Me apresentei novamente para a turma. Eu já estava enjoada da minha apresentação, sempre tenho que falar as mesmas coisas e o coitado do Janne tem que ouvir tudo de novo. Enfim, não tem outro jeito. Essa turma só tem estrangeiro eles falam um finlandês que eu consigo entender. Usam palavras simples e falam bem pausado. Um paraíso! No final da aula bateram na porta e eu fui ver quem era. Do lado de fora tinha um grupo de meninos esperando os amigos sairem da aula. No meio desses meninos tinha um brasileiro. Sim! Um brasileiro! Uhuu! Não estou mais sozinha! Conversei com ele rapidamente e ele me falou que toda quarta-feira ele terá aula com Janne, ou seja, comigo também. Fiquei muito feliz. É tão estranho falar português e ninguém que está ao redor entender o que nós estamos falando. É como se estivéssemos contando um segredo em voz alta e ninguém pode entender.
Na quarta-feira acordei cedo e fui ajudar o professor Pavel na aula de matemática. Na verdade é mais parecido com uma aula de reforço de matemática. Todos os alunos tem um livro, fazem sozinhos e no seu ritmo os exercícios e quando tem alguma dúvida nós ajudamos. Então tem aluno que está aprendendo que "menos e menos dá mais" e outro aluno que está fazendo exercícios de geometria. É uma mistureba danada. Nas turmas de Pavel eu não precisei me apresentar, cheguei na sala e fui direto ajudar os alunos.
Senti a mesma dificuldade que na aula de informática, eu sei como resolve mas às vezes faltam palavras em finlandês, por isso não consigo explicar bem. Quando isso acontece uso muito o papel e me esforço para o aluno entender o que eu estou dizendo. Outra dificuldade foi entender o que o problema quer que eu faça. Como já não entendo a questão fica muito difícil saber qual é a resposta. Para esses casos chamo Pavel para nos ajudar. :)
De tarde assisti a aula de Pavel. Não precisava ajudá-lo, fiquei sentada na cadeira como os outros alunos e assisti. Essa turma é muito difícil, acho que todos são adolescentes finlandeses, não sei como Pavel não pira. Tem dois meninos que usam aquelas roupas de skatista: a calça e a blusa são o triplo do tamanho deles, os sapatos desamarrados e o boné para trás. Nesse dia esses meninos chegaram na sala fazendo barulho e chutando as cadeiras. Antes da aula começar, uma outra professora entrou, falou alguma coisa para os alunos e entregou para cada aluno um papel. Um desses meninos pegou o papel, nem leu, amassou e guardou no bolso. Aff! Que falta de respeito! Sem contar as vezes que as meninas "pati" (pati é igual em todo lugar) que sentam lá trás ficam conversando alto, rindo e fazendo barulho. Quando elas têm alguma dúvida interrompem a explicação do professor para dizer (bem alto) que não conseguiram fazer o dever de casa e Pavel calmamente diz que agora ele está explicando outro assunto e que depois corrigirá o dever de casa. Além disso quando o professor falava alguma coisa que estava um pouquinho diferente do livro, as meninas lá de trás, interropiam a fala do professor e gritavam "gente, abram na página x, lá vocês podem ler a teoria desse assunto". Não dá para acreditar a tamanha falta de respeito. Não lembro dos meus anos escolares serem assim. Tenho impressão que o fato de Pavel ser russo faz com que os alunos fiquem à vontade para esculhambar a aula.
Fiquei um pouco triste de ver isso. Não acho certo tratar uma pessoa assim, agora sei, não tenho muito jeito com esse tipo de adolescente.
Depois da aula de Pavel fui para aula de informática de Janne, só que Janne disse para mim um dia antes que não poderia dar a aula e perguntou se eu poderia ficar no lugar dele. Eu disse que não teria problema. Não precisaria explicar nada, só ajudá-los a fazer o trabalho no Word. Sem problemas. Cheguei na sala, expliquei o contexto e me apresentei (como sempre). Depois expliquei o que eles deveriam fazer. Foi um trabalho bem simples, digitar o texto no Word, procurar figuras relacionadas com o texto na internet, colar no texto e pronto! Simples assim! A aula foi bem tranquila, com exceção de um aluno que não parava de falar e de me chamar. Quase pirei.
Na quinta não fui para a escola. Nesse dia fiz uma prova de finlandês e uma entrevista na Omnia (um instituto de preparação vocacional e profissionalizante, eu acho que essa seria uma definição, não tenho certeza) para tentar uma vaga para o próximo ano em um curso preparatório para o mercado de trabalho. Esse curso é voltado para estrangeiros e terá aulas de finlandês, inglês, matemática, direcionamento para vida profissional, etc. Acho que fui bem no teste e na entrevista, o resultado vai chegar no meio de novembro. Se eu conseguir essa vaga, o curso começa em janeiro e já terei alguma coisa garantida para o próximo ano, não ficarei em casa sozinha e irei praticar o finlandês.
Na sexta fui para aula de matemática de Pavel em uma sala com computadores. Nessa turma, os alunos são estrangeiros e cada um faz uma coisa diferente no computador. Eu ajudei dois meninos que usavam o Word para fazer uns cartazes de como jogar xadrez. Foi bem tranquilo, os meninos são uma graça, educados e simpáticos. Adorei!
Essa foi a minha primeira semana. Ainda não sei se estou gostando, é muito diferente de tudo que eu já fiz em minha vida, o idioma, os adolescentes, a dificuldade em ajudar... É tão diferente que não sei dizer o que estou sentindo. Espero que até o final do estágio eu possa dizer algo mais concreto e positivo. :)

