quarta-feira, março 14, 2007

Dias bem diferentes

Faz alguns dias que não escrevo, estou muito ocupada estudando finlandês, tenho que me dedicar mesmo para conseguir acompanhar as aulas.
Mas esses últimos dias foram diferentes. No sábado passado, eu passei muito mal, senti uma dor muito forte na região do ovário direito. Na hora não sabia se era ovário, rim, útero, barriga, intestino, apêndice, doía muito mesmo! Acordei já sentindo dor, esperei alguns minutos para ver se passava, como não passou, chamei Lu, que ainda estava dormindo. Ele acordou em um pulo só. Tomou um grande susto. Nós nunca tínhamos ficado doentes aqui na Finlândia, nem uma gripe. Logo nos primeiros dias que chegamos aqui, eu tive uma dor de garganta que durou um dia, mas nada mais. Então, não sabíamos número de hospital, para qual hospital ir, o que fazer, se o serviço público era bom, Lu ficou desesperado procurando o número, até que ele achou na internet, ligou para confirmar e chamou um táxi. Lá fomos para o hospital. Quando chegamos eu não conseguia ficar em pé, não tinha ninguém para nos atender, só tinham 2 pessoas na sala esperando para serem atendidas. Até que apareceu um cara para nos atender. Essa espera deve ter demorado uns 5 minutos, mas para mim foi uma eternidade. Lu explicou para ele o que estava acontecendo, ele me cadastrou e disse para Lu esperar. Esperamos, esperamos e nada. Lu foi de novo perguntar porque não me atendiam logo, estava com muita dor, era uma emergência e o cara com seu jeito de ser bem finlandês disse esperem mais um pouco. Tá bom, esperamos, até que ouvi meu nome sendo chamado. Fui para sala da ginecologista de plantão, ela me examinou, fiz os primeiros exames e disse para eu ir para um outro hospital. Pegamos um táxi e fomos para o outro hospital.
Quando chegamos no outro hospital, nós ficamos um pouco perdidos, não sabíamos para onde ir, até que uma santa enfermeira apareceu perguntou se eu era eu e disse que estava esperando por mim. Eles sabiam que eu tinha feito alguns exames no outro hospital e estavam esperando sair os resultados dos exames. Eles demoraram um pouco para me darem um remédio que passasse a dor. Descobri que eles só medicam quando tem certeza do que é, no Brasil se você chega na emergência sentindo dor eles providenciam logo um analgésico. Acho que fiquei umas 4 horas (desde quando eu acordei) só sentindo dor, vomitando e sentindo dor, não aguentava mais. Enquanto isso, eles faziam exames e mais exames. Eu tenho pavor de agulhas, mas nesse momento não estava mais ligando. Até que eles resolveram me dar um remédio, tentaram 2 remédios, os dois não funcionaram, aí tentaram um mais forte (injeção no bumbum) e em poucos minutos o remédio começou a fazer efeito e eu consegui ficar bem (sem dor). Enquanto isso, Lu ligou para Sanna e pediu para ela nos encontrar no hospital para nos ajudar. Ela foi e nos ajudou muito. Os médicos explicavam para Sanna os resultados dos exames e falavam o que estava acontecendo e Sanna traduzia para gente. Os médicos ficaram mais à vontade falando finlandês com Sanna do que inglês com Lu. Claro, é a língua deles, a conversa fluia mais, eles se entendiam bem melhor.
Depois disso, fui internada no hospital, dividi um quarto com mais 2 pessoas, 2 finlandesas, não descobri o que elas tinham, mas também não estava muito preocupada com isso, só queria mesmo que a dor passasse. Logo depois, Sanna foi embora e Lu ficou comigo até 23h. Ele não podia dormir comigo no hospital, porque não tinha cama para ele. Então ele teve que voltar pra casa, mas antes de sair ele me ensinou a dizer as palavras mais importantes para a minha sobrevivência naquele lugar "strong pain" e apontar para o local. Fiquei a noite toda acordando de 3 em 3 horas, quando o remédio deixava de fazer efeito e a dor voltava, chamando a enfermeira e dizendo "strong pain". Ela perguntava se eu queria o remédio e eu consentia. E assim, um dia se passou.
