segunda-feira, dezembro 04, 2006

Duas festas no sábado

Antes que eu me esqueça, infelizmente, a torta de espinafre ficou salgada. Não sabia que a ricota daqui tinha sal e nem me preocupei em olhar os ingredientes da ricota. No Brasil a ricota tem gosto de nada e acho que nem tem sal, se tem é muito pouco. A torta iria ficar salgada de qualquer jeito, antes de colocar a ricota, já tinha posto na panela um cubo inteiro de caldo de galinha que também tem sal (isso eu já sabia). Depois que coloquei a ricota, a qual é o último ingrediente, percebi que estava salgada. Fica aí o aprendizado, da próxima vez diminuo a quantidade de caldo de galinha. Por enquanto, vou comendo a torta com um copão de água do lado.

Como todos sabem já estamos perto do Natal, mas eu e Lu ainda não incorporamos que o Natal está chegando. Talvez porque foram tantas mudanças e saudades que não tivemos tempo para pensar e sentir o clima natalino. Mesmo assim estamos nos esforçando, compramos, na sexta-feira passada, uma árvore de Natal de 1,50m, algumas bolinhas e papéis de presente.


Nossa árvore de Natal


Agora iremos olhar todo dia para ela e assim, nos lembraremos que o Natal está próximo. Aos poucos estamos pensando nos presentes, mas ainda é muito "aos poucos" mesmo. As lojas estão nos ajudando a entrar no clima, agora elas ficarão abertas também durante os domingos até o dia 24/12. Ver o shopping aberto no domingo é até estranho para gente. Já estávamos acostumados a vida comercial finlandesa, a não ter nada aberto no domingo. Em Salvador, os comerciantes trabalham em dia de feriado, domingo e tem períodos que eles até viram a noite trabalhando, aqui isso não acontece. A maioria das lojas ficam abertas de segunda a sexta das 8h até 21h, no sábado das 8h às 18h e agora, no domingo das 12h às 21h. Dia 6 de dezembro é o dia da independência da Finlândia e por isso TODAS as lojas estarão fechadas, não importa que é véspera de Natal, que vai ser um dia a menos para o comércio lucrar, é uma data que deve ser respeitada.
Essa profissão de comerciante deve ser muito cansativa e concordo com os filandeses, os feriados e os domingos são dias que devemos descansar e ficar em casa. Sei que o Brasil é um país completamente diferente da Finlândia, mas eu acho que às vezes existe muita ganância em sempre lucrar, lucrar e lucrar. Posso estar errada, mas é essa a minha sensação.

Como vocês já devem ter reparado é perto do fim de semana que eu escrevo mais, porque são os dias que eu e Lu saimos juntos e fazemos alguma coisa legal. Durante a semana, ele vai para o trabalho e eu fico naquela vidinha mais ou menos aqui em casa, às vezes, vou no shopping ou no supermercado, sem muitas emoções.
Para não fugir do padrão, vou contar o que fizemos nesse último fim de semana. No sábado saimos para duas festas! Duas festas, sim! Acho que estamos virando mais festeiros aqui do que em Salvador. Preparem-se quando nós voltarmos, vamos querer ir para todos os ensaios de banda de pagode, axé, arrocha e o que rolar. Brincadeirinha! Claro que eu acho que estamos saindo muito mais aqui do que a gente saía em Salvador, mas é porque precisamos sair mesmo, conhecer novas pessoas, novos lugares, precisamos nos divertir, senão a tristeza e a saudade nos tomam.

A primeira festa foi com a comunidade brasileira daqui da Finlândia. Pagamos €11 cada um, com este dinheiro ajudamos a pagar o aluguel do espaço (foi em um abrigo anti-bombas, onde uma escola de samba de Helsinki ensaia), comida, copos, talheres e essas coisas básicas. Comemos uma feijoada ma-ra-vi-lho-sa! Valeu Lidi pela delícia de comida! Comi 2 pratões de feijoada e Lu comeu um pouco menos do que eu. Acho que exagerei, mas podem ter certeza, eu estava muito feliz por sentir novamente o gosto do feijão.
Durante a festa conhecemos mais brasileiros e brasileiras, pessoas muito divertidas.


Uma parte da comunidade brasileira na Finlândia


Se você procurou Lu na foto e não encontrou não se desespere, ele não saiu, ele estava tirando a foto. Outras pessoas tiraram a mesma foto e Lu deve ter aparecido, vou tentar consegui-la e depois coloco ela aqui, por enquanto fica essa mesmo. Eu estou na foto, sou a terceira da direita para esquerda, olhem lá, estou meio esquisita. É díficil eu sair bonita em foto, sempre saio desengonçada.