segunda-feira, novembro 05, 2007

Primeiro dia do estágio

O estágio não está nada fácil. Eu já sabia que não seria fácil, mas tinha esperança que seria um pouco diferente. Semana passada foi a primeira semana do meu estágio na escola.
Primeiro dia foi como todos os primeiros dias em algum lugar diferente: você se acha esquisita, algumas pessoas te olham com curiosidade e outras olham estranhamente para você como se sua boca estivesse na sua testa. Cheguei na escola e fui direto para a sala da Elena (a moça que me auxilia no estágio). Peguei o meu horário com ela e depois ela me mostrou as salas onde eu irei ajudar o professor de informática e os professores de matemática. No caminho conheci alguns professores da escola. Eles trocam algumas palavras, eu entendo pouco, mas sempre mantenho o sorriso no rosto. Podem estar falando mal de mim, se eu não descobrir continuo sorrindo, acho que vai demorar um pouco para eu descobrir pois eles falam um finlandês muito rápido e estão sempre sorrindo, por enquanto eu acompanho o sorriso.
Não me pergunte o nome de cada professor que eu encontrei nessa semana, só sei o nome da Elena, que está me ajudando, e dos professores com quem eu trabalho diretamente (Janne, Pavel e Sami). Os nomes dos outros, que Elena me apresentou, não consigo lembrar por dois motivos: primeiro que são nomes muito diferentes para nós brasileiros acostumados com o simples "José" (Zé) e segundo motivo como eu já disse, eles falam muito rápido, um segundo depois eu já não sei o nome da criatura para quem estou sorrindo. Ainda bem que na sala dos professores tem uma foto com o nome de todos os professores e de vez em quando dou uma olhada lá. Na sexta-feira uma professora bem simpática veio conversar comigo, ela falou o nome dela e eu inocente, achando que eu poderia aprender, pedi para ela repetir. Foi em vão. Lembrei da foto e pensei "segunda eu tenho que ver a foto e descobrir o nome dela, vai que ela vem falar comigo de novo, vai ficar feio, ela foi tão simpática, ela merece!". Hoje (segunda-feira) cheguei na sala dos professores e fui direto na foto e procurei ela e seu respectivo nome cuidadosamente. Agora eu sei o nome ela é Irina.
Voltando à segunda-feira passada. Depois de conhecer alguns professores, fiquei esperando a aula de informática começar. Quando o sinal tocou, fui para sala junto com o professor, Janne.
Na primeira semana sempre que eu entrava em uma nova sala, os alunos ficavam desconfiados, alguns perguntavam diretamente para mim "Quem é você?". Isso aconteceu mais nas aulas de Pavel porque ele não deu nenhum espaço para eu me apresentar. No entanto, em todas as aulas de Janne ele pediu que eu me apresentasse. Não sei como será nas aulas de Sami, vou saber essa semana, ainda não conheci a turma dele pois não fui para a escola na quinta-feira passada.
A primeira turma de segunda-feira só tem adolescentes finlandeses. Encarar no primeiro dia do estágio adolescentes finlandeses, não foi fácil (e ainda não é), eles falam muito depressa e usam muitas gírias, fico completamente perdida. O professor é bem paciente e o assunto é simples. Nessa turma ajudei os alunos a usarem a linguagem (de programação) Pascal. Vi essa linguagem no primeiro semestre da faculdade, nem lembrava mais. Aos poucos fui lembrando um pouco ali, um pouco aqui. Tirei de letra. :)
Depois dessa aula fui para casa rapidamente comer alguma coisa e voltar para a próxima turma. Após o lanche que durou poucos minutos (nem deu tempo para a comida chegar no estômago) fui para a escola e esperei sentada na sala dos professores o sinal tocar.
Esperava que alguém falasse comigo. Que nada! Me olhavam e passavam direto, nem "Moi (= oi)" eles falavam. Quem sabe no último dia do estágio? Cheguei em casa arrasada depois do primeiro dia de estágio, conversei com Lu sobre isso e ele disse que sofreu bastante no início mas que hoje já não se incomoda mais. Hoje foi primeiro dia da segunda semana, já estou mais tranquila, já relevo o povo que não fala comigo, minha expectativa está bem mais baixa se alguém falar comigo é lucro. Sei que todo lugar tem gente assim, isso não é uma característica finlandesa, acho que eu é que não estou acostumada com isso. Eu não sou assim, não gosto de ver ninguém sozinho, não me custa nada conversar um pouco, pois sempre penso e "se fosse eu? como eu estaria me sentindo?". Sempre trabalhei em projetos sociais com pessoas super alto-astrais ou na universidade com amigos. Nunca passei por uma situação parecida com essa. Sei que tudo é sempre aprendizado.
Onde eu parei mesmo? Ah sim, estava esperando o sinal tocar. Elena veio em minha direção perguntar se eu consegui comer, eu respondi que sim, logo em seguida, o sinal tocou. Lá fui eu seguindo o Janne até a sala. Como era uma turma nova, me apresentei novamente. Essa turma é mais misturada, tem adolescentes finlandeses e estrangeiros, mas os estrangeiros falam tão bem finlandês quanto os finlandeses. Ou seja, às vezes, é impossível entender o que eles dizem e mais difícil ainda é ajudar sem saber as palavras certas. Me sinto às vezes sufocada, pois sei como ajudar mas não sei dizer em finlandês. Uso mímica, sons, alguns verbos que eu lembro no momento, alguns exemplos, enfim, tento de todas as formas, não desisto. Se eu continuar assim, no final do estágio eu serei uma ótima mímica e não terei aprendido nada de novo em finlandês (Oops!). Então, para que isso não aconteça, durante a aula eu pego algumas dicas e palavras básicas com o professor. Depois das dicas do professor, estava me sentindo mais útil, até que passei atrás de uma menina com uma cara enfezada e ela me fez uma pergunta. Ela falou muito rápido. Olhei para ela, não disse nada, olhei para o monitor para tentar pegar alguma dica, nada. Peguei uma cadeira, sentei do lado dela e disse em finlandês "Você poderia repetir? Pois eu não entendi o que você disse". A menina nem olhou para mim, virou em direção ao professor, levantou o braço e disse "Opêêê! (= Profêê)". Fiquei batida! Que menina grossa! Nem passei mais por perto dela. A aula terminou, voltei para casa e fiquei esperando Lu chegar do trabalho.
Quando Lu chegou contei como foi o meu dia super tristinha. Quem conhece Lu sabe o que ele fez depois que contei sobre o caso da menina mal-humorada. Riu muito. Depois disso eu até achei engraçado e até me senti bem melhor.
No próximo post conto como foram os outros dias no estágio (e coisas mais).

