quarta-feira, junho 13, 2007

Excursão para Turku

Na semana passada, no dia 8 de Junho, eu e minha turma do curso de finlandês fomos para outra excursão. Fomos conhecer Turku, uma cidade do séc. XIII. É a cidade mais antiga da Finlândia e já foi a capital do país. Em 1640, a primeira universidade da Finlândia foi construída em Turku, mas quando Turku foi incendiada, a universidade foi queimada também. Hoje a universidade mais antiga da Finlândia é a de Helsinki (1820).
A viagem começou às 8h30, a duração foi de mais ou menos 2 horas (saindo de Espoo). Antes de chegarmos em Turku paramos em um lugar para comer alguma coisa. Foi uma viagem bem tranquila.


Lakshmi no ônibus indo para Turku


Durga


Huyen e Hong


Minha professora (à esquerda), Riikka, e a professora da outra turma


Gadzhi e Dmitry


Mai e Ezster


Dmitry e Lionel


Parada para o lanche

Quando chegamos em Turku, o clima estava maravilhoso, fazia sol e calor. Fomos direto para a Catedral de Turku (Turun tuomiokirkko, séc. XIV) e logo em seguida, conhecemos o nosso guia. Ele é de Turku, é uma pessoa muito simpática e foi muito paciente com a gente, explicava tudo bem devagar e assim, foi possível entender muita coisa.
Essa Catedral é Luterana mas já foi católica. Como a religião luterana não acredita em santos, a Catedral ainda tem os lugares onde os santos católicos ficavam que hoje são só buracos vazios. Essa Catedral foi incendiada umas 20 vezes (não tenho certeza, mas sei que foram muitas) e Turku, 10 vezes (essa quantidade eu tenho mais certeza, pois a minha professora disse em sala de aula). A Catedral é bem alta (a torre tem 100 metros de altura em relação a superfície do mar) e é muito espaçosa (100 metros até o altar). Nem sempre foi assim, antes dos incêndios ela era menor do que é hoje.
Dentro da Catedral tem um órgão bem grande. Ele tem 8000 tubos e o maior tubo tem 8 metros de altura. Logo na entrada da Catedral tem uma "bacia" feita de gesso com água benta, onde as crianças são batizadas (não lembro o nome dessa bacia, hihihihi). O guia disse que eles colocavam essa bacia na entrada pois não queriam que crianças entrassem na Igreja sem antes serem batizadas. Acreditavam que as crianças quando nasciam não tinham Deus e muito menos religião e por isso, não eram dignas de entrar nesse lugar sagrado. O mais interessante foi que ele disse que antigamente as meninas eram batizadas com água fria e os meninos com água quente, já que eram mais especiais. Que absurdo! Ainda bem que hoje tudo está mudado, todo mundo é batizado em água fria, pena que não escolheram manter a tradição da água quente.
Dentro da Catedral, do lado direito e esquerdo, tem alguns monumentos em homenagem a pessoas que fizeram alguma coisa boa ou importante para a cidade ou para a Catedral.


Frente da Catedral


Dentro da Catedral


Órgão gigante


Um dos monumentos em homenagem a alguém
que não me lembro agora



Altar

Depois da Catedral, fomos para o museu ao ar livre o qual tem 200 anos. Nesse museu tem algumas casinhas de artesãos, são bem parecidas com as casinhas que vi em Seurasaari. Quando Turku incendiou, esse foi o único lugar que não pegou fogo e até hoje eles conseguiram manter com bastante cuidado. O guia disse que esse lugar não incendiou porque é o lugar mais alto da cidade. Antes de chegarmos no museu, eu vi pela janela do ônibus a ladeira para o museu, posso garantir que não chega nem perto da nossa ladeira do Acupe. Mas tenho certeza, que Brotas e Federação sobreviveriam muito bem a qualquer incêndio ou desastre ecológico.
Esses incêndios constantes em Turku tinham três motivos: as casas e quase todos os móveis eram de madeira, eles usavam lareira para se aquecerem do frio e as casas eram construídas muito próximas umas das outras. Às vezes, uma faísca saía da lareira e queimava a casa inteira e assim todas as casas ao redor queimavam também.
Tinha uma coisa nessas casinhas, tanto em Seurasaari quanto nesse museu em Turku, que me deixava intrigada, por que as portas e as camas eram tão pequenas? Antes que vocês tirem alguma conclusão louca, já vou logo avisando, eles não eram anões, não. Por coincidência, o guia explicou. Eles construíam casas com portas pequenas e poucas janelas para manter a casa mais quente, pois se tivessem uma porta grande e muitas janelas, o calor sairia, viria o frio de doer os ossos e o custo para manter a casa aquecida, seria muito alto. E sobre as camas pequenas, o guia explicou que eles preferiam dormir sentados, porque eles acreditavam que se eles dormissem deitados, o sangue poderia ir para a cabeça, no dia seguinte eles acordariam com uma forte enxaqueca e em seguida, morreriam. Que loucura! Fico imaginando quando a primeira pessoa resolveu dormir deitada e sobreviveu a essa tarefa difícil, deve ter saído até no jornal.
Depois saímos do museu e fomos passear de balsa. Ficamos em cima da balsa no máximo 10 minutos, ela leva o povo de um lado para o outro do rio e já tem 100 anos, ainda bem que não afundou. :)


Casinhas do museu


Dentro de uma casinha


Eu na frente de uma casinha


Dmitry e Hong.
Nessa foto dá para ter uma idéia do tamanho da porta.
Hong é pequena, não conta, mas Dmitry é um pouco maior que eu,
para ficar do lado da porta ele teve que abaixar um pouco.