No domingo, Lu chegou bem cedinho, mal conseguiu dormir, tadinho. Fiz mais exames e mais exames, fazia exame de sangue sempre, as enfermeiras não conseguiam mais encontrar minhas veias, elas naturalmente são muito finas, imagine sendo furadas constatemente (desculpe pelos detalhes). Esses exames de sangue eram feitos para verificar se eu estava com alguma infecção mais grave, ainda bem que tudo estava normal.
De tarde, Teea apareceu para me visitar, eu estava completamente dopada do remédio, mal falava, mas gostei muito de ver Teea e do apoio que ela me deu. Ela ficou com a gente um pouquinho e depois foi para o aniversário de Patrícia (que nós perdemos, é claro). Logo em seguida, apareceu um médico e disse que era para suspender as injeções com o forte remédio que estavam me dando, para eles poderem saber onde exatamente eu estava sentindo dor e fazer mais exames. Os médicos ainda não sabiam o que estava acontecendo comigo. Ele tomou a decisão certa, eu já não estava mais sentindo dor. Na hora fiquei um pouco apreensiva, achando que a dor iria voltar ainda mais forte, mas ainda bem que não aconteceu isso.
De noite, descartaram a possibilidade de pedras nos rins e estavam acreditando que era alguma coisa com o meu período de ovulação. Meu ovário direito estava maior do que o normal, parecia que tinha acabado de romper um cisto e por isso eu senti aquela dor. Era uma dor muito mais forte que cólica menstrual. Durante esses dois dias eu e Lu ficamos ouvindo que se a dor não passasse, eles irião fazer uma pequena operação para ver direito o que estava acontecendo com meu ovário. Fiquei com muito medo de perder meu ovário ou outra coisa, mas felizmente essa operação não aconteceu. De noite, começaram a me dar suco e água. Lu ficou comigo até 18h e depois foi pra casa, ele estava muito cansado.
Na segunda-feira ele chegou às 9h30 e eu já estava bem melhor, não sentia mais dor, só estava doendo nos lugares que recebi as agulhadas e meu braço esquerdo, que estava recebendo o soro, doía muito. Por causa dele eu mal consegui dormir de noite. De manhã, antes de Lu chegar, apareceu uma nova enfermeira (todo dia era uma diferente) no meu quarto. Ela falava português, disse que morou um ano em Angola e pediu desculpas por não falar tão bem. Olha só! Pediu desculpas... Ouvir português foi um alívio para mim e ela pedindo desculpas. Falei para ela usando meu português pausado e com palavras simples que meu braço doía muito. Ela me entendeu e tomou a maravilhosa decisão de tirar aquele troço de mim.
Na segunda, tomei banho, me deram iogurte de manhã, no almoço comi um salmão quase sem sal e depois do almoço fui liberada.
O serviço público por aqui funciona muito bem, fiquei impressionada! Todas as enfemeiras, médicos e médicas me trataram muito bem mesmo, fiquei um pouco com medo de ter algum tipo de preconceito por parte deles ou deles não acreditarem em mim, de acharem que era história fiada de estrangeiro para não trabalhar e me mandarem de volta pra casa, mas a minha dor foi verdadeira e eles não tinham como negar. Não estava fingindo mesmo! Acho que o preconceito só veio da minha parte, isso porque eu já tinha ouvido algumas histórias sobre médicos x estrangeiros, mas acho que é natural sentir medo e ser um pouco preconceituosa, estamos em um lugar diferente, em um país estranho com uma língua totalmente esquisita para gente. No entanto, de agora em diante, eu irei contar uma nova história.
O resto da segunda-feira passei descansando. Ontem (terça-feira) fiquei em casa e à noite Patrícia e Cássio vieram nos visitar, trouxeram uns docinhos da festa e conversamos bastante. Foi muito bom!
Hoje já voltei para minha rotina de sempre, estou me sentindo bem melhor, voltei para o curso de finlandês e daqui a pouco vou começar a estudar. Enfim, tudo terminou bem! Ufa!