segunda-feira, outubro 29, 2007

Essas semanas

Essas semanas que passaram não escrevi nada. Vou fazer um super-ultra resumo.
No dia 6 de Outubro fizemos uma jantar para Cássio, Patrícia, Carol e Flávio. Infelizmente Carol e Flávio não puderam vir, mas Cássio e Patrícia marcaram presença. Eu e Lu fizemos uma receita de Nhoque com um molho pesto diferente. Esse nhoque é bem diferente dos outros, não leva muita farinha na massa, tem queijo, ricota, nozes e outras coisas. A massa sempre fica boa, já fizemos 2 vezes e ficou uma delícia. O problema é o molho. A primeira vez que fizemos exageramos no alho e ficou horrível mesmo (mas Lu gostou mesmo assim)! Ainda bem que não tínhamos visita, fizemos só para a gente. A segunda vez foi para esse jantar. Colocamos queijo demais e ficou bem forte. Mas quando servimos colocamos bem pouco molho para não passarmos mal. A próxima vez será outro molho, está comprovado que esse molho não dá, é muito difícil achar o ponto certo. Para sobremesa, fizemos a famosa torta de chocolate de Jamie Oliver. Ficou um espetáculo! No geral, o jantar foi ótimo para colocar a conversa em dia. Fazia muito tempo que não nos encontrávamos.


Lu ralando o queijo para o Nhoque


Torta de Chocolate de Jamie Oliver

No dia 21 de Outubro fizemos uma moqueca de peixe e camarão. Sanna, Teea, Cássio, Patrícia, Carol, Flávio e Andréa vieram para o almoço. A moqueca ficou boazinha, não ficou maravilhosa, mas deu para matar a saudade do dendê. Errei na mão, coloquei água de mais e virou um sopão. :)
Esta foi a segunda vez que eu e Lu fizemos moqueca em toda nossa vida e foi a primeira vez que fizemos para mais de duas pessoas (foram no total 10 pessoas). Talvez a próxima fique melhor. Já o pirão ficou uma delícia (com a preciosa fino-baiana ajuda de Sanna)! Foi o sucesso do almoço! Valeu o encontro e o pudim que Carol e Flávio fizeram, estava delicioso!


Tira-gosto: camarão frito com limão


Mesa com moqueca, arroz e pirão


Pudim de leite de Carol e Flávio

Na semana passada, mas precisamente na terça-feira, soube que eu não teria mais lugar para estagiar pois a escola na qual eu iria estagiar estava com problemas hidráulicos. O estágio iria começar na segunda-feira (29.10) e eu só tinha 3 dias para procurar outro lugar. Fiquei arrasada, chorei na escola, passei a maior vergonha, mas eu sou assim se estou mal não guardo dentro de mim, quem me conhece sabe, choro mesmo! Não era motivo para chorar, mas fui pega de surpresa, não queria mais me preocupar com isso e naquele momento jogaram a batata quente em cima de mim. Fiquei nervosa, não sabia para onde ir e nem onde procurar. Pedi para ir para casa e minha professora me liberou, disse que me ajudaria a encontrar outro lugar. No mesmo dia ela enviou para mim o endereço de outra escola. Lá fui eu. Enxuguei as lágrimas, respirei fundo e me transformei na pessoa mais feliz de todos os tempos. Fui na escola, procurei alguém para conversar sobre estágio e encontrei Elena. Ela conversou comigo e disse que daria uma resposta até sexta-feira. Expliquei o que aconteceu com o primeiro estágio e aí veio a surpresa, ela disse que a escola que eu tinha conseguido o estágio, faz parte dessa escola. Ela me disse que eles tiveram, sim, um problema hidráulico mas que os trabalhos por lá não pararam. Fica então a pergunta: por que não me deixaram fazer o estágio lá? Fiquei um pouco desconfiada mas, agora, são águas passadas.
Na quinta-feira passada, Elena ligou para minha professora e falou que poderia estagiar com ela, ajudando os professores de informática e de matemática (20h por semana). Nessa altura, eu já tinha vaga certa em uma creche e um possível estágio em uma ONG. Cancelei a creche e o estágio na ONG eu troquei por voluntariado, pois ajudando os projetos dessa ONG, que se chama Pakolaisapu (Ajuda aos Refugiados) poderei exercitar o finlandês e ao mesmo tempo conhecer novas pessoas.
No final tudo deu certo! ;)
No sábado passado, dia 27.10, foi aniversário de Sanna. Na verdade o aniversário dela é no dia 26.10, mas foi comemorado no sábado. Fomos para um bar, onde teve uns tacos com guacamole e molho de tomate apimentado, bolos de chocolate e marshmallows. Tudo estava uma delícia. Fomos com Patrícia, pois Cássio viajou para o Rio de Janeiro para defender a tese de doutorado dele. E encontramos Teea no bar. Só um detalhe importante, os primeiros a chegar na festa fomos nós! Essa fama que brasileiro chega nos lugares atrasados é mentira!! Finlândes é que chega atrasado nos lugares. Brincadeirinha... não podemos generalizar (coitados dos finlandeses que são pontuais) e nem considerar uma pequena amostra de 3 brasileiros. Foi uma noite muito boa!
Hoje começou o estágio, no próximo post contarei como foi.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Chuva com neve, já?!