Moça vestida a caráter


Balsa

Logo em seguida, fomos para o Castelo de Turku (séc. XIII). Nesse Castelo moraram muitas pessoas: primeiro, o rei da Suécia, depois em 1556, o duque Juhana e depois em 1600, o governador geral Pietari Brahen. As paredes do Castelo tem 5 metros de espessura. O guia contou que quando os inimigos vieram, eles não conseguiram entrar no Castelo, tiveram que esperar 9 meses e nesses 9 meses, o Castelo mudou de dono 9 vezes. Não sei como eles entraram e nem quando aconteceu isso, eu só ouvi o guia falar.
Em 1941, o Castelo foi bombardeado, depois restauraram-no e ficou pronto em 1961. Os quartos, que são muitos, mostram como eram quartos antigamente. Desde 1881 que o Castelo funciona como o museu histórico da cidade de Turku.
O guia comentou também que os soldados bebiam 7 litros de cerveja por dia e como o rei não tinha como manter esse custo, eles fizeram greve e o rei teve que fazer um acordo com os soldados. O rei disse que poderia bancar 5 litros de cerveja para cada soldado durante 5 dias, um dia da semana, ele poderia dar 6 litros e outro dia da semana, dava 7 litros. Assim, todo dia da semana eles ganhavam cerveja e bebiam, bebiam e bebiam. Fico pensando como deve ter sido em período de guerra, será se esses soldados deram conta?
O guia explicou também porque os homens tem a mania de dizer com o sorriso no rosto: "Damas primeiro!". Ele disse que antigamente, as mulheres não eram tão importantes, então sempre que eles precisavam entrar em algum lugar diferente, no qual eles não sabiam se tinham inimigos, eles diziam "Damas primeiro!". Caso tivesse algum inimigo do outro lado da porta, matava primeiro a "dama" (coitada) e dava tempo para o homem "gentil" se preparar e matar o inimigo. Gente boa!


Primeira entrada do Castelo


Segunda entrada do Castelo


Dentro do Castelo (depois disso não pude mais tirar foto,
mas fica aí o gostinho de conhecer)


Depois do Castelo, fomos para o centro de Turku almoçar. Eu já estava azul de fome. Eu, Hong e Huyen "almoçamos" no Hesburger, uma lanchonete que surgiu em Turku. Depois de almoçar, andamos um pouco na praça, Hong e Huyen compraram algumas frutas e voltamos para o ônibus.


Feira na praça


Huyen e Hong tirando uma soneca dentro do ônibus voltando para Espoo

Chegamos em Espoo às 18h, eu estava muito cansada. Cheguei em casa e capotei.
Foi um delicioso passeio, aprendi muito e foi bem divertido! Prometo que no próximo post comento como foi o Carnaval de Helsinki.

5 comentários:

Teea disse...

O Föri não vai afundar, não :)
Que legal o seu post! Saudades de Turku (e do rio Aura), pois não me lembro de todas essas histórias como você... mas isso já é normal, tá me ensinando historia deste país! :)

Beijo!

Mônica Paz disse...

olá, só dei uma olhada rápida nas fotos: lindas. depois leio com calma. Minha carga-horária tem sido pesada nesse fim de curso e estou indo para casa :-)
beijos

Pata disse...

Oi Ca!
Adorei as fotos e a narracão. Muito legal mesmo. Estou vendo o qto os cursos do governo são bons, pois além de aprender a língua, dá pra aprender muito da cultura e ainda por cima passear, hehe!
Bjs

Anônimo disse...

Agora sim eu li (enquanto espero Saback entender o que tem de errado com o latex da minha mono).

Seus posts sempre são desestressantes, as fotos lindas e muito rico em detalhes :-) Parabéns.

Anônimo disse...

(muitas horas depois de ter dado uma mão para Mônica como a mono-grafia dela...)

Olá, Cá,

Só para registrar: li, gostei do que li, sempre muito ilustrativo mesmo quando não há fotos. Uma aula agradável de História e de reportagem.

Preciso deitar-me. Mas, antes lavar pratos!

Beijocas,
W.

P.S.: Muito agradável ver o cosmopolitismo de sua turma. Tantas pessoas de tantos países em situações coletivas. Traz-me a impressão de unidade mundial, ainda que este mundo esteja tão controverso...