Conversamos com muita gente, mais em especial com Alethea (na foto ela está do meu lado à direita de cachecol preto), ela é de Londrina, e Kim, o marido dela que é finlandês. Um casal muito simpático, eles moram pertinho da gente, vamos tentar manter contato com eles, pessoas muito boas! Outra pessoa que conversamos também foi com Teea (na foto ela está no centro de vestido preto atrás do cara de boné). Ela é finlandesa, morou em Portugal e sabe falar muito bem português, é bastante sorridente e está indo para Salvador nesse fim de ano. Como ela disse, vai para descansar e tomar sol, enquanto nós estaremos aqui nessa escuridão e nesse frio. Quanta diferença!
Durante a festa ouvimos pagode, axé e de vez em quando rolava um forró. Algumas pessoas sabem que Eu e Lu não suportávamos ouvir nem axé e nem pagode lá em Salvador. Todo fim de semana nós éramos acordados com os últimos "hits" de Salvador. Éramos obrigado a ouvir, o som era muito alto e ficava exatamente embaixo da janela do nosso quarto. Não tinha como não odiar! Tinha dias que a gente precisava fechar todas as janelas de casa e colocar o som da TV no máximo para poder ouvi-la. No entanto, quando a gente ouve aqui na Finlândia esses mesmos tipos de música, é uma sensação muito esquisita, de euforia, de se sentir em casa, de felicidade (acreditem!) e, por que não cantar? Só a distância para nos proporcionar isso!
Chegamos às 15h e saimos às 20h, tínhamos que encontrar Sanna às 21h na frente da Stockmann, ela ia nos levar para a outra festa. Passamos no Kamppi, tomamos um café naqueles copos tipo de seriado americano e depois fomos nos encontrar com ela.

Pegamos o tram e fomos para a nossa segunda festa, no caminho conversamos muito, a conversa com Sanna é sempre boa nem vimos o tempo passar. Saimos do tram e fomos em direção ao lugar, quanto mais chegávamos perto mais ouvíamos um som de tambor. Viramos a esquina e vimos uns rapazes sentados na porta do prédio tocando um instrumento de percussão, não sei o nome, mas era dali que estava saindo o som que ouvíamos antes. Entramos no prédio e a festa estava acontecendo em um salão, tiramos nossos sapatos, pagamos a entrada de €5 cada um e guardamos nossos casacos.
Na festa você poderia comer adivinhem...FEIJOADA! Eu não aguentava mas nem sentir o cheiro, ainda não tinha passado um tempo suficiente para eu sentir saudade do gosto do feijão. Nem eu e nem Lu comemos da feijoada, tomamos uma cerveja e só no final da festa, comemos chocolate com amendoim, muito bom!
Foi uma festa impressionante! Logo quando entramos, vimos a maioria das pessoas sentadas conversando e ao fundo nós ouvíamos uma melodia conhecida, era um CD do Trio Nordestino, cantando músicas antigas de forró. Muitas dessas músicas não são nem conhecidas pela maioria dos brasileiros, mas estavam sendo tocadas para os finlandeses que provavelmente tinham dificuldade de entender a letra mas estavam gostando de ouvir a melodia e isso já bastava para eles dançarem e se divertirem. Ficamos emocionados de ver como a cultura nordestina estava presente em todos os lugares daquela festa, na decoração e na música. Que orgulho!


Decoração da festa


Já estávamos felizes só de ouvir o CD, depois ficamos sabendo por Sanna que naquela noite teria duas bandas, uma que tocaria músicas da época do Tropicalismo e outra que iria tocar músicas de forró. Estávamos encantados! Lu disse em um dos seus momentos de euforia "o paroano iria fazer o maior sucesso aqui!", concordo com ele, iria mesmo!
Essa festa foi organizada pela escola de capoeira que Sanna frequenta, foi muito bom saber que as pessoas que ensinam capoeira por aqui, não se limitam só a ensinar a capoeira e sim, a difundir o que nós temos de mais precioso no Brasil: a nossa cultura. Conhecemos 4 mestres de capoeira, dois do Rio de Janeiro, um da Bahia e outro do Ceará, pessoas bastante simples e orgulhosas de serem brasileiras.
A primeira banda tocou e cantou músicas da época do Tropicalismo, algumas de Caetano Veloso e Gilberto Gil, pelo o que eu me lembre. Cantaram até aquela música "Tropicália", vocês acreditam? Se a gente não tivesse lá, também não acreditaríamos, mas a gente viu e ouviu, então podem acreditar! A cantora dessa banda era a mesma cantora da segunda banda. Ela conhece o Brasil e sabe cantar direitinho as músicas em português com o sotaque finlandês. É claro, que às vezes o som de algumas palavras soava estranho, mas no final tudo dava certo e podem ter certeza, foi muito bom ouvir aquelas músicas com sotaque finlandês!
Depois começou a tocar uma bateria de escola de samba. Estávamos em um lugar bem pequeno o som era ensurdecedor, mas todo mundo gostou, dançou e nem se lembrou que tinha tímpanos! Só eu que estava sentada do lado da bateria, tive que tampar um dos meus ouvidos que começou a doer.
A segunda banda tocou só forró, até Falamansa rolou, foi massa! Dançamos muito e todo mundo dançou também, inclusive Sanna! Sanna arrebentou!