Isso mesmo, o inverno já se aproxima. Nessa semana acho que fez em média +5°C e especialmente hoje quando estava no curso de finlandês vi pela janela chuva com neve. Não é neve ainda, mas dá para ver os "flocos de neve" flutuando no ar e caindo em forma de gota de chuva. O vento está mais frio e a temperatura agora é de 0°C.


Previsão do tempo para essa semana

Acho que esse inverno vem com toda força, pois no ano passado quando chegamos aqui em Outubro, nessa mesma época, pelo o que eu lembro, não vimos isso, chovia muito mas não teve chuva com neve como agora.
Por falar no ano passado, no dia 15.10 faremos um ano na Finlândia. Sempre que acontece esses tipos de situações, surge logo o famoso chavão: "Como passou rápido!".
No começo foi difícil, cultura diferente, pessoas estranhas, clima frio e escuro e sem falar na comida, que choque! Eu tinha medo de tudo, não falava inglês, muito menos finlandês. Não conseguia me imaginar trabalhando aqui e nem sabia no que eu iria trabalhar. Dependia de Lu para quase tudo. Lu estava começando o trabalho dele, muitas expectativas e coisas novas mas também algumas dificuldades em saber como lidar com os colegas de trabalho.
Agora quanta mudança! Lu já tira de letra o comportamento do pessoal de lá, as expectativas dele agora estão mais realistas, pois um ano se passou e ele já sabe como a empresa funciona. Hoje eu já estou sabendo me virar em muitas situações sozinha, às vezes, alguém pergunta alguma coisa em finlandês para Lu e ele nem faz a pergunta clássica "Do you speak english?", ele olha para mim e fica esperando eu traduzir e responder. Isso fez muita diferença para mim. Além disso, já consigo me imaginar trabalhando aqui, provavelmente, no próximo ano pretendo entrar na escola técnica (que aqui é um tipo de graduação mais "prática") e fazer um curso (em finlandês) para assistente social.
Sobre a comida e clima, foi uma questão de tempo para acostumar. Hoje sabemos onde encontrar e como fazer as nossas comidinhas brasileiras. Também, durante esse tempo, conhecemos alguns restaurantes bem legais com comidas gostosas, ou seja, conseguimos sobreviver. Sobre o clima, lembro que quando chegamos na Finlândia, fazia +10°C e ventava muito. Nós sentimos muito, muito frio, tanto frio que não conseguíamos ficar na rua. Logo compramos 2 casacões e vestimos várias camadas de roupas. Vejam só, hoje fez 0°C, eu estava usando um casaco de agodão e sem as várias camadas, só o cachecol e as luvas. Que diferença! É, o corpo se acostuma mesmo. Quando formos para o Brasil no verão, acho que vamos sofrer um pouco, mas pelo menos teremos também a praia e a água de côco para refrescar. :)
Durante esse ano, conhecemos todas as estações do ano, cada uma com características bem específicas e maravilhosas. Inverno com a neve e (a não tão maravilhosa) escuridão. Na primavera, o verde volta a fazer parte do cenário e as árvores se enchem de flores. Verão, ah o verão... foi maravilhoso, nem tão quente nem frio (só faltou a água do mar ser mais quentinha). E para completar: o outono, as folhas verdes passam a ser amarelas, vermelhas e algumas até rosas. Tão bonito!
É claro, que não podemos esquecer das pessoas que conhecemos durante esse tempo, que nos ajudaram a entender melhor como tudo funciona por aqui e nos apoiaram nos momentos mais difíceis. Também, ao carinho e apoio que recebemos dos nossos familiares, das muitas horas no skype com eles, com o coração apertado de tanta saudade, algumas vezes as sessões eram só choro (principalmente no começo e claro, que eu chorei muito mais que Lu) caía uma tonelada de lágrimas, mas muitas outras vezes, risos e novidades boas. Tudo faz parte. As muitas sessões no IRC e Gtalk com os(as) queridos(as) amigos(as) e os comentários no meu blog. Galera, valeu mesmo!
Saibam que todo esse apoio, carinho e conversas nos fortaleceram e fizeram nos sentir muito melhor. Enfim, valeu a todos!
E para terminar, valeu Finlândia pelas deliciosas pullas e makkaras, por sentirmos seguros, pelos finlandeses, por mais diferentes que eles sejam da gente, são pessoas honestas, sinceras e legais, pelos lindos lugares que conhecemos, pelo trabalho que Lu conseguiu, pelo cuidado e atenção das enfermeiras e médicos que recebi quando precisei ficar internada 3 dias no hospital público e pela possibilidade de fazer um curso de finlandês tão bom. Uhu!!! Valeu!!

