sábado, março 20, 2010

O nascimento de Julia (parte 2)

Continuando de onde eu parei no post anterior...
Depois de algumas horas usando todas as técnicas possíveis e puxando o máximo de gás possível, fizeram outro exame mais ou menos às 20h e eu estava com 6cm de dilatação e por isso a midwife disse que repetiria o exame depois de 4h. No final do dia eu já tinha passado por 3 midwives diferentes. Perto da meia noite, eu já sentia vontade de empurrar e a midwife falava "não empurre! ainda não é a hora!". Me examinaram de novo, como estava muito tensa, a midwife não sabia dizer se eu estava com 9cm ou 9,5cm, ela resolveu chamar a "chefe" das midwives e ela confirmou que eu estava com 9cm. Disseram para esperar mais duas horas que eu iria alcançar os 10cm. No entanto eu já estava desidratada, cansada, febril e as contrações já estavam bem espassadas. Então, elas sugeriram que tomasse uma dose de ocitocina (em inglês: syntocinon) para dar um "boost" nas contrações, só que como eu já não aguentava mais as dores, elas sugeriram que eu tomasse a peridural. Ah! A peridural! Nós aceitamos na hora! O anestesista e sua assistente apareceram no quarto. Pediram para minha mãe sair enquanto eu tomava a peridural. Minha mãe, tadinha, foi levada lá para o primeiro andar, onde tinha uma sala de espera. Depois que levaram minha mãe, o anestesista começou a contar todos os riscos de uma peridural e disse que enquanto ele tiver aplicando a peridural eu não posso me mexer de jeito nenhum e que se eu sentisse uma contração, era para eu avisar que eles esperavam passar. Nessa hora Lu ficou preocupado e eu só pensava em tomar logo essa injeção e me livrar das dores. Lu ficou na minha frente me segurando e me apoiando, enquanto a midwife ficava tentando achar o batimento cardíaco de Julinha. Quando eu senti a primeira agulhada, lá veio uma contração e pararam tudo. Depois que a contração passou, o anestesista terminou de aplicar a peridural e eu estava no paraíso. Logo que terminou a aplicação da peridural, Lu foi lá embaixo buscar minha mãe. Todo mundo que tinha me visto antes da peridural e passou lá no quarto depois da peridural dizia "poxa! como você está diferente agora! você parece bem melhor!". Eu estava me sentindo muuuuito melhor mesmo! Até mesmo o exame foi tranquilo, não sentia nada e as midwives puderam confirmar que eu estava com 9cm de dilatação. Disseram que iriam esperar mais 2 horas para ver se a ocitocina fazia efeito. O engraçado era sentir a barriga contrair sem sentir absolutamente nada. Julinha estava muito bem dentro da minha barriga, não estava cansada e parecia reagir bem a tantas horas de parto.
Depois de 2 horas me examinaram e não tinha feito nenhum progresso, resolveram aumentar a dose da ocitocina. Após 2 horas, nenhum avanço. Isso já era perto das 5 horas da madrugada, uma médica mais algumas midwives vieram em meu quarto e sugeriram a cesária porque já fazia mais de 24h que a bolsa tinha rompido, as minhas contrações ficaram mais espassadas e mesmo com a ocitocina, eu não estava mais dilatando. Só nesses momentos que a gente percebe que 1 cm faz muito diferença. Concordamos com a cesária e lá fomos nós nos preparar. Lu entrou comigo, eles usaram a mesma aplicação da peridural dada anteriormente para a cesária. Antes de começarem, perguntaram para Lu se ele não queria pegar a máquina fotográfica pois ainda teria tempo. Nós achávamos que não podia tirar fotos lá dentro, mas assim que eles liberaram, Lu foi lá fora pegar a máquina rapidinho. Depois de uma dose potente de anestesia, não sentia mais nada da cintura para baixo. As médicas começaram a fazer os primeiros preparativos e ainda não tinham colocado aquela cortina na nossa frente, a gente achou que não teria cortina e que Lu iria ver tudo, mas logo depois vieram com a cortina, ufa que alívio! Depois de só sentir elas me puxando para um lado e para outro, ouvimos Julinha chorar. Foi tão forte, tão emocionante, Lu abaixou um pouco, me abraçou e começamos a chorar juntos. Falei para ele "vai lá ver nossa filha". Ele foi e ficou lá, eu na maca chorando e chorando, quando vi que ele não voltou, comecei a chamá-lo. Ele veio, eu perguntei "como ela é?" e ele disse "ela é engraçadinha!". Depois eu soube que esse "engraçadinha" era para ser "a cabeça da nossa filha é amassada!!!". Como ela ficou muito tempo encaixada para nascer, é claro que ela iria sair com a cabeça amassada, mas Lu não sabia e ficou assustado. A midwife trouxe ela para eu ver e ela chorava, chorava e chorava. Já nasceu faminta. Depois fomos para um outro quarto pós-operatório e já fui amamentar Julinha com a ajuda da midwife. Depois chegou minha mãe para conhecer a primeira netinha dela. Ficamos todos olhando e babando. :-)
Eu e Julia ficamos no hospital por três dias, as madrugadas foram ruins para mim, Lu não pôde ficar comigo e tive que ficar sozinha lá tentando aprender como amamentar e a lidar com Julinha aos berros. Foi um alívio voltar pra casa depois disso tudo e ter Lu e minha mãe para me ajudar.
Nossa vida mudou muito com Julinha por perto, nos próximos posts vou contando como está sendo as primeiras semanas de vida de Julia.

3 comentários:

Vinicius disse...

Rapaz, com certeza seu post mais emocionante :_)
Fiquei imaginando a emoção de vocês após essa espera infindável.
Um beijão!!!!

Maria de Salete disse...

Ca,
lendo seus posts parece tudo tão rápido! Mas me lembrei das vinte e tantas horas e da alegria e emoção que senti ao saber que Julinha tinha nascido e que vc estava bem e Lucas tão feliz!

Charles disse...

Texto realmente emocionante, que história bonita! pra rir e chorar de alegria :)