A banda finlandesa


Eu na festa


Lu na festa


Sanna, eu e Lu na festa


Só uma breve explicação, as fotos ficaram escuras porque lá não tinha uma iluminação muito boa e nosso flash não é nenhum holofote. Tentei dá uma melhorada no editor de imagem, não ficou muito bom, mas acho que dá para ter uma idéia.

Desde o início da festa, dava para ver que Lu estava doido para tocar, mas ele só teve coragem de pedir para tocar na banda de forró. Tocou uma zabumba improvisada em algumas músicas e adorou. Não é porque é meu maridão bonito, mas ele fez diferença nas músicas, ele sabe tocar muito bem zabumba. Ouvi em um momento ele dizer "que saudade dos xibungos". Xibungos é uma banda de forró improvisada que ele tocava com alguns amigos nas festas do nosso curso de computação lá na universidade. Que saudade mesmo daquela improvisação, daquelas músicas tocadas sem ensaio e das músicas enroladas, pois Lu não sabia as letras completas. Lembro de Vini tocando violão, às vezes no triângulo e no vocal também, de Charles tocando triângulo, de Sandro no violão, de Itaparica na sanfona e de Lu no vocal e na zabumba. Quantas lembranças boas!


Lu tocando zabumba


Você deve estar pensando mas os finlandeses dançaram essas músicas? Dançaram tudo! Na hora do samba, tinha umas finlandesas que sambavam muito bem mesmo, eu ficava me perguntando "como elas aguentam?", eu sei sambar mas não aguento tanto tempo, meu joelho começa a doer. Elas sambaram sem parar durante a apresentação toda que deve ter demorado uns 50 minutos pareciam que estavam ligadas na tomada. Sem contar nos finlandeses que sambavam também, meio desengonçados mas sambavam, sem preconceitos com o estilo de música (é muito difícil ver isso no Brasil, lá os homens tem muita vergonha). Tinha uns finlandeses que dançavam muito bem forró, não sei onde eles aprenderam, mas estavam dançando direitinho. Outros dançavam que nem uns malucos e fora do compasso, eles estavam gostando e isso era que importava. Lá todos tinham espaço pra dançar do jeito que queriam, ninguém ficava rindo ou apontando com dedo dizendo para a pessoa do lado "Ó pá lá!" (traduzindo do baianês para o português brasileiro: Olha para lá, que maluco!).
Foi uma festa muito divertida, com muitas emoções e lembranças boas, obrigado mais uma vez a Sanna por ter levado a gente para um lugar tão legal! Saimos de lá 2h da madrugada, não tinha mais ônibus e nem tram, então resolvemos pegar um táxi para o centro. Eu e Lu ficamos no Kamppi para tentar pegar um ônibus para nossa casa e Sanna seguiu com o táxi para a casa dela.
Quando chegamos na estação do Kamppi, descobrimos que não sairia mais nenhum ônibus de lá, só a partir das 7h da manhã. Fomos andando até a rua que fica atrás do trabalho de Lu e lá conseguimos pegar um ônibus pra casa. Chegamos em casa muito cansados, mas foi um cansaço muito bom.
No domingo acordamos tarde, estávamos com aquela moleza que, geralmente, sentimos depois de uma noite de festa, só saimos mesmo para o shopping que fica aqui perto de casa. Fomos lá para comer aquele delicioso sanduíche no Hesburger e voltamos para casa pra ver CSI. Eita, vício!

8 comentários:

Anônimo disse...

O primiero dessa vez foi meu!!!!!

Anônimo disse...

Oi Cá, interessante que ontem eu acabei tendo saudades dos musicomp passados, com Oda may, Pã (agora Pretutu), Ximbungos etc. As coisas muitam tanto nãoé mesmo? Até pensei em pedir para organizar o próximo que será o meu ultimo, como estudante do curso (se Deus quizer)!