quarta-feira, setembro 26, 2007

Céu de Suely e Cirque du soleil

Ultimamente os dias são os mesmos, sem muitas emoções.
Esse módulo de finlandês está bem puxado, aprendemos 2 novos assuntos por semana, é muita coisa, considerando o idioma. Fico me perguntando quando vai ficar fácil? Talvez daqui a três anos, falando e escrevendo em finlandês sem parar.
A professora já marcou o próximo teste, será no dia 05.10. Para estudar tudo até o dia da prova, vou ter que deixar de lado minha queridíssima sonequinha da tarde e as horas em frente a televisão.
Lu está bem no trabalho e tem passado por uns apertos de prazos e muito trabalho.
Disse que nossos dias foram sem emoções, não foi? Na verdade nem todos os dias.
Na sexta passada fomos assistir um filme brasileiro "Céu de Suely" no Festival Internacional de Filmes em Helsinki. Nesse ano, o festival teve 2 filmes brasileiros (Céu de Suely e É proibido proibir), além de diversos filmes de outros países.
No caminho para o cinema, encontramos com Sanna que tinha acabado de assistir um filme. Fomos para uma lanchonete conversar e, é claro, comer também. Lu tomou um café, Sanna, um suco e eu, um super-ultra-delicioso sorvete de creme com morango. Hummm, estava muito bom! A amiga de Sanna foi nos encontrar na cafeteiria e depois fomos para o cinema, que fica do lado da cafeteira. Entramos na sala e logo depois Cássio e Patrícia chegaram. Vimos o filme. É tão bom ouvir e ver um filme em português, diferente dos outros filmes e da televisão que preciso ficar catando as palavras em finlandês na legenda ou me concentrar no inglês para entender o que está acontecendo. O filme é bom, o sotaque do nordeste é bem forte, acho que era do ceará. Mesmo sendo cearense em alguns momentos nos fez relembrar o nosso sotaque baiano. Quem já foi pro cinema com Lu sabe que, quando ele gosta de alguma coisa, ele ri sem parar. Nesse filme quando ele ouvia algo mais próximo do nosso sotaque ele ria, algumas vezes, a cena nem era engraçada e ele ria (doido, doido). :)
Depois do filme nos despedimos de Sanna e da amiga dela, fomos, eu, Lu, Cássio e Patrícia pegar o ônibus para casa. No caminho para o Kamppi, eles nos lembraram que o espetáculo do Cirque du Soleil seria no dia seguinte às 18h. Eu e Lu achávamos que esse espetáculo era bem no final de setembro. Se a gente perdesse esse espetáculo... ai, ai... nem gosto de pensar nisso. Pegamos o ônibus e voltamos para casa.
No sábado às 16h30 encontramos com Cássio e Patrícia pegamos o mesmo ônibus e depois um trem para o estádio onde foi o espetáculo. As cadeiras tinham número marcado, então não precisava muita correria. Entramos e ficamos esperando sentados o início do espetáculo. Eu estava ansiosa, antes do espetáculo um pensamento não saía da minha cabeça "Nunca imaginei que um dia pudesse ver esse espetáculo ao vivo. Eu estou aqui e logo ali o Cirque du Soleil! Uau, parece um sonho!". O nome do espetáculo é Delirium. O espetáculo começou e foi lindo, cheio de efeitos, luzes, som ao vivo (tinha sempre uma banda ou os instrumentos no palco), canções, danças... Mistura tudo isso e acrescenta algumas apresentações dos artistas do circo! Sucesso! Os efeitos do espetáculo me impressionaram, foram sensacionais, nunca tinha visto nada parecido. Nesse espetáculo teve uma homenagem ao Brasil: os cantores cantaram em português, não dava para entender muito bem, mas com certeza, era português. Tinha uma "Carmem Miranda" com uma saia gigante, embaixo da saia alguns dançarinos sambando e jogando capoeira e a banda tinha uma cuica. Se eu visse esse espetáculo no Brasil, eu acharia que a homenagem era porque estavam no Brasil, mas não, vimos aqui na Finlândia e fica claro a cada dia que passamos aqui na Europa, que o Brasil é uma referência cultural mundial. Aêêêê Brasil!!! E para os baianos, "Bóra Baêa!!!" ;)
Para fechar o espetáculo com chave de ouro, eles cantaram uma música em português também. Uau! Eu só lembro de um palavra da música: "Alegria". A melodia está até hoje na minha cabeça.
Saímos de lá felizes e extasiados. Quero mais! Quero mais! Quero mais! Tomara que no próximo ano eles voltem com outro espetáculo!

sexta-feira, setembro 07, 2007

Viagem para Paris (3)

No domingo acordamos às 8h, tomamos o café rapidinho e fomos direto para a estação de metrô. Nesse dia usamos o metrô porque queríamos chegar cedo no Louvre, já que fomos no primeiro domingo do mês, no qual todos os museus tem entrada grátis. O ônibus só passaria no ponto às 10h, depois teríamos que pegar outro ônibus e acho que às 11h30 chegaríamos no Louvre. Optamos pelo metrô para chegar mais rápido, já que o Louvre abre às 9h e assim, evitar a fila. Pegamos o metrô e chegamos lá antes das 9h30. Estávamos esperando uma fila quilométrica. Tinha fila mas não estava grande e andava bem rápida, as pessoas chegavam e entravam logo, sem nenhuma espera. Foi ótimo porque eu odeio esperar.
Entramos e pegamos o mapa do Louvre. Algumas pessoas já tinham nos dito que o Louvre é gigante e acreditem é mesmo. Tem 4 andares e um monte de seções, por isso antes de começarmos, escolhemos os lugares que queríamos visitar. Assim ficou mais fácil.
Vimos as antiguidades medievais, iranianas, francesas, gregas, romanas, egípcias e italianas. Não dava para olhar todas com cuidado, paramos em algumas, tiramos fotos e depois continuávamos caminhando. Dentre as esculturas, nós vimos a Vênus de Milo e as esculturas de Michelangelo. Ao mesmo tempo que olhávamos para as antiguidades em cada sala, olhávamos também para cima, os tetos são lindos. Hoje já não se faz tetos como antigamente. E vimos, é claro, a Mona Lisa. O quadro não é tão grande, eu pensava que ele era maior do que ele é. Não pode chegar perto e você precisa entrar no meio de uma fileira desordenada e tentar tirar uma foto de longe com um monte de gente te empurrando. Lu foi e fiquei esperando, não dava para entrar os dois, era muita confusão. Olhamos mais alguns quadros franceses e italianos do séc. XIII até o séc. XVII. Nesse mesmo andar vimos outras esculturas, não deu tempo para ir no último andar, pois já era 12h e ainda queríamos ir ao Museu D'Orsay. Para sair do Louvre é uma aventura, acho que nos perdemos um pouco, mas foi até bom, porque vimos as seções que não tínhamos visto ainda. Conseguimos sair do Louvre e pegamos outro ônibus para o D'Orsay.