15 comentários:

Pata disse...

Nossa, Carol, que maratona!

Ainda bem que no fim deu tudo certo e vc já está novinha em folha!

Ainda bem que vc gostou dos docinhos, depois de tanta dor vc merecia um pouco de prazer ;)

Tb adorei nosso encontro de ontem; rimos muito, falamos muito, foi muito divertido, temos que marcar mais vezes.

Bjs

Teea disse...

Ai que bom que voltou a escrever! Um sinal que já passou a dor... O pior (além da dor) deve ter sido a longa espera de saber o que teve. Amanhã a gente se vê, e nesta vez longe do Jorvi ;)

Ahh, quanto a fazer amizades... costumo escolher bem os meus amigos, como vc e Lu! E essa outra coisa é que Danilo sabe ainda melhor, coitadinho, ele tem de suportar e entender os meus dias e dias!!

Beijinhos,
Teea

Mauricio Vieira disse...

Que coisa, hem Jona? Mas que bom que já passou e todos aqui esperamos que não tenha sido nada grave, nem que se repita. Afinal, todos queremos saber de um futuro Luzinho ou Cázinha, hehehee.

Sim, e é difícil não ser preconceituoso e não pensar sempre no pior... O preconceito é natural quando a gente não conhece alguma coisa, já que você pode fazer juízo ruim (ou bom). Não tem pra onde correr. Novamente, que bom que o tratamento foi muito melhor do que você chegou a pensar :).

Beijos carinhosos, e ano que vem eu tou aí, de alguma maneira :P

Anônimo disse...

Cá,

Fiquei muito aflito somente ao correr os olhos em cada palavra da sua história. Ao final, graças a Deus, percebi o alívio e o retorno de vocês à normalidade, começando com a sanidade de seu corpo. Realmente, foi agonizante para mim ler tudo. :-|

Mil vivas ao Pai pela melhora, pela perspectiva de uma saúde intacta, pelas dores passadas, pelo descanso merecido de Lu depois de tanto corre-corre, pelos docinhos da festa não ida, por tudo.

E, não se esqueçam, cuidem-se, cuidem-se, cuidem-se. Em especial, de si e de vossa saúde!

Beijão,
Wagner - Fpolis, SC, BR, 14.03.2007, 22h43.

Vinicius disse...

Vige maria mãe de Deus...
Rapaz, isso não foi um post, foi um triller! Mas com final feliz, graças! Fiquei com medo que te dessem algum remédio que vc tenha alergia, já que a dificuldade de comunicação é grande por aí! Cécile anda se sentindo meio esquisita por aqui. Esse seu post é um sinal de que temos que prestar mais atenção nessas coisas e priorizar a saúde, sempre.
Beijosssssssssssssssss e tudo de bom!

Anônimo disse...

Oi, Carol,
imagino o sufoco e a ansiedade que isto deve ter sido... ainda bem que vocês já têm amigos legais, e nada de grave aconteceu.
beijos e melhoras,
Lia.

Maria de Salete disse...

Carolzinha,
que bom te rever!
Vc nem imagina como eu fiquei agoniada por aqui, querendo estar por perto pra dar algum apoio...
Mas melhor ainda é ver que vc está boa, voltou à sua rotina finlandesa, e, principalmente, nem vc nem Lu ficaram sós.
Boas amizades vcs estão construindo por aí.
Beijão

Cécile disse...

Poxa Carol...

Imagino como devem ter sido angustiantes esses dias por aí.
Fico feliz por vc já estar melhor e por não ter sido nada grave.

Fique bem, tá?

Bjo grande

Carlinha Freitas disse...

Oi Cá,

Estava ansiosa por notícias e fiquei super aflita ao ler este post. Agora estou aliviada em saber que vc está melhor.

Espero que isso não se repita de novo.

Ah, quando eu começei a ler o post, tive uma impressão que vc estava enjoando devido a um gravidez :) Quem sabe né? :)

Beijão!

Mônica Paz disse...

Oi Cá, só um pedido: na próxima conta o final antes, do tipo "meus ovários estão bem... comecei a passar mal..." etc etc

Vixe que agunia!

Saúde, minha linda!

Tenha sempre anotado quem é você, suas alergias e outras informações para caso de emergência, please!!

beijão.

Mônica Paz disse...

Tava comentando o caso com Auréi agora e lembrei que eu já passei uma voulação anormal e fui ao médico, mas graças a Deus não foi nada parecido.
A ideia de Carlinha tb é boa rsrrs

Anônimo disse...

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