Vira e mexe eu erro no sal qd invento de cozinha também, mas nada como a prática.

Menina, você consegue conhecer mais gente estando em outro continente do que eu aqui, acho que terei que ir morar aí perto de vocês :-)

Beijos

Anônimo disse...

Rapaz... tive uma premonição: Musicomp na Nokia. Dá essa idéia pra Djonie aí.
E viva as festas!!!!

beijossssssssssssss

:-)

Teea disse...

Parece que a outra festa também foi bem legal! Acho que é privilegio de pouca gente aqui ;) Coisas que tem de conhecer para encontrar, pois eu também não sabia nada dessa festa. Por isso a Sanna é para guardar mesmo, né?
Não conheço Jerimum... Fui a Imbassaí apenas uma vez, passei uma tarde lá, mais nada. Vamos ver se volto para conhecer este mes ainda.
Pode me mandar a foto de toda a galera (da primeira festa) que colocou no seu blog? Se encontra meu e-mail no orkut.
Beijos, até mais

Anônimo disse...

só no forró, né? vi o filme e achei massa. sotaque engraçado, mas deve ser igualmente engraçado pra eles se vc tentar algum dia cantar em finlandês.

destá que quando eu for aí visitá-los com meu par, desbancaremos a dupla suomalainen de forró Lu&Cá.

sábado agora tem forró da lua em S. José do Mipibu/RN (30km de Natal), a melhor festa do universo. espero um dia poder levá-los a esta festa.

'é hoje que eu só chego amanhã, vou tomar muita cachaça, no forró de amazã' :)

Beijos
PS: sobre musicomp na nokia, Vinilsu é mto criativo. hehehe, tomara que role mesmo. Vai ser muito massa se Joni conseguir fazer isto na empresa. Lembro que na sysdesign qndo eu estagiava tinha uns eventos de integração, futebol e barzinho...

Anônimo disse...

Hei Karool (veja que ja estou escrevendo em Finlandes! :-))

Muito bom saber noticias de voces.Aqui em Montreal tambem ta frio pra dedeu (-10), mas felizmente temos mais sol.
Parece que a vida ta legal por ai, ne? festas, experiencias culinarias, aventuras, passeios ... Aproveite!
E continue escrevendo, ok?
Beijos
Claudia
PS: depois te mando umas receitas pra voce testar.

Anônimo disse...

Oi!!!!!

Mais um post legal, adorei, Cá!

A idéia do festival de música na Nokia é muito boa, Vinnie! Imagine se o povo de lá não se contamina pela música brasileira? ;-)

Ler este post fez-me sentir saudades. Deve ser pela temporada de final de ano, o que significa 1 ano sem ir para Salvador. Deve ser pelo sentimento de bela temporada na UFBA, com todos esses amigos, agora, polarizados. Deve ser pelo sacrifício de rotina neste ano de 2006...

Ei, estou começando a ficar triste?

Resposta: não.

Estou é contente em lê-los todos. E de sabê-los bem. Até Cláudia escreveu nesta seção de comentários! Aliás: Cláudia, quando escrever para Cá, mande esse seu rol receitas para mim, por favor!

Ah, Cá, mandarei aquela super receita de moqueca de Charles, ok? Acho que Charlinho vai rir quando ler isso...

Bem, gente, mais uma semana se inicia. Estejamos em paz.

Beijão e cuidem-se (inclusive os comentaristas deste sítio!).

É isso,
Wagner.
(Brasil, SC, Florianópolis, 11.12.2006, 08h50 - horário brasileiro de verão).

Anônimo disse...

Oi ca,

Mais uma vez amei o post! :)

Sobre o café, eu sempre me perguntei se era verdade.. acho exagero esse copão de café!! rsrs

Vem cá, era pagode, pagodão da bahia mesmo? Psirico e cia? Tem tanta música brasileira que preste e vão tocar logo isso? rsrsrs

Fiquei impressionada com a quantidade de brasileiros que vocês tiveram contatos nesses dias! Não imaginava essa possibilidade de ter uma comunidade de brasileiros aí. Achei bem legal isso, principalmente pois assim vocês relembram e matam as saudades daqui.

Achei super interesssante a segunda festa que voce foi. Ela sempre acontece? O interessante é que não foi feita pela comunidade brasileira (ou estou enganada?) e tive a sensação que o pessoal gosta muito do Brasil aí.

Adorei ver Lu tocando a zabumba!!! Imagino a sensção que ele teve na hora :)

Amei o post!!!

Beijos com saudades,
Carlinha