Museu do Louvre


Teto do Louvre


Vênus de Milo


"The Dying Slave" de Michelangelo


Eu no Louvre


Mona Lisa


Lu no Louvre

Quando chegamos no D'Orsay, tinha uma fila enorme, estava andando mas esperamos uns 15 minutos. Pegamos o mapa e Lu disse que queria ir logo para o quinto andar, onde estão as obras dos principais pintores do Impressionismo. Em cada seção que Lu entrava, os olhos ficavam brilhando. Ele já tinha lido muito à respeito desses pintores quando ele morava com os pais dele. Cada quadro que ele via, ele queria tirar uma foto. Lu não é de fazer isso, ficar que nem aqueles turistas japoneses, que querem sair sempre na foto, não importa o que seja, eles tem que aparecer. Lu estava muito emocionado e queria ter o registro que ele esteve ao lado desses quadros. Depois disso, passamos rapidinho nos outros andares e na loja. Compramos 3 cópias e um livro pequeno sobre artes. Saimos do D'Orsay e comemos uns sanduíches em uma lanchonete pertinho do museu.


Museu D'Orsay


Relógio do D'Orsay


A ponte de Monet e Lu


A sesta de Van Gogh e eu

Depois do lanche, pegamos o ônibus de novo e fomos em direção a Igreja Sacré Cœur. Nós fomos encontrar com meu primo, Thiago, na frente do portão dessa Igreja. Esperamos um pouco, logo em seguida, Thiago chegou e fomos visitar outro museu. O museu de Salvador Dali. Como esse museu é privado, tivemos que pagar as entradas. Vimos as pinturas e esculturas de Dali, descobrimos que ele também foi estilista de moda, cada coisa doida. Depois do museu, fizemos outro lanche e colocamos a conversa em dia. Às 18h, Thiago nos levou à estação de metrô e de lá fomos direto para o Aeroporto.


Salvador Dali


Museu Salvador Dali


Pintura de Salvador Dali


Eu, Lu e Thiago (meu primo)

Gostei muito de Paris, foi uma viagem intensa, a cidade é muito bonita e bem conservada, nos fez muito bem. Se um dia sobrar alguma grana, pretendemos voltar à França e conhecer Versalhes, dizem que é uma cidade muito bonita. Sonhar não custa nada, não é mesmo?

quinta-feira, setembro 06, 2007

Viagem para Paris (2)

Sábado, 1 de Setembro, acordamos cedo para termos tempo suficiente para ver os principais pontos turísticos de Paris. Tomamos café da manhã no hotel, estava muito bom o café e principalmente os pães. Foi um café modesto, mas muito saboroso. Depois conversamos com o recepcionista (não foi o mesmo que nos recepcionou à noite) sobre o ônibus "Hop on Hop off". Esse recepcionista era mais alegre, falou algumas palavras em português, disse que tinha ido ao Brasil, já ganhou a gente, foi muito mais educado e gentil. Ele nos explicou que podíamos comprar os tíquetes do "Hop on Hop off" isto é "L'Open Tour" com ele mesmo. Ele nos deu o mapa com as rotas que o ônibus percorre em Paris e os pontos onde nós podíamos descer e subir. Pegamos 2 tíquetes para dois dias incluindo passeio de barco, pagamos 6€ (preço total) no hotel pelo serviço e mais 34€ (cada tíquete) para o motorista do ônibus. Eu acho que essa é a melhor opção para quem quer conhecer a cidade em poucos dias. Nós usamos o metrô só quando queríamos chegar em algum lugar mais rápido ou quando não tinha mais esse ônibus para pegar. Se você tem tempo, eu acho que andar de ônibus em Paris é melhor do que de metrô. De metrô você não conhece a cidade de fato, não vê as ruas, os bares, as lojas, vê só os túneis. Usamos o ônibus a maior parte dos dias, sempre íamos para o segundo andar do ônibus. Por falar nisso, quando o ônibus está em movimento, lá em cima faz um frio, pois venta muito, mas quando o ônibus pára ou quando você anda pela cidade não tem tanto vento. Então é bom levar um casaco na mochila para esses momentos. Esse ônibus tem 4 rotas turísticas e um monte de pontos. Escolhemos quais pontos nós queríamos visitar e os outros, vimos e tiramos foto do ônibus mesmo.
Lá fomos nós. Pegamos o mapa e fomos em direção ao ponto mais próximo.
Antes de chegar no ponto vimos a Torre Montparnasse, ela muito é grande, tem 210 metros e 56 andares. Uau!


Torre Montparnasse

Andamos um pouco mais e chegamos no ponto. Todo o ponto que esse ônibus pára tem uma marca amarela e verde e tem escrito "L'OpenTour". Não é tão difícil de encontrar considerando essas cores. No ponto conhecemos 2 brasileiras que já estavam em Paris há 4 dias e disseram que o ônibus estava atrasado. Depois de alguns minutos o ônibus chegou, entramos e pagamos de fato os tíquetes. Pode pagar com cartão de crédito ou dinheiro, mas acho melhor pagar com dinheiro. Digo isso porque tentamos usar o cartão e a máquina demorou tanto para dá um sinal de vida que resolvemos pagar com dinheiro mesmo. Algumas pessoas já estavam olhando feio para gente, pois estávamos atrasando o passeio de todos, inclusive o nosso.
O primeiro ponto foi a Catedral de Notre Dame. Antes de chegar lá tiramos algumas fotos de cima do ônibus do prédio da Assembléia Nacional e da Les Invalidés que fica perto da Escola Militar. Quando chegamos na Catedral ficamos impressionados com os detalhes nas paredes, os vitrais, o altar, o teto, como tudo é bonito e bem feito. Essa catedral foi feita em homenagem a Maria, por isso o nome Notre Dame, ou seja, Nossa Senhora. Ela foi construída em uma pequena ilha chamada "Ile de la Cité". Não precisa pagar para entrar, acho que se você quiser pode subir, nós não subimos então não sei se paga para subir.


Catedral de Notre Dame


Parede da Catedral de Notre Dame (repare nos detalhes)


Vitral da Catedral de Notre Dame

Depois entramos no ônibus de novo e fomos conhecer a avenida Champs-Élysées e o Arco do Triunfo. Descemos em um ponto que fica no meio da avenida para tirar algumas fotos e sentir de perto o que é a tão falada Champs-Élysées. Quando nós descemos percebemos como é extensa. De um lado pode-se ver o Arco do Triunfo e do outro o Obélisque de la Concorde. Em cada lado da avenida tem duas fileiras de árvores, as quais dão um visual bem legal à avenida.


Avenida Champs-Élysées ao fundo o Arco do Triunfo


Avenida Champs-Élysées ao fundo o Obélisque de la Concorde


Eu na Avenida Champs-Élysées


Lu na Avenida Champs-Élysées

No caminho para o Arco do Triunfo, paramos em uma lanchonete e comemos uma deliciosa baguete (especialidade francesa) de presunto parma. Depois desse lanche rápido, caminhamos mais um pouco e percebemos que o Arco do Triunfo fica no meio de uma rotatória, só que não tem como atravessar pela rua. Depois de alguns segundos procurando um forma para atravessar a rua, avistamos uma placa que dizia que tínhamos que descer uma escada para chegar do outro lado. Ahá! Descemos as escadas, passamos pelo túnel e conseguimos chegar no Arco do Triunfo. Ele é muito, muito grande. Quando eu via nas fotos, achava que ele era médio, não tão grande, sei que isso é muito relativo, fica difícil de explicar, enfim, não imaginava ele do tamanho que ele é realmente. Ele foi inaugurado em 1836 e foi construído para comemorar as vitórias militares de Napoleão Bonaparte. Lá tem os nomes de 128 batalhas e 558 generais. No meio do arco tem um túmulo de um soldado desconhecido, construído em 1920. Quando vi isso, achei meio esquisito por que construir um túmulo para um soldado desconhecido naquele lugar? Li sobre o assunto na wikipedia e entendi o porquê. No tempo de guerra, muitos soldados morreram sem serem identificados, por isso, alguns países construíram esse tipo de túmulo que representa a sepultura desses soldados não identificados. Agora sim!


Arco do Triunfo


Lu no Arco do Triunfo (ele está de casaco azul e de braços abertos,
repare como Lu ficou pequenininho em relação ao Arco do Triunfo)



Batalhas e nomes de generais escrito na parede do Arco do Triunfo

Pegamos o ônibus de novo e fomos para a Torre Eiffel. Esse sim é um lugar famoso. Foi tão estranho ver a Torre Eiffel de tão perto, a qual só tinha visto em livros ou na internet. Eu me senti um pouco sem ar, com um sorriso preso, meio eufórica por estar tão perto e pensar "ela realmente existe!". A Torre Eiffel tem 317 metros de altura, pesa 10.000 toneladas e o seu nome veio do engenheiro que a fez, Gustave Eiffel. Li no wikipedia que ela foi construída para um evento de comemoração do centenário da Revolução Francesa. Inicialmente, Eiffel planejou construir a Torre no Canadá, mas foi rejeitada. Imagine se essa torre fosse construída lá? Qual seria o ícone de Paris hoje? Talvez o Arco do Triunfo, sei lá. Resolvemos não subir na Torre, pois não tínhamos tempo, se um dia a gente voltar, quem sabe?


Torre Eiffel


Lu, eu e a torre ao fundo


Depois fomos andando em direção ao Museu de Rodin. No caminho vimos a Escola Militar e um monumento à paz, onde tem a palavra paz escrita em vários idiomas. Andamos mais um pouco, passamos na frente do "Les Invalides", onde tem museus e monumentos, todos relacionados a história militar da França. Como eu disse só passamos na frente, não tivemos tempo para visitá-lo. Andamos mais um pouco e achamos o museu. Pagamos nos dois tíquetes 14€ (eu acho). Vimos a coleção dele de artes japonesas e depois fomos para o jardim onde estão as obras dele. É impressionante ver as esculturas dele de tão perto, elas são muito expressivas e a sensação que dá é que a qualquer momento elas vão se mexer de tão real que parecem ser. Adorei! Eu nunca tinha visto uma exposição como essa, não sou muito referência, já que só vou de vez em quando a um museu de arte, mas eu garanto é de impressionar qualquer um.


Escultura de Rodin


Escultura de Rodin


Pensador de Rodin

Depois dessa experiência maravilhosa, pegamos o ônibus de novo e fomos em direção a Igreja de Sacré Cœur. De cima do ônibus vimos o Obélisque de la Concorde (agora de perto), a Igreja La Madeleine, a Academia Nacional de Música e o cabaré Moulin Rouge. O Obélisque de la Concorde fica na praça La Concorde onde durante a revolução francesa mais de 1300 pessoas foram guilhotinadas, entre elas o rei Luis XVI, a rainha Maria Antonieta, Madame du Barry, Antoine Lavoisier, Danton e Robespierre. Esse obelisco fica no centro da praça de La Concorde, decorado com hieróglifos egípcios que exaltam o reino do faraó Ramses II. Mehemet Ali, governador do Egito, ofereceu à Paris em 1831 esse obelisco que tinha, naquela época, 3.300 anos. Era nesse lugar, no qual o obelisco está atualmente, que ficava a guilhotina.
O cabaré Moulin Rouge foi construído em 1889 e até hoje oferece musicais. Antigamente, era um cabaré de striptease e onde tinha as famosas apresentações de Cancan, hoje não sei o que acontece por lá. Quem quiser pode ir lá e conferir, não esqueça de contar pra gente. :)


Obélisque de la Concorde


Igreja La Madeleine


Academia Nacional de Música


Moulin Rouge

Chegamos na Igreja Sacré Cœur, estávamos mortos de cansaço. Quando saimos do ônibus, colocamos nossa câmera na mochila, porque lá tinha muitas pessoas e também não nos sentimos à vontade com o clima do lugar. Andamos um pouco, compramos um crepe de nutela, maravilhoso! No entanto, a vendedora era muito grossa, parecia que alguém a obrigou a vender crepe. Travamos uma conversa bem rápida, pedi um crepe de nutela, ela fez o crepe com uma cara mal-humorada, depois de pronto me entregou e eu paguei. Só que me atrapalhei e paguei 2€ ao invés de 3€. Ela me olhou séria e disse "3€!" em francês, eu entendi falei "pardon" e entreguei o restante. Aff! Ninguém merece! Vou logo avisando, ela fica no final da ladeira em direção a Igreja Sacré Cœur exatamente na esquina, à direita de quem está subindo. Não vá ou vá lá e dê 2€ ao invés de 3€ hihihihi...
Quando chegamos na Igreja, uns caras vieram em nossa direção e pediam o nosso dedo. Como somos escolados no Pelourinho, não sabíamos nem o que eles queriam e fomos logo dizendo "No, no, no!". Eles rapidamente desistiram da gente. Depois descobrimos a intenção deles, pois vimos eles fazendo nas mãos de outros turistas. Eles pedem o seu dedo, colocam um argolinha com umas fitinhas no seu dedo, traçam bem rápido essas fitinhas, que se transformam em um pulseirinha e depois tentam vender a pulseira para você. Depois ficamos sabendo por meu primo, que está estudando em Paris, que se você não paga, o cara diz "respeite o Senegal!" e chama os outros colegas dele para cobrar a grana de você. Que onda, né? Moral da história: nunca dê seu dedo sem saber para quê. (essa frase ficou meio esquisita, entendam como quiser, hehehe)
Depois de ultrapassar a "galera do Senegal", subimos a escadaria para ver a Igreja. Lá em cima tem uma vista muito bonita de Paris, entramos na Igreja rapidinho e depois voltamos para o ponto pegar o último ônibus para o passeio de barco.


Igreja Sacré Cœur (e as escadas, tem muito mais escadas
do que está aparecendo nessa foto)



Vista da Igreja Sacré Cœur

Descemos do ônibus e pegamos o barco. Na verdade não é um passeio guiado, é um barco para ir de um lugar para outro. Foi legal ver Paris do barco. Descemos perto do Louvre e fomos jantar. Jantamos em um restaurante francês em uma ruela, agora não lembro o nome da rua. Eles tem um esquema de almoço completo com entrada, prato principal e sobremesa. Nós pagamos 14€ cada um para ter tudo isso. É muita comida, já não tinha espaço para sobremesa. O garçom atendeu a gente bem, mas eu sentia um "quê" de irritação da parte dele, os franceses realmente não gostam de falar inglês. Depois do jantar, pegamos um metrô de volta (é sempre bom ter o mapa do metrô nas mãos) e fomos para a Torre Montparnasse, ver Paris de noite.


Eu no barco


Lu no barco


Vista do barco


Eu no restaurante francês


Lu no restaurante francês


Restaurante francês

Quando chegamos na Torre Montparnasse, compramos o ingresso lá mesmo (não lembro quanto foi) e subimos até o 56º andar. O elevador sobe tão rápido que você sente aquela mesma sensação nos ouvidos de quando o avião está decolando. No 56º andar, fomos para o terraço de escada. Foi tão lindo. A torre Eiffel estava brilhando, lindo, lindo! Deu para ver alguns lugares que a gente tinha conhecido só que agora de noite e com iluminação. De lá dá para ver Paris 360º. Foi massa! Eu recomendo!


Vista da Torre Montparnasse (Torre Eiffel brilhando)


Vista da Torre Montparnasse (Les Invalides em verde)


Depois desse dia cheio e intenso, voltamos para o hotel andando e dormimos vendo o US Open de tênis na TV.